28 de fevereiro de 2022

Dica de Leitura: EDGAR ALLAN POE - Medo Clรกssico vol. 1

ร‰ meia-noite. As asas de um corvo se misturam ร  escuridรฃo. A velha casa em ruรญnas observa com janelas que pareciam olhos. Vocรช jura ouvir a voz de alguรฉm que jรก partiu para o outro lado, bem na hora em que um gato preto cruza seu caminho.Tudo o que hoje conhecemos como terror comeรงou a ganhar forma na obra de Edgar Allan Poe. 

Genial e maldito, Poe รฉ considerado o mestre dos mestres da literatura fantรกstica. Stephen King, Clive Barker ou H.P. Lovecraft sรฃo apenas alguns de seus discรญpulos mais sombrios. Porรฉm, com certeza nรฃo sรฃo os รบnicos. Desde o sรฉculo XIX, o criador de “O Corvo” vem influenciando geraรงรตes de escritores consagrados, dos mais diversos gรชneros, como Henry James, Franz Kafka, Arthur Conan Doyle, Jรบlio Verne, Vladimir Nabokov, Oscar Wilde e Jorge Luis Borges.Mais de duzentos anos apรณs seu nascimento, Poe continua atual. Sua obra se mantรฉm em catรกlogo por todos os continentes, nos mais diversos idiomas, e รฉ tema comum em teses de mestrado. Do mundo acadรชmico para a cultura pop, de tempos em tempos as histรณrias fantรกsticas do autor ganham novas adaptaรงรตes no cinema, na TV, na literatura. 

De Iron Maiden a Green Day e Os Simpsons; de Vincent Price a Tim Burton; nos quadrinhos de Neil Gaiman ou nas sรฉries The Following e na brasileira Edgar.Onde vocรช procurar, existe o toque do gรชnio. E agora chegou a sua vez de reencontrar ― ou mesmo conhecer ― a obra original em toda a sua grandeza. Os contos que mudaram os rumos da literatura ocidental. Os personagens eternos. A prosa e a poesia escritas ร  pena, manchadas de sangue. Finalmente, uma ediรงรฃo nacional ร  altura do mestre. 

A morte, narradores homicidas, mulheres imortais, aventuras, as histรณrias do detetive Auguste Dupin, personagem que serviu de inspiraรงรฃo para Sherlock Holmes.

Apresenta ainda “O Corvo” na sua versรฃo original, em inglรชs, alรฉm de reunir suas mais importantes traduรงรตes para o portuguรชs: a de Machado de Assis (1883) e a de Fernando Pessoa (1924).

Estrelas: 5/5 ⭐⭐⭐⭐⭐ Editora: ‎Darkside 1ยช ediรงรฃo (2 fevereiro 2017) Idioma: ‎Portuguรชs  Capa dura ‏384 pรกginas

Dica de Leitura: As Flores do Mal

O poeta e crรญtico francรชs Charles Baudelaire marcou as รบltimas dรฉcadas do sรฉculo XIX, influenciando a poesia internacional de tendรชncia simbolista. 

De sua maneira de ser, originaram-se na Franรงa os poetas “malditos”. Baudelaire inventou uma nova estratรฉgia de linguagem, incorporando a matรฉria da realidade grotesca ร  linguagem sublimada do Romantismo, dando base para a criaรงรฃo da poesia moderna. 

As flores do mal รฉ sua obra-prima, cujos poemas datam de 1841. Julgado imoral em sua รฉpoca, o livro levantou polรชmica e despertou hostilidades na imprensa. Baudelaire e seu editor foram processados e, alรฉm de pagar multa, tiveram de reimprimir a obra excluindo poemas da primeira ediรงรฃo. Nesta ediรงรฃo, disponibilizamos para o leitor brasileiro a versรฃo completa de As flores do mal, com os poemas censurados e os incluรญdos posteriormente. 

Editora : ‎ Martin Claret 1ยช ediรงรฃo (1 marรงo 2011) Idioma: Portuguรชs Capa comum ‏ 256 pรกginas

Dica de Leitura: E o Vento Levou

A maior histรณria de amor do sรฉculo XX, que deu origem ao premiado filme com Vivien Leigh e Clark Gable. Ano de 1861. O sul dos Estados Unidos estรก prestes a ingressar na sangrenta Guerra Civil norte-americana. 

Na fazenda Tara, na Geรณrgia, a bela jovem impetuosa e mimada Scarlett O’Hara transforma-se em mulher prรกtica e disposta a tudo para conquistar o que deseja. Frustrada por nรฃo conseguir se casar com Ashley Wilkes, Scarlett acaba se envolvendo com o aventureiro Rhett Butler, com quem viverรก uma das histรณrias de amor mais cรฉlebres e conturbadas da literatura. 

A guerra รฉ intensa e o cerco dos ianques, incisivo, levando a fazenda a uma situaรงรฃo desastrosa de fome e desespero.Margaret Mitchell descreve de maneira impressionante a Guerra Civil norte-americana e retrata as grandes mudanรงas que pavimentaram a histรณria dos Estados Unidos.

E o vento levou รฉ uma das obras mais notรกveis da literatura norte-americana. Publicado originalmente em 1936, o romance ganhou o Prรชmio Pulitzer no ano seguinte. Os dois volumes retratam uma das histรณrias de amor mais famosas da literatura mundial, um clรกssico imortalizado no cinema por Vivien Leigh e Clark Gable, ganhador de 10 Oscars.

Editora: ‎ Record 5ยช ediรงรฃo (22 marรงo 2012) Idioma: ‎Portuguรชs Capa comum ‏952 pรกginas

27 de fevereiro de 2022

Dica de Leitura: Nasce o Gigante da Colina

A saga de um time que revolucionou o futebol brasileiro, principalmente na luta contra o racismo e a discriminaรงรฃo social. Assim pode ser definido o livro Nasce o Gigante da Colina, que narra a histรณria do Vasco da Gama, a partir do tรญtulo carioca conquistado em 1923. Eram tempos em que o futebol ainda era por demais embranquecido e os jogadores negros tinham poucas oportunidades nos clubes de elite. 
Foi quando o Vasco montou uma equipe basicamente de negros, pobres e mulatos, sendo campeรฃo da segunda divisรฃo e em seguida tambรฉm da primeira divisรฃo. Foi um assombro na รฉpoca, havendo muita resistรชncia por parte dos demais clubes. Mas, logo o Vasco mostraria a sua vocaรงรฃo para ser grande, construindo, em 1927, o estรกdio Sรฃo Januรกrio, o maior do Brasil atรฉ entรฃo, e dando inรญcio ร  trajetรณria do Gigante da Colina.
Estrelas: 5/5 ⭐⭐⭐⭐⭐Editora: ‎Maquinรกria 1ยช ediรงรฃo (1 janeiro 2014) Idioma: ‎Portuguรชs Capa comum ‎ 128 pรกginas


Dica de Leitura: Torto Arado

Nas profundezas do sertรฃo baiano, as irmรฃs Bibiana e Belonรญsia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avรณ. Ocorre entรฃo um acidente. 
E para sempre suas vidas estarรฃo ligadas ― a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma histรณria de vida e morte, de combate e redenรงรฃo.
Editora: ‎Todavia 1ยช ediรงรฃo (7 agosto 2019) Idioma: ‎ Portuguรชs Capa comum  ‎ 264 pรกginas
Sobre o Autor:
Itamar Vieira Junior nasceu em Salvador, em 1979. ร‰ geรณgrafo e doutor em estudos รฉtnicos e africanos pela ufba, e autor de Dias e A oraรงรฃo do carrasco.

