26 de março de 2020

Dica de Leitura: As Brumas de Avalon

As Brumas de Avalon (em inglês: The Mists of Avalon) é uma obra de 1979 da escritora Norte Americana Marion Zimmer Bradley feita em quatro volumes. É ambientada durante a vida do lendário Rei Artur e seus cavaleiros e tem por escopo narrar a já conhecida lenda arturiana a partir de uma outra perspectiva. 
Quem protagoniza a história, nesta versão, são as personagens femininas, tais como Guinevere, Morgana e Morgause, o que acabou resultando na reelaboração de todo o universo mítico da trama. Outros personagens são apresentados aqui como títulos, como a Senhora do Lago e o Merlin da Bretanha, que nessa versão deixam de ser personagens específicos para ser os títulos político-religiosos da matriarca e do patriarca dos celtas pagãos.
A Série
A obra foi dividida pela autora em quatro momentos (ou tomos). Na versão Norte Americana, encontramos todos os volumes num único livro. O romance, além de narrar cerca de 70 anos ou mais (inicia-se quatro anos após o nascimento de Morgana e narra fatos dela já em idade bem avançada), explora fatos históricos preenchendo as lacunas ignoradas sobre a influência do paganismo e das mulheres na formação da Bretanha. 
homossexualidade, tanto a feminina quanto a masculina, também é superficialmente abordada na obra. Lancelote declara explicitamente seu amor e desejo por Arthur e, em algumas passagens do livro, é feita uma insinuação de que Morgana mantém relações com a sacerdotisa Raven.
São estas as divisões:
- A Senhora da Magia
- A Grande Rainha 
- O Gamo-Rei 
- O Prisioneiro da Árvore
Relacionados a esta obra, temos Queda de Atlântida (volume I e II), e Ancestrais de Avalon (póstumo e encerrado por sua colega), Casa da Floresta, Senhora de Avalon, Sacerdotisa de Avalon, Brumas de Avalon. No entanto, não foram desenvolvidos linearmente pela autora, fazendo parte do Ciclo de Avalon. Como o leitor de Brumas de Avalon pode notar, Viviane, Morgana, Kevin - O Bardo, Mordred, Igraine e Uther já se encontraram em outra vida; o primeiro encontro se dá em Queda de Atlântida e estende-se por Ancestrais de Avalon, com a chegada dos atlantes à Bretanha. Em Casa da Floresta, novamente alguns personagens se cruzam em papéis diferentes. 
O volume de Senhora de Avalon conta com uma extensão de Casa da Floresta, tendo aí uma visão mais aprofundada da vida na comunidade de Avalon, temos um salto na segunda história para a expansão do domínio romano na Bretanha (que segue-se no livro Sacerdotisa), fechando na terceira história o passado de Viviane, o que dá gancho para as Brumas. 
O romance Sacerdotisa de Avalon, explora a lenda de Santa Helena (território), mãe de Constantino, primeiro imperador romano cristão (que tinha pais pagãos) e a escolha política da nova religião para o império. São livros independentes entre si, mas o bom leitor sente as ligações e compreende a complexidade narrativa desta autora famosa pela série Darkover, que segue esta linha de desenvolvimento.
A Senhora da Magia
O romance não se detém meramente em narrar os fatos políticos e religiosos que se confrontam na Bretanha. Mais que isso, Marion - famosa por suas histórias que descobrem o véu do universo feminino - mostra toda a força e complexidade dos atos e escolhas das mulheres (ignoradas na História das Civilizações) - abre portas na lenda da Excalibur em que se encontram o misticismo da origem da espada, ritos pagãos que foram sufocados pela cristianização, a importância das uniões políticas entre os povos e o resultado da submissão ou não das mulheres frente aos homens. 
A primeira metade do volume é centrada basicamente na vida cotidiana da jovem pagã Igraine, casada contra a vontade com o Duque Gorlois da Cornualha e passando por uma série de conflitos e alguns poucos momentos felizes ao lado dele e de sua filha Morgana, ao mesmo tempo em que é pressionada por Avalon a se casar com Uther Pendragon e, com ele, gerar o filho que salvará a Bretanha: o futuro Rei Arthur. E embora seja tomada por um amor incontrolável por Uther e cumpra o que lhe era cobrado, Igraine corta relações com Avalon, passando a se comportar como uma cristã fervorosa, embora, secretamente, continuasse adorando a Deusa de Avalon. 
O restante do volume se centra na adolescência e juventude de Morgana, levada por Viviane, a Senhora do Lago e irmã mais velha de Igraine, para Avalon e treinada por anos para se tornar uma sacerdotisa da Deusa. Entretanto, enquanto Morgana cumpre um dos rituais, Viviane a faz ter relações com seu irmão Arthur, sem que ambos se reconheçam, com a intenção de fazer com que Morgana gere um filho da linhagem pura de Avalon, já que a mãe de ambos é da Família Real de Avalon. Mas quando Morgana descobre que se deitou com o irmão e agora está grávida dele, sua relação com Viviane se deteriora, fazendo-a abandonar o sacerdócio e deixar Avalon.
Neste volume temos os fatos que servirão de fundo para o romance:
- o papel da mulher, importância e consequência dos casamentos arranjados
- o choque de culturas e poderio dos sexos
- como eram realizadas as sucessões de trono
- o ritualismo pagão para a ascensão do novo rei
- o simbolismo por trás de entrega da sagrada espada
- a ascensão de Arthur ao trono, após a morte de Uther
A Grande Rainha
No segundo volume, que começa pouco depois da coroação de Arthur como Grande Rei da Bretanha, há um amadurecimento das personagens, já enfrentando as conseqüências de suas escolhas. A personagem que recebe maior destaque nesse volume é Guinevere (Gwenhwyfar), a princesa escolhida para se casar com Arthur e se tornar a Grande Rainha da Bretanha. 
