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30 de janeiro de 2022
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1 de outubro de 2021
Antologia - Lugares Sinistros
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Foto: Conto de Evelyn Veiga,"O jardim da casa desconhecida" |
Pode um parque de diversรตes, um hospital, um cemitรฉrio, um antigo orfanato ou uma casa abandonada abrigar mistรฉrios, casos sobrenaturais ou virar o local de um crime? Muitas vezes, lugares comuns e aparentemente inofensivos podem se tornar cenรกrios de histรณrias macabras e atรฉ mesmo crimes hediondos.
27 de julho de 2021
Dica de Leitura: Coletรขnea Aterrorizante
Foto: Capa do livro |
Foto: trecho do conto " As mulheres que viravam patas" - {...}que venha claro como dia, o segredo revelado, nรณs voamos por cima, arvoredo vai por baixo" |
Foto: Autora Evelyn Veiga |
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Foto: sinopse do livro "contos e poesias aterrorizantes reunidas no livro |
Foto: eu com o livro๐ |
Dica de Leitura: Antologia POE
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Foto: "eu me tornei insano, com longos intervalos de horrรญvel sanidade" |
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Foto: contra-capa |
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Foto: Poema "O corvo" |
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Foto: Conto "Os olhos de Eurรญdice" |
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Foto: O corvo ilustrado |
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Foto: Autores selecionados |
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Foto: Biografia de Edgar Allan Poe |
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Foto: Contos e poesias gรณticas reunidos no livro em homenagem a Edgar Allan Poe |
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Foto: Evelyn Veiga |
9 de fevereiro de 2021
Os Olhos de Eurรญdice - Contos
Sua irmรฃ, Maria, desejava mais que qualquer coisa, o poder de ver o mundo atravรฉs daquele olhar. Para conseguir algo mostrava olhos de cobiรงa e inveja, nรฃo conseguia arrancar palavras de admiraรงรฃo sincera de ninguรฉm, jรก que para ajudar o prรณximo, fazia apenas para satisfazer os seus prรณprios interesses.
Maria entรฃo decidiu que queria ter a sensaรงรฃo plena dos olhos de Eurรญdice, talvez a irmรฃ mais velha nรฃo tivesse mais muito tempo pela frente e aquele olhar fluรญdo de perpรฉtua paz, estaria para sempre, perdido. Convidou entรฃo a irmรฃ para posar para um retrato, seria uma homenagem singela e um presente para ela. Eurรญdice que nunca percebera o olhar malรฉvolo da irmรฃ, concordou, mas pediu que o quadro foi feito em sua pequena casa, pois mostraria assim a forma simples em que vivia.
Ao chegar no quarto, Maria foi tomada de sรบbito, pelos mais terrรญveis sentimentos, raiva, cobiรงa, รณdio em estado puro, na sua frente nรฃo tinha mais que uma cama e uma cรดmoda, objetos simples, nada que despertasse o interesse, mas em Maria, ardia o desejo inexplicรกvel de ter tudo aquilo.
Conforme as horas iam passando, Maria estava cada vez mais obcecada nos olhos de Eurรญdice, a cada pincelada, um pedido era feito do fundo de sua alma para que pudesse viver daquela maneira pelo menos uma vez, enquanto a irmรฃ posava, seu olhar estรกtico fazia ร vontade jรก sobre-humana aumentar, chegando ao ponto de Maria se levantar e gritar, dizendo que tinha terminado e enfim, conseguido.
15 de novembro de 2020
Dica de Leitura - Histรณrias para Ler e Morrer de Medo
4 de novembro de 2020
Contos: O Jardim da Casa Desconhecida
Eu provavelmente devia ter vindo de lรก, pois nรฃo conseguia identificar nenhuma outra edificaรงรฃo em nenhuma outra direรงรฃo. Talvez, ao me afastar demasiadamente da casa, eu tenha parado para descansar, caรญdo em sono profundo e conseguido despertar apenas ao entardecer.
Segui andando, mas, algo peculiar acontecia, apesar de caminhar bastante e de sentir o tempo passar, nรฃo parecia nem um pouco que tinha me aproximado da casa, sua posiรงรฃo era a mesma, ao olhar para o cรฉu, o sol ainda nรฃo tinha se posto, o tom alaranjado e vermelho jรก estavam me deixando nervoso, a lua nรฃo chegou no seu apogeu, o vรฉu da noite nรฃo cobriu o cรฉu, tรฃo pouco trouxe a resplandescรชncia das outras estrelas. O cรฉu que contemplei com tamanha admiraรงรฃo hรก pouco tempo, era o mesmo que naquele instante me deixava incomodado e aflito.