Dica de Leitura: Escravidรฃo Vol.1

Maior territรณrio escravista do hemisfรฉrio ocidental, o Brasil recebeu cerca de 5 milhรตes de cativos africanos, 40% do total de 12,5 milhรตes embarcados para a Amรฉrica ao longo de trรชs sรฉculos e meio. Como resultado, o paรญs tem hoje a maior populaรงรฃo negra do planeta, com exceรงรฃo apenas da Nigรฉria. 

Foi tambรฉm, entre os paรญses do Novo Mundo, o que mais tempo resistiu a acabar com o trรกfico de pessoas e o รบltimo a abolir o cativeiro, por meio da Lei รurea de 1888 ― quatro anos depois de Porto Rico e dois depois de Cuba. Nenhum outro assunto รฉ tรฃo importante e tรฃo definidor da nossa identidade nacional quanto a escravidรฃo. 

Conhecรช-lo ajuda a explicar o que fomos no passado, o que somos hoje e tambรฉm o que seremos daqui para a frente. Em um texto impactante e rigorosamente documentado, Laurentino Gomes lanรงa o primeiro volume de sua nova trilogia, resultado de 6 anos de pesquisas, que incluรญram viagens por 12 paรญses e 3 continentes.

Estrelas: 5/5 ⭐⭐⭐⭐⭐ / Editora: ‎Globo Livros / 1ยช ediรงรฃo (23 agosto 2019)  / Idioma: ‎Portuguรชs  / Capa comum 504 pรกginas
Sobre o Autor:
Laurentino Gomes, paranaense de Maringรก e seis vezes ganhador do Prรชmio Jabuti de Literatura, Laurentino Gomes รฉ autor de 1808, obra sobre a fuga da corte portuguesa de dom Joรฃo para o Rio de Janeiro (eleito o Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras); 1822, sobre a Independรชncia do Brasil; e 1889, sobre a Proclamaรงรฃo da Repรบblica; alรฉm de O caminho do peregrino, em coautoria com Osmar Ludovico da Silva — todos publicados pela Globo Livros. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paranรก, com pรณs-graduaรงรฃo pela Universidade de Sรฃo Paulo, รฉ titular da cadeira de nรบmero 18 da Academia Paranaense de Letras.

Dica de Leitura: Minha Histรณria

Com uma vida repleta de realizaรงรตes significativas, Michelle Obama se consolidou como uma das mulheres mais icรดnicas e cativantes de nosso tempo. Como primeira-dama dos Estados Unidos — a primeira afro-americana a ocupar essa posiรงรฃo —, ela ajudou a criar a mais acolhedora e inclusiva Casa Branca da histรณria. 

Ao mesmo tempo, se posicionou como uma poderosa porta-voz das mulheres e meninas nos Estados Unidos e ao redor do mundo, mudando drasticamente a forma como as famรญlias levam suas vidas em busca de um modelo mais saudรกvel e ativo, e se posicionando ao lado de seu marido durante os anos em que Obama presidiu os Estados Unidos em alguns dos momentos mais angustiantes da histรณria do paรญs. Ao longo do caminho, ela nos ensinou alguns passos de danรงa, arrasou no Carpool Karaoke e criou duas filhas responsรกveis e centradas, apesar do impiedoso olhar da mรญdia.

Em suas memรณrias, um trabalho de profunda reflexรฃo e com uma narrativa envolvente, Michelle Obama convida os leitores a conhecer seu mundo, recontando as experiรชncias que a moldaram — da infรขncia na regiรฃo de South Side, em Chicago, e os seus anos como executiva tentando equilibrar as demandas da maternidade e do trabalho, ao perรญodo em que passou no endereรงo mais famoso do mundo. 

Com honestidade e uma inteligรชncia aguรงada, ela descreve seus triunfos e suas decepรงรตes, tanto pรบblicas quanto privadas, e conta toda a sua histรณria, conforme a viveu — em suas prรณprias palavras e em seus prรณprios termos. Reconfortante, sรกbio e revelador, Minha histรณria traz um relato รญntimo e singular, de uma mulher com alma e consistรชncia que desafiou constantemente as expectativas — e cuja histรณria nos inspira a fazer o mesmo.
Estrelas: 4/5⭐⭐⭐⭐Editora: ‎ Objetiva 1ยช ediรงรฃo (13 novembro 2018) Idioma: ‎ Portuguรชs Capa comum 464 pรกginas

14 de fevereiro de 2022

Isaac Asimov - Saga Fundaรงรฃo

Fundaรงรฃo รฉ uma obra de ficรงรฃo cientรญfica escrita por Isaac Asimov que descreve em detalhes a histรณria de um futuro distante e de como o destino de seus habitantes รฉ influenciado por uma instituiรงรฃo chamada Fundaรงรฃo Enciclopรฉdica.Ao escrever em forma de uma saga cientรญfica e enfatizar a procura da sabedoria, o objetivo de Asimov no primeiro livro da sรฉrie era descrever em detalhes a queda de um Impรฉrio Galรกtico - o qual, segundo a maioria dos crรญticos de sua obra, nรฃo รฉ nada alรฉm do mundo em que ele viveu, um mundo cheio de contradiรงรตes – e o surgimento de um mundo cientรญfico, orientado pela verdade, sem subterfรบgios ou "golpes baixos". Asimov tomou como inspiraรงรฃo a queda do Impรฉrio Romano.

O personagem central da sรฉrie chama-se Hari Seldon, que, embora sรณ apareรงa pessoalmente em trรชs dos livros, influencia toda as obras da sรฉrie atravรฉs da Ciรชncia que desenvolveu: a Psico-histรณria, com a Informรกtica e o Computador.

A Psico-histรณria seria um misto de sociologia e matemรกtica. Aplicando fรณrmulas matemรกticas a acontecimentos de seu presente, Seldon conseguia calcular acontecimentos futuros e assim permitir ou tentar evitar que viessem a se confirmar.

As previsรตes feitas por Seldon eram todas baseadas em estatรญsticas e probabilidades. A Psico-histรณria usava desses elementos matemรกticos aplicados ร s massas. Funcionava apenas para sociedades inteiras. Para uma elaboraรงรฃo matemรกtica precisa, era necessรกrio que fosse feita a avaliaรงรฃo sociolรณgica, cultural e econรดmica de sociedades com muitos milhรตes, ou bilhรตes de indivรญduos. Era totalmente ineficaz a tentativa de aplicar a Psico-histรณria a indivรญduos, porque o indivรญduo รฉ imprevisรญvel.