Ela é uma cristã fanática, com ideias extremamente patriarcais e um profundo complexo de inferioridade por ser mulher. Guinevere se apaixona por Lancelote, o principal cavaleiro de Arthur, desde que o vê pela primeira vez. E como não consegue dar um filho a Artur, entende que isso é um castigo de Deus contra seu amor adúltero. Assim, para se redimir, Guinevere cobra de Arthur que ele se torne o mais cristão dos reis e tenta impor à Corte um estilo de vida cristão cada vez mais radical. 
Ao mesmo tempo, ela desenvolve um ódio crescente contra Morgana, em parte por ela não aceitar se tornar cristã e viver com a liberdade de uma mulher pagã, em parte pelo ciúme que sente de Morgana com Lancelote. E Arthur, supondo que o estéril do Casal Real talvez seja ele, permite que Guinevere se torne amante de Lancelote, para dar um herdeiro ao trono.
Outros acontecimentos:
- Morgana vai para a corte de Morgause, agora já rainha em outra região por união política
- Nascimento de Mordred, o filho de Morgana e Arthur
- A escolha por meio de dote da noiva do rei
- O começo da formação dos cavaleiros da Távola Redonda
- As cobranças sobre uma mulher para a existência de um herdeiro
- O isolamento de Morgana
- A morte de Igraine, sem saber que Morgana e Arthur tiveram um filho juntos
- O Gamo Rei
No penúltimo volume desta série revolucionária, alguns temas tristes e complexos serão abordados. De modo geral, numa idade já madura nesse volume, os personagens começam a lamentar as perdas que sofreram ao longo da vida e os sonhos que não conseguiram concretizar. Já idosa, Viviane é assassinada por Balim filho de uma mulher de quem ela provocou a morte (a seu próprio pedido) para livrá-la das terríveis dores de uma doença incurável. Taliesin, o antigo Merlin da Bretanha, também morre de velhice logo depois. E Kevin, o novo Merlin, assume uma postura cada vez mais cristã, preocupando profundamente Morgana, que vê nisso a decadência dos ritos pagãos. 
Com a morte inesperada de Viviane, sua sucessora Niniane assume o poder sobre Avalon, tornando-se a nova Senhora do Lago, embora seja jovem demais e ainda não esteja pronta para isso, deixando os pagãos sem uma matriarca nem um patriarca forte como os que tinham antes para seguir. 
Na Corte de Arthur, o caso de Guinevere e Lancelote logo passa a ser de conhecimento público, tornando-se piada, pouco depois, em toda a Bretanha. E Lancelote revela a Morgana que sempre lutou contra uma homossexualidade reprimida. E que, embora se sinta atraído por Guinevere, Arthur também é desejado e amado por ele (algumas passagens dão a entender que Arthur também sente algo parecido por Lancelote). 
Morgana, através de uma armadilha, faz com que Lancelote seja forçado a se casar com Elaine e deixar a Corte. Com isso, ela pretendia afastar Lancelote de Guinevere e Arthur e, ao mesmo tempo, salvar o casamento de Arthur do descrédito em que vinha caindo diante do povo. Morgana se casa com o Rei de Gales do Norte e consegue, até um certo ponto, se tornar uma matriarca pagã naquela corte, embora escondida dos cristãos.
O Prisioneiro da Árvore
Visto que Artur deixa de lado os costumes antigos, traindo assim a confiança do povo antigo da ilha, Morgana deseja retomar para Avalon o que havia sido oferecido mediante o juramento na Ilha do Dragão, no volume I. Para isso, encontra em Acolon, seu jovem enteado criado nos costumes antigos, um apoio para uma tentativa de retornar aos velhos preceitos. Kevin, sucessor de Taliesin, é acusado de traição por ceder a Artur os símbolos sagrados (como o Graal) para uma nova interpretação cristã, com intuito que não fossem assim esquecidos, já que não acreditava mais na possibilidade de um retorno aos costumes antigos. 
A punição por sua traição vem pelas mãos de Nimue, uma filha de Lancelote que foi levada por Morgana a Avalon e se tornou sacerdotisa. Gwenhwyfar é flagrada por cavaleiros da Távola cometendo adultério com Lancelote, e ambos fogem do reino. A sucessora de Viviane (Niniane) é morta acidentalmente por Mordred. Avalon fica sem uma Senhora do Lago. Mordred, agora homem feito, enfrenta o pai. O desfecho da lenda do Rei Arthur é conhecido, mas interpretação feita por Marion Z. Bradley reserva muitas surpresas e detalhes - Como pode-se observar desde o início do livro.
Localização
Segundo o livro, Avalon se localiza ao sul da Bretanha, atual Inglaterra, que era uma província do Império Romano. Vários autores citam a atual cidade de Glastonbury (Somerset) como sendo a ilha sagrada. Avalon era conhecida também como o País do Verão. É nesse ambiente fictício que, por volta do século V, passa-se a história do lendário Rei que teria papel fundamental na Bretanha, no momento em que o paganismo estava começando a perder terreno para o cristianismo. 
O enredo elaborado com maestria e a escrita maravilhosa de “As Brumas de Avalon” jogam nova luz a antigos personagens, em especial Morgana das Fadas, Merlim, Lancelote e Gwenhwyfar. Um romance épico, com violência, ambição, lealdades dolorosas e feitiços assombrosos.
Estrelas: 5/5 ⭐⭐⭐⭐ ⭐ Data da primeira publicação: 1982 / Gênero: Romance, Fantasia, Ficção histórica, Literatura fantástica / Capa dura: 968 páginas / Editora: Planeta Edição: 1ª (25 de outubro de 2017)
Sobre a Autora
Marion Zimmer Bradley começou sua destacada carreira como autora em 1961, com seu primeiro romance, A porta através do espaço. No ano seguinte, escreveu o primeiro livro da popular série Darkover, A Espada de Aldones, logo indicado ao Hugo Award. Esta série será adaptada para a TV, pela Amazon. Seu romance A torre proibida também foi indicado ao Hugo, e A herança de Hastur, ao Nebula Award. As brumas de Avalon foi a obra de maior sucesso da carreira de Bradley. Recebeu o Locus Award em 1984 na categoria Melhor Romance de Fantasia e está entre os mais vendidos da revista Locus há anos. Bradley morreu em 1999.