A paisagem antes exuberante que me despertava atenรงรฃo tambรฉm jรก estava perdendo o seu brilho, pois seguia incessantemente e nada parecia mudar, as mesmas flores, a mesma trilha. Percebi algo perturbador, o lago nรฃo tinha borda, nรฃo enxergava caminho para chegar atรฉ a margem, naquele espaรงo sรณ existia escuridรฃo.
Nรฃo tinha como eu estar andando em cรญrculos, a estrada nรฃo fazia curvas, a casa, ou seja, lรก o que aquilo fosse, continuava no horizonte, sol e lua ganharam um aspecto detestรกvel de minha parte, nรฃo se moveram nem por um momento de seus lugares, eles, juntamente com as estรกtuas, flores e รกrvores eram privilegiadas ao assistirem a minha caminhada desafortunada.
Por um tempo fiquei sem saber o que fazer, nรฃo sabia se pernoitava no caminho e continuava na manhรฃ seguinte, com a luz do dia para me guiar ou se continuava dessa forma, caminhando sem chegar a lugar algum. De repente pensei na possiblidade de passar a noite aqui, mesmo que nรฃo tivesse visto nada que pudesse ameaรงar a minha vida, tinha essa sensaรงรฃo horrรญvel e sufocante, o ar denso, sem vento, junto as estรกtuas me observando, devia ser ainda pior na escuridรฃo e no silรชncio da madrugada. Decidi entรฃo ir caminhando, mesmo indo devagar pela trilha era melhor do que ficar parado.
No fim de tarde รฉ costume ventos do leste abrandarem o calor, mas, nem mesmo uma brisa balanรงava as รกrvores, pareciam feitas de pedra, seriam mais bonitas com o farfalhar das folhas, com o cantar dos pรกssaros em seus galhos, com o voo de joaninhas e borboletas pelas plantas, mas, nada acontecia, sentia um enorme cansaรงo, mesmo achando que adormeci por vรกrias horas, minhas forรงas se dissipavam.
O estado em que as coisas se encontravam era tรฃo bizarro que fiquei sem tomar nenhuma atitude relevante alรฉm de caminhar, tinha perdido a noรงรฃo do tempo, caminhava como se fosse uma missรฃo a realizar, uma sentenรงa a cumprir, por um momento me sentia conformado, mas, isso mudara em um instante, pois mais ร frente, o medo voltou a tomar meu corpo, o sentimento de pavor tomava a minha mente por completo, notava alguรฉm muito prรณximo de mim e tive a nรญtida impressรฃo de ter sido tocado, de sรบbito me virei para trรกs como se algo estivesse lรก, mas nรฃo havia ninguรฉm, olhava para os lados, procurando alguรฉm ร espreita, mas, nada. Os รบnicos olhos alรฉm dos meus eram os das estรกtuas, a mais prรณxima era de uma crianรงa, uma menina de vestido, sapatilhas e tranรงas no cabelo, com o rosto voltado para cima, olhos suplicantes para o cรฉu, cรฉu este que nem queria mais contemplar.
Quase que imediatamente, uma forte ventania balanรงou tudo ao meu redor, me lanรงando em direรงรฃo a silhueta da casa e, tamanha a surpresa, a paisagem tinha mudado, finalmente avistei algo inรฉdito, o fim da alameda. Cheguei em um cรญrculo gramado e no meio um enorme arco gรณtico, esculpido e ornamentado com flores, embaixo, uma tรกvola redonda com vasos cheios de belรญssimas rosas. Seguindo o novo caminho, largo, delimitado por canteiros de murtas e com uma grande escadaria que descia em direรงรฃo a outro jardim, este parecia estar sobe os cuidados de alguรฉm e o melhor de tudo, a mansรฃo parecia estar mais prรณxima.
Os caminhos estavam bem definidos, de contornos rรญgidos com cercas vivas de formas geomรฉtricas planejadas, os arbustos compactos, perfeitamente cortados eram de um verde tรฃo escuro e denso que pareciam ter sidos pintados ร mรฃo.
Os espaรงos a minha frente foram milimetricamente pensados, estava certo de que os monumentos foram construรญdos por mรฃos humanas, assim como a mansรฃo, fazendo com que os jardins fossem uma extensรฃo da casa, ela jรก aparecia alรฉm do contorno, tinha janelas imensas, adornadas por esculturas de pedra e com vidros completamente pretos, no entanto, ainda nรฃo conseguia ver como chegar atรฉ ela.
Os traรงados dos caminhos foram cobertos com cimento e placas de cerรขmica, delimitados por cercas vivas muito fortes, com estrutura lenhosas, feitas de viburno podado, formando um canteiro perfeito para a as flores, essas, bem diferentes, nรฃo cresciam mais sozinhas a esmo pelo chรฃo, foram escolhidas para harmonizar o espaรงo, para serem esculpidas e comportadas em cachepรดs, vasos decorados e canteiros de vรกrios metros de extensรฃo e altura. Rosas brancas, rosas do รฉden, amarelas e vermelhas, enormes e com espinhos maiores ainda, caules tรฃo verdes que nem se assemelhavam a algo natural, mas sim com estruturas de ferro e com folhas gigantescas.