Os seguintes livros formam a sรฉrie de Fundaรงรฃo, em ordem cronolรณgica:

  • Prelรบdio ร  Fundaรงรฃo
  • Origens da Fundaรงรฃo 
  • Fundaรงรฃo
  • Fundaรงรฃo e Impรฉrio
  • Segunda Fundaรงรฃo
  • Limites da Fundaรงรฃo 
  • Fundaรงรฃo e Terra

Publicaรงรฃo

Fundaรงรฃo era originalmente uma sรฉrie de oito pequenas histรณrias publicadas na Astounding Magazine entre Maio de 1942 e Janeiro de 1950. De acordo com Asimov, a premissa foi baseada em ideias colocadas pelo livro de Edward Gibbon, "Histรณria do Declรญnio e Queda do Impรฉrio Romano", e foi inventada espontaneamente no caminho para um encontro com o editor John W. Campbell, com quem ele desenvolveu o conceito.

Trilogia original

As primeiras quatro histรณrias foram reunidas, junto a uma outra histรณria tomando lugar antes das outras, em um volume รบnico publicado pela Gnome Press nos Estados Unidos em 1951 como Fundaรงรฃo. O resto das histรณrias foi publicado em pares pela Gnome como Fundaรงรฃo e Impรฉrio (1952) e Segunda Fundaรงรฃo (1953), resultando na "Trilogia da Fundaรงรฃo", como a sรฉrie ficou conhecida por dรฉcadas.

Continuaรงรตes

Em 1981, apรณs a sรฉrie ter sido considerada um dos trabalhos mais importantes da ficรงรฃo cientรญfica moderna, Asimov foi convencido por seus leitores a escrever um quarto livro, que se tornou Limites da Fundaรงรฃo (1982).

Quatro anos depois, Asimov continuou com outra sequรชncia, Fundaรงรฃo e Terra (1986), que mais tarde foi acompanhada por dois livros cronologicamente anteriores ร  trilogia, Prelรบdio para Fundaรงรฃo (1988) e Origens da Fundaรงรฃo (1993). Durante o hiato entre escrever as sequรชncias, Asimov interligou na sua sรฉrie vรกrios outros trabalhos, criando um universo ficcional unificado. Um elo bรกsico รฉ mencionado pela primeira vez em Limites da Fundaรงรฃo: uma histรณria obscura a respeito de uma primeira onda de colonizaรงรฃo com robรดs e mais tarde uma segunda sem eles.

Enredo

Prelรบdio ร  Fundaรงรฃo

Prelรบdio para Fundaรงรฃo comeรงa em Trantor, o planeta capital do Impรฉrio Galรกctico, no dia apรณs o discurso do matemรกtico Hari Seldon em uma conferรชncia. Vรกrios partidos se tornaram conscientes do conteรบdo de seu discurso e artigo, a respeito do uso de tรฉcnicas matemรกticas que tornariam possรญvel uma prediรงรฃo do futuro da histรณria humana, a ciรชncia conhecida como psicohistรณria. Seldon รฉ convocado pelo Imperador, onde admite que a tรฉcnica nรฃo passa de uma mera possibilidade teรณrica. A despeito disso, o Impรฉrio pretende lhe forรงar a exรญlio, onde trabalharia em constante vigilรขncia para estarem sempre cientes do desenvolvimento de sua ciรชncia. Durante o enredo, Seldon e Dors Venabili, uma companhia feminina, sรฃo levados de um lado para o outro por um ajudante, Chetter Hummin, que tenta mantรช-los longe das garras do Imperador para o desenvolvimento saudรกvel da psicohistรณria.

Durante as aventuras por Trantor, Seldon continuamente nega a praticidade da psicohistรณria. Argumenta que mesmo que fosse possรญvel, levaria dรฉcadas para ser desenvolvida. Hummin, no entanto, estรก convencido de que Seldon sabe de alguma coisa e, como resultado, continua a pressionรก-lo para que trabalhe em um ponto inicial para o desenvolvimento da ciรชncia.

Apรณs viagens e introduรงรตes a diversas culturas em Trantor, Seldon percebe que usando a Galรกxia inteira como um modelo de inรญcio รฉ uma tarefa muito complicada, e decide portanto em utilizar Trantor como seu modelo, devido a sua complexidade e variedade cultural que serviria como modelo representativo de todo o Impรฉrio. Comeรงa portanto a trabalhar na ciรชncia, com o objetivo de usรก-la para impedir o declรญnio e queda da civilizaรงรฃo humana.

Origens da Fundaรงรฃo

Oito anos apรณs os eventos de Prelรบdio, Seldon jรก conseguiu desenvolver alguns pontos da ciรชncia psicohistรณrica e estรก gradativamente aplicando-a em escala galรกctica. Sua notabilidade e fama aumentam com os anos, culminando com sua promoรงรฃo a Primeiro Ministro do Imperador. Conforme o livro progride, Seldon, atravรฉs de vรกrias tramas polรญticas, problemas com o Impรฉrio e seus governos e partidos dissidentes, perde aqueles mais prรณximos a ele, incluindo sua prรณpria ele, Dors Venabili. Sua saรบde deteriora-se com a idade avanรงada. Tendo trabalhado sua vida inteira para entender a psicohistรณrica, ele instrui sua neta, Wanda, que possui o toque mental, ร  criaรงรฃo da Segunda Fundaรงรฃo.

Fundaรงรฃo

Chamado para responder a julgamento em Trantor por acusaรงรตes de traiรงรฃo -- por prever a queda do Impรฉrio Galรกctico -- Seldon explica que a sua ciรชncia de psicohistรณria pode ver vรกrias alternativas, todas que terminam com a eventual queda do Impรฉrio. Se a humanidade seguir naturalmente este caminho, o governo cairia e trinta mil anos de conflitos iriam afligir a espรฉcie humana antes da criaรงรฃo de um Segundo Impรฉrio. Entretanto, um caminho alternativo diminuiria este perรญodo de hiato em apenas mil, se Seldon fosse permitido a reunir as pessoas mais inteligentes do planeta e criar um compรชndio de todo o conhecimento humano, a Enciclopรฉdia Galรกctica. A banca permite a reuniรฃo de Seldon, com a condiรงรฃo de que eles fossem exilados para o longรญnquo planeta de Terminus. Seldon concorda e reรบne sua coleรงรฃo de Enciclopedistas, e cria as duas Fundaรงรตes em "extremos opostos" da Galรกxia.

Em Terminus, os seus habitantes enfrentam calamidades. Quatro planetas recรฉm declarados independentes estรฃo ao seu redor, e os Enciclopedistas nรฃo tem defesas alรฉm de sua prรณpria inteligรชncia. O Prefeito da Cidade de Terminus, Salvor Hardin, propรตe jogar os planetas uns contra os outros. O seu plano รฉ um sucesso, e a Fundaรงรฃo se mantรฉm intocada. Hardin รฉ promovido e declarado Prefeito de toda Terminus. Enquanto isso, as mentes da Fundaรงรฃo continuam a desenvolver tecnologias novas e melhores do que as contrapartes imperiais. Usando sua vantagem cientรญfica, Terminus desenvolve rotas de comรฉrcio com os planetas prรณximos, eventualmente os conquistando quando sua tecnologia se transforma em uma comodidade essencial para a manutenรงรฃo de suas vidas. Comerciantes interplanetรกrios, mercadores, eventualmente se tornam os novos diplomatas em outros planetas. Um dos mercadores, Hober Mallow, torna-se poderoso o suficiente para desafiar e ganhar o governo, tornando-se Prefeito da Fundaรงรฃo. Cortando suprimentos de outros planetas de uma regiรฃo, consegue ganhar cada vez mais mundos para o alcance fundacional.