12 de Março - Dia do Bibliotecário

O Dia do Bibliotecário é comemorado no dia 12 de março. A data foi instituída pelo Decreto nº 84.631, de 12 de abril de 1980 com efeitos em todo o território nacional. 
O bibliotecário é o profissional formado em biblioteconomia e que trabalha para o progresso cultural do país. Ele faz o gerenciamento das bibliotecas, o que compreende uma série de tarefas, dentre as quais a catalogação e indexação de obras, manutenção de sistemas informáticos, apenas para citar alguns. 
Origem do Dia do Bibliotecário A data é comemorada no dia 12 de março por essa ser o dia do nascimento de Manuel Bastos Tigre (1882 - 1957), que é considerado o primeiro bibliotecário concursado do Brasil. Depois de trabalhar durante muitos anos na Biblioteca Central da Universidade do Brasil, Bastos Tigre assumiu a direção da biblioteca, cujo cargo exerceu mesmo depois de aposentado. 
Engenheiro, o nosso homenageado foi escritor, poeta, publicitário, além de bibliotecário, claro, entre outros. O tão conhecido slogan "Se é Bayer é bom" foi criado por ele.

16 de março de 2020

Dica de Leitura: O Lar da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares

Tudo está à espera para ser descoberto em O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, um romance que tenta misturar ficção e fotografia. 
A história começa com uma tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. 
Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares. Elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo. E, de algum modo - por mais impossível que possa parecer - ainda podem estar vivas.
Estrelas: 5/5 ⭐⭐⭐⭐⭐  / Data da primeira publicação: 7 de junho de 2011 / Editora: LeYa / Capa comum: 335 páginas  / Edição: 1ª (26 de setembro de 2016)