Fundaรงรฃo e Impรฉrio

O Imperador atual percebe a Fundaรงรฃo como uma ameaรงa crescente e ordena que seja atacada, utilizando a ainda grande tropa imperial. Entretanto, convencido depois que seu poder seria mais vulnerรกvel do que o de seu general caso ele obtivesse sucesso (uma possรญvel analogia com o Impรฉrio Romano), o imperador acaba por remover sua tropa do ataque. Apesar de sua inferioridade militar a Fundaรงรฃo emerge portanto como a vitoriosa, e o prรณprio Impรฉrio รฉ derrotado.

Enquanto isso um estrangeiro desconhecido conhecido apenas como "O Mulo" comeรงa a conquistar planetas pertencentes ร  Fundaรงรฃo em ritmo veloz. Torna-se conhecido que o Mulo รฉ, na verdade, um mutante que mantรฉm uma habilidade de alterar psiquicamente as emoรงรตes daqueles com quem entra em contato. Usando este poder para sua vantagem, o Mulo conquista planetas apenas visitando-os com seu prรณprio exรฉrcito, deixando os habitantes com medo, e mais tarde lealdade para com ele. Quando a Fundaรงรฃo percebe que o Mulo nรฃo foi previsto pelo plano psicohistรณrico de Hari Seldon, e que nรฃo hรก um modo planejado de derrotรก-lo, Torรฃ e Bayta Darell, acompanhados por Ebling Mis -- o maior psicรณlogo atual da Galรกxia -- e um palhaรงo chamado Magnรญfico (que eles concordam em proteger, como a sua vida estรก sob a ameaรงa do prรณprio Mulo), saem para descobrir a localizaรงรฃo da Segunda Fundaรงรฃo, que poderia trazer o fim ao reinado do Mulo.

Trabalhando na ainda funcional Biblioteca Galรกctica de Trantor, Mis descobre a localizaรงรฃo da Segunda Fundaรงรฃo. Entretanto, descobrindo que o Mulo tambรฉm estรก tentando descobrir esta localizaรงรฃo, Bayta mata Mis antes que ele possa revelar a localizaรงรฃo da Segunda Fundaรงรฃo. Bayta entรฃo explica que ela se arrepende de suas aรงรตes, mas o segredo deveria ser mantido longe do Mulo a qualquer custo. Descobre-se entรฃo que o palhaรงo Magnรญfico na verdade รฉ o Mulo, confirmando as suspeitas de Bayta, e que ele estava de fato buscando o controle da Segunda Fundaรงรฃo assim como jรก mantinha o da primeira. Ele entรฃo deixa Trantor para governar os seus planetas conquistados enquanto continua a sua prรณpria busca.

Segunda Fundaรงรฃo

Conforme o Mulo chega perto de descobri-la, a Segunda Fundaรงรฃo sai brevemente de seu esconderijo para encarar a ameaรงa diretamente. ร‰ revelado que a Segunda Fundaรงรฃo รฉ uma coleรงรฃo dos seres humanos mais inteligentes da galรกxia. Enquanto a primeira Fundaรงรฃo desenvolveu-se com base nas ciรชncias fรญsicas, a Segunda Fundaรงรฃo vinha desenvolvendo as ciรชncias mentais. Usando o poder de suas fortes mentes, a Segunda Fundaรงรฃo eventualmente derrota o Mulo. Sua atitude destrutiva รฉ ajustada para uma benevolente. Ele retorna para governar o seu reino pacificamente pelo resto de sua vida, com nenhum pensamento subsequene de derrotar a Segunda Fundaรงรฃo.

A Primeira Fundaรงรฃo, entendendo as implicaรงรตes de uma Segunda que serรก a real herdeira do futuro Impรฉrio prometido por Seldon, ressente-a fortemente e busca destruรญ-la, acreditando que podem sobreviver sem ela. Apรณs algumas tentativas para decifrar a รบnica pista que Seldon deu a respeito de sua localizaรงรฃo ("no outro extremo da Galรกxia"), a Fundaรงรฃo รฉ levada a acreditar por saltos de lรณgica que a Segunda Fundaรงรฃo รฉ localizada em Terminus. Desenvolvendo uma tecnologia que causa grande dor a telepatas, a Fundaรงรฃo descobre um grupo de aproximadamente cinquenta segundo-fundacionistas e os executa, acreditando que tinham vencido. Apesar de tudo, a Segunda Fundaรงรฃo havia planejado esta eventualidade e mandado cinquenta de seus membros para suas mortes como mรกrtires em ordem de reconquistar sua anonimidade.

Limites da Fundaรงรฃo (Fundaรงรฃo II)

Ao contrรกrio dos anteriores, Limites da Fundaรงรฃo nรฃo se trata de uma sรฉrie de histรณrias, mas uma รบnica.

Aos quinhentos anos da Fundaรงรฃo, Golan Trevize, um conselheiro de Terminus, cai em desgraรงa e รฉ exilado pela Prefeita. ร‰ exilado por um suposto discurso subversivo de acreditar ainda na existรชncia e sobrevivรชncia da Segunda Fundaรงรฃo. Dรฃo-lhe uma nave e uma missรฃo: procurar pela tal Segunda Fundaรงรฃo, sรณ podendo voltar caso a encontrasse. Como disfarce, leva um historiador, Janov Pelorat, obcecado pela procura do planeta original da humanidade, a Terra, que desde o final do impรฉrio nรฃo se sabe a localizaรงรฃo. Oficialmente, Trevize e Pelorat saem ร  procura da Terra, e no seu caminho passam em muitos planetas, inclusive Trantor e Comporellon.

Ao mesmo tempo, รฉ contada a histรณria de Stor Gendibal, um membro proeminente da Segunda Fundaรงรฃo, que descobre uma nativa do planeta que sofreu uma pequena alteraรงรฃo mental. A alteraรงรฃo em sua mente รฉ mais delicada do que qualquer toque possรญvel pela Segunda Fundaรงรฃo, de forma que se cria a suspeita que algum tipo de mentรกlicos mais poderosos estรก agindo atravรฉs da galรกxia. Suspeitando das aรงรตes tomadas por Trevize atรฉ entรฃo, รฉ enviado si mesmo em uma missรฃo de observar suas aรงรตes, em busca de encontrar seja lรก que forรงa superior estรก interferindo com mentes na galรกxia.

Trevize e Pelorat acabam encontrando Gaia, o planeta vivo, onde todos os seres vivos e atรฉ os inanimados compartilham uma consciรชncia, com poderes suficientes para alterar a mente de qualquer ser humano. No clรญmax do livro, Trevize, encurralado pela Prefeita da Fundaรงรฃo e Gendibal, รฉ chamado a escolher entre a Fundaรงรฃo, a Segunda Fundaรงรฃo e Gaia, como modelos para o futuro da humanidade.

Fundaรงรฃo e Terra

Ainda incerto sobre a decisรฃo que tomou, Trevize continua por sua busca ร  Terra com Pelorat e uma habitante de Gaia, acreditando que encontrarรก no planeta de origem a resposta que buscava. Eventualmente eles acham uma lista de planetas que poderiam se tratar do planeta lendรกrio, e descobrem Aurora, Solaria e Melpomenia, planetas fora dos mapas, mas nรฃo encontra a resposta para seus dilemas em nenhum deles.

Aurora e Melpomenia estavam desertos hรก muito tempo, mas Solaria contรฉm uma pequena populaรงรฃo extremamente avanรงada na รกrea de mentรกlica. Quando sua vida รฉ ameaรงada, Bliss -- a mulher de Gaia -- usa suas habilidades para destruir um solariano prestes a matรก-los. Descobrindo que ele havia deixado para trรกs uma crianรงa pequena que seria exterminada caso deixada sozinha, Bliss convence os outros a levรก-la consigo.

Eventualmente Trevize descobre a Terra mas, de novo, nรฃo hรก nenhuma satisfaรงรฃo para seu dilema. Apesar disso, Trevize percebe que a resposta pode nรฃo estar na Terra, mas em seu satรฉlite: a Lua. Ao chegar no astro, eles sรฃo recebidos em seu nรบcleo por um robรด conhecido como R. Daneel Olivaw. Olivaw explica que ele vem guiando a histรณria humana por milhares de anos, e que esta รฉ a razรฃo que o plano de Seldon vem mantendo-se em curso, apesar das intervenรงรตes feitas pelo Mulo. Olivaw tambรฉm afirma que ele estรก no fim de sua vida e que, apesar de ter reposto suas partes e seu cรฉrebro cada vez mais complexo -- que contรฉm vinte mil anos de memรณrias -- ele estรก para morrer brevemente. Tambรฉm explica que nenhum cรฉrebro robรณtico desenvolvido รฉ complexo o bastante para substituir o seu atual e que para continuar guiando os passos da humanidade -- que pode acabar sob ataque de outros seres de alรฉm da galรกxia -- ele precisa fundir sua mente com a de um intelecto orgรขnico.

Mais uma vez, Trevize รฉ colocado na escolha de deixar Olivaw fundir seu cรฉrebro com o da mente superior da crianรงa solariana, e se isso seria o melhor para o bem estar da Galรกxia;

Personagens

  • Hari Seldon
  • Salvor Hardin
  • Hober Malow
  • Bel Riose
  • Cleon II
  • Lathan Devers
  • Mulo
  • Ebling Mis
  • Bayta Darell
  • Han Pritcher
  • Toran
  • Bail Channis
  • Arcรกdia Darell
  • Pelleas Anthor
  • Dr. Toran Darell
  • Lorde Stettin
  • Homir Munn
  • Preem Palver
Editora Aleph1ยช ediรงรฃo (30 setembro 2021) Idioma: ‎ Portuguรชs Capa comum ‏2880 pรกginas
BOX COM A Sร‰RIE COMPLETA: AMAZON

7 de fevereiro de 2022

Escolas Literรกrias

la lectrice ("A leitora"), รณleo de Jean-Honorรฉ Fragonard, 1770–1772.

Escola literรกria ou movimento literรกrio รฉ o conjunto de todos os acontecimentos histรณricos envolvendo a literatura desde a invenรงรฃo da escrita atรฉ os dias atuais.

Os movimentos influentes no Brasil e em Portugal podem ser divididos da seguinte forma: Trovadorismo, Humanismo, Classicismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Prรฉ-Modernismo, Modernismo e Tendรชncias Contemporรขneas (Pรณs Modernismo)

Trovadorismo

Para compreender qualquer movimento histรณrico, como o trovadorismo, รฉ preciso primeiro se situar historicamente. O trovadorismo, รฉ tambรฉm conhecido como Primeira ร‰poca Medieval e รฉ o primeiro movimento literรกrio da lรญngua portuguesa. Seu surgimento ocorreu no mesmo perรญodo em que Portugal comeรงou a despontar como naรงรฃo independente, no sรฉculo XII; porรฉm, as suas origens deram-se na Occitรขnia, de onde se espalhou por praticamente toda a Europa. Sรฃo admitidas pelo menos quatro teses fundamentais para explicar a origem do trovadorismo: a tese arรกbica, que considera a cultura arรกbica como sua velha raiz; a tese folclรณrica, que a julga criada pelo prรณprio povo; a tese mรฉdio-latinista, segundo a qual essa poesia teria origem na literatura latina produzida durante a Idade Mรฉdia; e, por fim, a tese litรบrgica, que a considera fruto da poesia litรบrgico-cristรฃ elaborada na mesma รฉpoca. Entretanto, nenhuma das teses citadas รฉ suficiente sozinha, deixando a posiรงรฃo de aceitรก-las conjuntamente, a fim de melhor compreender os aspectos constantes dessa poesia.

Cantiga de amor

O cavalheiro se dirige ร  mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posiรงรฃo de fiel vassalo, se pรตe a serviรงo de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossรญvel. Mas nunca consegue conquistรก-la, porque tem medo e tambรฉm porque ela rejeita sua canรงรฃo.

Neste tipo de cantiga, originรกria de Provenรงa, no sul de Franรงa, o eu-lรญrico รฉ masculino e sofredor. Sua amada รฉ chamada de senhor (as palavras terminadas em or como senhor ou pastor, em galego-portuguรชs nรฃo tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condiรงรฃo hierรกrquica. Ele canta a dor de amar e estรก sempre acometido da "coita", palavra frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". ร‰ ร  sua amada que se submete e "presta serviรงo", por isso espera benefรญcio (referido como o bem nas trovas).ร‰ importante lembrar a obliviedade da amada, que desconhece do sentimento do eu lรญrico.

Essa relaรงรฃo amorosa vertical รฉ chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz as relaรงรตes dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua estrutura รฉ mais sofisticada.

Sรฃo tipos de Cantiga de Amor:

  • Cantiga de Mestria: รฉ o tipo mais difรญcil de cantiga de amor. Nรฃo apresenta refrรฃo, nem estribilho, nem repetiรงรตes.
  • Cantiga de Tense ou Tensรฃo: diรกlogo entre cavaleiros em tom de desafio. Gira em torno da mesma mulher.
  • Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou por uma pastora (plebรฉia).
  • Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.

Cantiga de amigo

Eu lรญrico feminino. Presenรงa de paralelismos. Predomรญnio da musicalidade, por esse motivo apresenta refrรฃo. Assunto Principal: o lamento da moรงa cujo amado partiu. Amor natural e espontรขneo. Ambientaรงรฃo popular rural ou urbana. Influรชncia da tradiรงรฃo oral ibรฉrica. Amor possรญvel. Deus รฉ o elemento mais importante do poema. Pouca subjetividade. ร‰ mais popular.

Cantiga de escรกrnio

Na cantiga de escรกrnio, o eu-lรญrico faz uma sรกtira a alguma pessoa. Essa sรกtira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escรกrnio definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguรฉm, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semรขnticos, num processo que os trovadores chamavam "equรญvoco". O cรดmico que caracteriza essas cantigas รฉ predominantemente verbal, dependente, portanto, do emprego de recursos retรณricos. A cantiga de escรกrnio exigindo unicamente a alusรฃo indireta e velada, para que o destinatรกrio nรฃo seja reconhecido, estimula a imaginaรงรฃo do poeta e sugere-lhe uma expressรฃo irรดnica, embora, por vezes, bastante mordaz.

Cantiga de maldizer

Ao contrรกrio da cantiga de escรกrnio, a cantiga de maldizer traz uma sรกtira direta e sem duplos sentidos. ร‰ comum a agressรฃo verbal ร  pessoa satirizada, e muitas vezes, sรฃo utilizados atรฉ palavrรตes. O nome da pessoa satirizada pode ou nรฃo pode ser revelado.

Humanismo

O Nascimento de Vรชnus
  • A escola literรกria chamada Humanismo, surgiu jรก no final da Idade Mรฉdia. Ainda podemos ressaltar as prosas doutrinรกrias, dirigidas ร  nobreza. Jรก as poesias, que eram cultivadas por fidalgos, utilizavam o verso de sete sรญlabas e o de cinco sรญlabas. Podemos destacar Joรฃo Ruiz de Castelo Branco como importante autor de poesias palacianas.
  • Renascimento (ou Renascenรงa) รฉ um termo usado para indicar o perรญodo da histรณria do mundo ocidental aproximadamente entre fins do sรฉculo XIII e meados do sรฉculo XVII com significativa variaรงรฃo nas datas conforme a regiรฃo enfocada e o autor consultado, quando diversas transformaรงรตes em uma multiplicidade de รกreas da vida humana assinalam o final da Idade Mรฉdia e o inรญcio da Idade Moderna. Apesar destas transformaรงรตes serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, polรญtica e religiรฃo, caracterizando a transiรงรฃo do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo รฉ mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciรชncias.

Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorizaรงรฃo das referรชncias culturais da antigรผidade clรกssica, que nortearam as mudanรงas deste perรญodo em direรงรฃo a um ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari jรก no sรฉculo XVI, mas a noรงรฃo de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicaรงรฃo do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itรกlia (1867), onde ele definia o perรญodo como uma รฉpoca de "descoberta do mundo e do homem".

Apesar do grande prestรญgio que o Renascimento ainda guarda entre os crรญticos e o pรบblico, historiadores modernos tรชm comeรงado a questionar se os tรฃo divulgados avanรงos merecem ser tomados desta forma.

O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na regiรฃo italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florenรงa e Siena, de onde se difundiu para o resto da Itรกlia e depois para praticamente todos os paรญses da Europa Ocidental. A Itรกlia permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou maior expressรฃo, porรฉm manifestaรงรตes renascentistas de grande importรขncia tambรฉm ocorreram na Inglaterra, Alemanha, Paรญses Baixos e, menos intensamente, em Portugal e Espanha, e em suas colรดnias americanas.

Classicismo

Teatro Wielki em Varsovia, Polรดnia

Em Arte, o Classicismo refere-se, geralmente ร  valorizaรงรฃo da Antiguidade Clรกssica como padrรฃo por excelรชncia do sentido estรฉtico, que os classicistas pretendem imitar. A arte classicista procura a pureza formal, o equilรญbrio, o rigor - ou, segundo a nomenclatura proposta por Friedrich Nietzsche: pretende ser mais apolรญnea que dionisรญaca.

Alguns historiadores de arte, entre eles Giulio Carlo Argan, alegam que na Histรณria da arte concorrem duas grandes forรงas, constantes e antagรดnicas: uma delas รฉ o espรญrito clรกssico, a outra, o romรขntico.

As duas grandes manifestaรงรตes classicistas da Idade Moderna europรฉia sรฃo o Renascimento e o Neoclassicismo.

Serve tambรฉm o termo clรกssico para designar uma obra ou um autor depositรกrios dos elementos fundadores de determinada corrente artรญstica.

Caracterรญsticas do Classicismo:

  • Universalismo
  • Racionalismo
  • Antropocentrismo
  • Paganismo
  • Neoplatonismo
  • Referรชncia ร  cultura grega

Apuro formal:

  • Soneto (2 Quartetos 2 Tercetos)
  • Versos Com Atรฉ 10 Sรญlabas Poรฉticas (Estilo doce novo & Medida nova)
  • Rimas Bem Trabalhadas

Quinhentismo

Caravela

O quinhentismo tem esse nome por se passar em 1500 e se resume a todos os acontecimentos histรณricos vividos no descobrimento do Brasil e a religiรฃo que a Igreja queria passar para os รญndios em forma de sermรตes. Inclusive, o que marca o Quinhentismo รฉ a carta que Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei de Portugal relatando tudo que se passava no Brasil e suas riquezas. ร‰ por isso que o Quinhentismo tambรฉm รฉ chamado de Literatura Informativa. Porรฉm o Quinhentismo se destaca na Literatura Jesuรญta atravรฉs dos sermรตes com intenรงรฃo de catequizar os habitantes brasileiros da รฉpoca (รndios).

Principais autores
  • Frei Vicente de Salvador
  • Jean de Lery
  • Padre Josรฉ de Anchieta
  • Pero Vaz de Caminha

Barroco

Igreja de Santo Andrรฉ de Qurinale, projetada por Gian Lorenzo Bernini.

Movimento que tem inรญcio na Europa nos sรฉculos XVII e XVIII (primeira metade) e no Brasil tem o seu inรญcio em 1601 com a publicaรงรฃo de Prosopopรฉia, de Bento Teixeira atรฉ 1768. E รฉ apoiado pela igreja catรณlica contra o renascimento e a reforma protestante. Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e ร  Contra-Reforma, distingue-se pelo esplendor exuberante. De certo modo o Barroco foi uma continuaรงรฃo natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clรกssica, embora interpretando-a diferentemente, o que teria resultado em diferenรงas na expressรฃo artรญstica de cada perรญodo. Enquanto no Renascimento as qualidades de moderaรงรฃo, economia formal, austeridade, equilรญbrio e harmonia eram as mais buscadas, o tratamento barroco de temas idรชnticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberรขncia e realismo e uma tendรชncia ao decorativo, alรฉm de manifestar uma tensรฃo entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre essas caracterรญsticas sรฃo bem evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo. Houve uma grande variedade de abordagens estilรญsticas, que foram englobadas sob a denominaรงรฃo genรฉrica de "arte barroca", com certas escolas mais prรณximas do classicismo renascentista e outras mais afastadas dele, o que tem gerado muita polรชmica e pouco consenso na conceituaรงรฃo e caracterizaรงรฃo do estilo.

Principais autores
  • Bento Teixeira
  • Padre Antรดnio Vieira
  • Gregรณrio de Matos
  • poesia lรญrica amorosa
  • poesia sacra relรญgiosa
  • poesia filosรณfica
  • poesia satรญrica

Arcadismo

Desenho do poeta, Tomรกs Antรดnio Gonzaga

No Arcadismo alguns autores se revoltam com a polรญtica, e a sรกtira passa a ser uma das principais caracterรญsticas. No Arcadismo ocorre tambรฉm o amor platรดnico, como no caso de Claudio Manoel da Costa que em suas poesias falava de uma musa chamada Nise que na verdade nรฃo existia. Jรก no caso de Tomรกs Antonio Gonzaga, jรก com 40 anos, dedica suas poesias a Maria Dorotรฉia Joaquina de Seixas (com apenas 17 anos), a quem chamava de Marรญlia em seus poemas. A famรญlia era contrรกria, mas, aos poucos, a resistรชncia passou a ser menor. Todavia, por ter participado da Inconfidรชncia Mineira, foi preso e mandado para a รfrica, casando-se, entรฃo, com Juliana de Sousa Mascarenhas, filha de um rico comerciante de escravos.

Principais autores
  • Alvarenga Peixoto
  • Frei Santa Rita Durรฃo
  • Clรกudio Manoel da Costa
  • Tomรกs Antรดnio Gonzaga
  • Silva Alvarenga
  • Basรญlio da Gama

Romantismo (poesia)

O Romantismo no Brasil teve como marco fundador a publicaรงรฃo do livro "Suspiros poรฉticos e saudades", de Gonรงalves de Magalhรฃes, em 1836, e durou 45 anos terminando em 1881. O Romantismo foi sucedido pelo Realismo.

Primeira geraรงรฃo (indianista)

Gonรงalves Dias
  • Nacionalismo
  • Patriotismo
  • รndio como herรณi
  • Antiestrangeirismo
  • Sentimentalismo
Autores
  • Gonรงalves de Magalhรฃes
  • Gonรงalves Dias
  • Araรบjo Porto Alegre

Segunda geraรงรฃo (ultrarromรขntica, mal do sรฉculo e byronista)

Casimiro Josรฉ Marques de Abreu
  • Atraรงรฃo pela morte (mal-do-sรฉculo)
  • Individualismo
  • Pessimismo
  • Escapismo
Autores
  • Casimiro de Abreu
  • รlvares de Azevedo
  • Fagundes Varela
  • Junqueira Freire

Terceira geraรงรฃo (condoreira)

Castro Alves

por causa do pรกssaro condor que tem visรฃo ampla sobre todas as coisas

  • Todas as questรตes sociais
  • Erotismo
  • Abolicionismo
  • Mulher vista com defeitos e qualidades
  • Polรญtica
Autores
  • Castro Alves
  • Sousรขndrade
  • Tobias Barreto

Romantismo (prosa)

O Romantismo na prosa, ou tambรฉm conhecido como romance romรขntico, tem basicamente as mesmas caracterรญsticas que o Romantismo na poesia. Todavia, em vez de poesias, sรฃo feitos livros onde existem alguns segmentos, como a prosa social-urbana, indianista, regionalista e histรณrica. Com carรกter burguรชs, epidermico, pouco intelectual e de personagens lineares, saรญam nos jornais em fasciculos para agradar ร  mulher e o estudante burguรชs( classe dominante na รฉpoca).

Principais autores
  • Bernardo Guimarรฃes
  • Franklin Tรกvora
  • Joaquim Manoel de Macedo (Macedinho)
  • Josรฉ de Alencar
  • Manoel Antonio de Almeida
  • Visconde de Taunay

Realismo

Machado de Assis

Correspondeu ao momento de consolidaรงรฃo do poder polรญtico da burguesia, na segunda metade do sรฉculo XIX.

Augusto Comte, Karl Marx e Charles Darwin sรฃo os iniciadores europeus com suas correntes: o Positivismo, Socialismo e Darwinismo. O realismo evidencia fatos e acredita no real sem sentimentos lรบdicos e melosos dos romรขnticos e acredita que o homem รฉ psicologicamente formado sem nenhuma interferรชncia natural ou humana

Brasil: Memรณrias Pรณstumas de Brรกs Cubas de Machado de Assis (1881)

Principais autores
  • Eรงa de Queiroz
  • Machado de Assis
  • Raul Pompรฉia
  • Artur Azevedo

Naturalismo

Aluรญsio de Azevedo

O naturalismo ocorre basicamente na mesma รฉpoca do realismo; alguns dizem que o naturalismo รฉ apenas uma manifestaรงรฃo do realismo mas as diferenรงas sรฃo bem visรญveis.

O naturalismo tenta explicar que o homem รฉ modificado pelo ambiente em que vive e que a natureza influi na razรฃo. Diferente do romance realista que presa a classe social dominante, o romance naturalista presa a comunidade mais pobre. Podemos ver isso claramente ao ler a obra O Cortiรงo de Aluรญsio de Azevedo

Brasil: O Mulato de Aluรญsio de Azevedo (1881)

Principais autores
  • Aluรญsio de Azevedo
  • Domingos Olรญmpio
  • Inglรชs de Sousa
  • Jรบlio Ribeiro
  • Manuel de Oliveira Paiva

Parnasianismo

Olavo Brรกs Martins dos Guimarรฃes Bilac.

O Parnasianismo รฉ a forma poรฉtica do Realismo.

  • Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, dai as palavras raras e rimas ricas.
  • Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como sรฃo e acontecem na realidade, sem deformรก-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posiรงรฃo combate o exagerado subjetivismo romรขntico.
  • Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, nรฃo tem nenhum tipo de compromisso, e justifica por sua beleza. Faz referรชncias ao prosรกico, e o texto mostra interesse a coisas pertinentes a todos.
  • Estรฉtica/Culto ร  forma: Como os poemas nรฃo assumem nenhum tipo de compromisso, a estรฉtica รฉ muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeiรงรฃo formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz para tal. Aspectos importantes para essa estรฉtica perfeita sรฃo:
  • Rimas Ricas: Sรฃo evitadas palavras da mesma classe gramatical. Hรก uma รชnfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porรฉm tambรฉm muito usada as rimas ABBA.
  • Valorizaรงรฃo dos Sonetos: ร‰ dada preferรชncia para os sonetos, composiรงรฃo dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de trรชs versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no รบltimo verso.
  • Metrificaรงรฃo Rigorosa: O nรบmero de sรญlabas poรฉticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassรญlabos) ou doze sรญlabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no perรญodo. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sรญlabas, segundo de seis sรญlabas, terceiro de dez sรญlabas, quarto com seis sรญlabas, etc.
  • Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana รฉ baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descriรงรฃo bem detalhada como "A Estรกtua", "Vaso Chinรชs" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.
  • Temรกtica Greco-Romana: A estรฉtica รฉ muito valorizada no Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteรบdo. A temรกtica abordada pelos parnasianos recupera temas da Antiguidade Clรกssica, caracterรญsticas de sua histรณria e sua mitologia. ร‰ bem comum os textos descreverem deuses, herรณis, fatos lendรกrios, personagens marcados na histรณria e atรฉ mesmo objetos.
Principais autores
  • Alberto de Oliveira
  • Francisca Jรบlia
  • Olavo Bilac
  • Raimundo Correia
  • Vicente de Carvalho

Simbolismo

Na Europa, o simbolismo inicia-se na รบltima dรฉcada do sรฉculo XIX e avanรงa pelo inรญcio do sรฉculo XX, paralelamente as tendรชncias do prรฉ modernismo. O misticismo, o sonho, a fรฉ e a religiรฃo passam a ser valores em busca de novos caminhos

O Simbolismo no Brasil comeรงa com as obras Missal e Broquรฉis ambos escritas por Cruz e Sousa

Caracterรญsticas gerais:

  • Uso de figuras de linguagem (sinestesia e aliteraรงรฃo)
  • Musicalidade (A mรบsica acima de tudo)
  • Valorizaรงรฃo das manifestaรงรตes espirituais e metafรญsicas
  • Rebusca valores romรขnticos
  • Aversรฃo ao que รฉ real
  • Amor ao lรบdico e sublime
  • Tenta buscar a essรชncia do ser humano
  • Oposiรงรฃo entre matรฉria e espรญrito
Principais autores
  • Alphonsus de Guimaraens
  • Cruz e Sousa

Prรฉ-modernismo

O prรฉ-modernismo foi um perรญodo literรกrio brasileiro, que marca a transiรงรฃo entre o simbolismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o prรฉ-modernismo configura o movimento denominado saudosismo.

O termo prรฉ-modernismo parece haver sido criado por Tristรฃo de Athayde, para designar os "escritores contemporรขneos do neo-parnasianismo, entre 1910 e 1920". Representa, assim, um perรญodo eclรฉtico (que possui vรกrias correntes de ideias, sem se fixar a nenhuma delas).

Embora vรกrios autores sejam classificados como prรฉ-modernistas, este nรฃo se constituiu num estilo ou escola literรกria, dado a forte individualidade de suas obras, mas essencialmente eram marcados por duas caracterรญsticas comuns:

Conservadorismo - traziam na sua estรฉtica os valores parnasianos e naturalistas;
Renovaรงรฃo - demonstravam รญntima relaรงรฃo com a realidade brasileira e as tensรตes vividas pela sociedade do perรญodo.

Embora tenham rompido com a temรกtica dos perรญodos anteriores, esse autores nรฃo avanรงaram o bastante para serem considerados modernos. Notando-se, atรฉ, em alguns casos, resistรชncia ร s novas estรฉticas.

Principais autores
  • Augusto dos Anjos
  • Coelho Neto
  • Euclides da Cunha
  • Graรงa Aranha
  • Lima Barreto
  • Raul de Leoni

Modernismo

Cartaz anunciando o รบltimo dia da Semana de Arte Moderna

No Brasil, o Modernismo tem data de nascimento: 11 de fevereiro de 1922, com a Semana de Arte Moderna. Representou uma verdadeira renovaรงรฃo da linguagem, na busca de experimentaรงรฃo, na liberdade criadora e na ruptura com o passado. O evento marcou รฉpoca ao apresentar novas ideias e conceitos artรญsticos. A nova poesia atravรฉs da declamaรงรฃo. A nova mรบsica por meio de concertos. A nova arte plรกstica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura. O adjetivo "novo", marcando todas estas manifestaรงรตes, propunha algo a ser recebido com curiosidade ou interesse. Para os modernistas, simbolizados em Mรกrio de Andrade, a prรกtica da poesia tem que ser (ou tem que ter) uma reflexรฃo consciente dos problemas da linguagem, das suas limitaรงรตes e possibilidades. Alรฉm disso vรชem no poeta um sujeito criador consciente do texto literรกrio.

O Modernismo deixou marcas nas geraรงรตes seguintes, como se observa, em geral, uma maior liberdade lingรผรญstica, a desconstruรงรฃo literรกria e o introspectivismo. Estes novos elementos foram muito bem explorados por Carlos Drummond de Andrade e Joรฃo Cabral de Melo Neto (um mais lรญrico, outro mais objetivo, concreto), pelos romancistas de 30, na prosa intimista de Clarice Lispector, pelos tropicalistas que sรฃo motivo de inspiraรงรฃo atรฉ hoje na produรงรฃo contemporรขnea.

Principais autores
  • Carlos Drummond de Andrade
  • Clarice Lispector
  • Joรฃo Cabral de Melo Neto
  • Manuel Bandeira
  • Mรกrio de Andrade
  • Oswald de Andrade
  • Fernando Pessoa
  • Graciliano Ramos

Tendรชncias contemporรขneas

ร‰ sempre muito difรญcil se analisar um cenรกrio teรณrico fazendo parte dele, sem um distanciamento mรญnimo de tempo e espaรงo. Mas podemos apontar algumas tendรชncias contemporรขneas da literatura brasileira e consideramos o que se tem produzido nos รบltimos vinte ou trinta anos, pรณs-ditadura.

Poesia

Na poesia, os nomes hoje jรก consagrados sรฃo aqueles que, de algum modo, dialogam com essas linhas de forรงa da Semana de 22, um diรกlogo com a funรงรฃo paradoxal de unificar a variedade da produรงรฃo contemporรขnea. O impacto do modernismo de 22, porรฉm, foi tamanho que conseguiu produzir tambรฉm uma diversidade interna, bifurcando a linhagem modernista em:

  1. Uma vertente mais lรญrica, subjetiva, ร  Mรกrio de Andrade, Manuel Bandeira, Drummond;
  2. Outra mais experimental, formalista, ร  Oswald de Andrade, Joรฃo Cabral, poesia concreta.

A poesia torna-se, ainda, por um lado mais cotidiana quanto ร  temรกtica (Adรฉlia Prado, Mรกrio Quintana), e por outro instrumento de pressรฃo contra as ditaduras (Glauco Mattoso, tropicalistas).

Prosa

Contemporaneamente o que vemos no romance brasileiro e, de certa forma, tambรฉm no luso, que volta a dialogar com o Brasil, รฉ o surgimento do que se chama Geraรงรฃo 90. No Brasil, o grande marco รฉ o romance Subรบrbio, de Fernando Bonassi, que deflagraria em 1994 um processo de renovaรงรฃo da prosa urbana (ou, no caso, suburbana), com seu realismo brutal, que trouxe novamente para o centro da cena literรกria os personagens dos arrabaldes das cidades brasileiras. Cidade de Deus, de Paulo Lins, ficaria cรฉlebre pela sua realizaรงรฃo cinematogrรกfica.

Outra corrente contemporรขnea รฉ uma espรฉcie de tรณpica da condiรงรฃo pรณs-moderna: a identidade em crise, um extremo do intimismo, que se projeta sobre a estrutura narrativa, cancelando os limites entre o real e o fantasmรกtico, entre o mundo descrito e as distorรงรตes interiores de quem o descreve. ร‰ o caso de Cristรณvรฃo Tezza, Joรฃo Gilberto Noll, Bernardo Carvalho e Chico Buarque.

Acrescentaria a tais correntes uma espรฉcie de revisรฃo histรณrica a partir da ficรงรฃo. Tanto no Brasil (Luiz Antonio de Assis Brasil, Miguel Sanches Neto) quanto em Portugal (Miguel Sousa Tavares) e nos paรญses africanos de lรญngua portuguesa (Josรฉ Eduardo Agualusa, Mia Couto) aparecem narrativas de formato convencional e que se passam inteiramente no passado, mas nรฃo resgatando o passado como forma de contemplaรงรฃo. Atualmente vivemos um momentos barroco, de confusรฃo e crise existencial, um tipo de literatura que estรก em alta.

Principais autores
  • Chico Buarque
  • Dias Gomes
  • Caio Fernando Abreu