Aquela poda escultural das vegetaรงรตes, a simetria, estavam me deixando enjoado, centenas de metros nessa perspectiva, em meio ร quela organizaรงรฃo, sem nada fora do lugar, como tudo aquilo estava tรฃo bem podado, aparado, vasos com arbustos completos, plantas amarradas em uma perfeiรงรฃo que me deixava agoniado, nรฃo existia nada, alรฉm de flores, vasos, canteiros, trilhas, encruzilhadas, fontes, estรกtuas, mas nenhuma simples formiga, centopeia ou lagarta passeava pelo chรฃo, o รบnico barulho que quebrava o silรชncio era a queda d’รกgua do chafariz.
Mesmo ao livre eu jรก estava sufocando, queria gritar, chamar alguรฉm, nรฃo tinha pensado nisso antes, tinha que chamar por socorro, as pessoas que cuidavam do jardim viriam me ajudar, gritei com as forรงas que me restavam, mas nรฃo veio uma sรณ alma. Mais uma vez comei a correr, apenas passando pelos caminhos intocados, sem defeitos, alรฉm de nunca ter conseguido ver alguma passagem para chegar atรฉ a casa, nรฃo tinha ponte, portรฃo, muro, nada alรฉm de arbustos grandes, apesar de parecer mais prรณxima desde quando comecei essa jornada, ela ainda estava inatingรญvel, parecia nรฃo existir ninguรฉm dentro da casa que pudesse me ver do lado de fora, infinitas janelas, mas nenhuma aberta, cercadas por vidros intransponรญveis, nada devia passar por eles, nem mesmo a minha imagem.
Entรฃo, veio a minha cabeรงa, uma ideia assustadora, um temor percorreu todo o meu corpo, se estava preso aqui fora sem ninguรฉm na casa para me ver e ouvir, talvez, pessoas lรก dentro estivessem presas tambรฉm. E eu como um louco querendo entrar. Nรฃo havia outra explicaรงรฃo, empregados deviam receber ordens para deixarem as pessoas presas, sim, essa casa teria que ter empregados, alguรฉm deveria ser encarregado de cuidar dessas malditas flores, podar os arbustos e limpar a fonte.
Comemorei cedo demais, o sentimento de derrota tomava conta de tudo, mais uma vez fiquei desnorteado, nรฃo entendo como vim parar nessa situaรงรฃo, nรฃo me lembrava se alguรฉm me trouxera atรฉ aqui ou se fui convidado e vim de espontรขnea vontade. Nรฃo tinha mais forรงas, caรญ de joelhos e sem querer voltei a olhar para o cรฉu, agora mudado, o sol enfim estava se pondo, a lua brilhava esplendorosa, como um pincel descarregando a tinta na รกgua e os traรงos pretos azulados da noite empurravam os รบltimos raios vermelhos para o oeste pintando constelaรงรตes magnรญficas por todo o cรฉu.
Sendo assim, saรญ correndo pela grama, com chutes, arranquei vรกrios tufos, fazendo inรบmeros buracos, joguei terra pelo belo caminho polido, tirei vรกrios picos dos ciprestes podados, pisei nas azaleias, amassei as tulipas, subi nos canteiros pisoteando as murtas com toda forรงa, escalei as pรฉrgolas e puxei os caramanchรตes, me transformei no vento forte que eu queria que aparecesse e me levasse embora.
O que mais chamava atenรงรฃo nesse jardim com certeza eram as rosas, parti enraivecido para cima de todas que encontrei, com elas destruรญdas, certamente alguรฉm viria e eu aproveitaria a oportunidade para fugir. Derrubei dezenas de vasos, as rosas caรญam aos montes pelo chรฃo, pisei nos ramos, arranquei pรฉtala por pรฉtala, rasgava e picava as folhas em milhares de pedaรงos, minha fรบria era tanta que nem percebi que enquanto atacava era tambรฉm golpeado, os espinhos furaram cada centรญmetro das minhas mรฃos, meus braรงos, pescoรงo e rosto foram cortados, o sangue manchava minhas roupas, caรญa nas rosas e pingava pelo caminho, mesmo depois de tudo isso nada aconteceu.
Nรฃo acreditava no que estava vendo, mesmo assim nรฃo pensei em mais nada a nรฃo ser levantar e ir em direรงรฃo a porta, me debrucei sobre o beiral, fiz uma forรงa sobre-humana para sair da fonte. Cambaleante, andei pela passagem e chegando enfim diante das portas abertas, entrei.
Nรฃo acreditava no que estava vendo, mas mesmo assim nรฃo pensei em mais nada a nรฃo ser levantar e ir em direรงรฃo a porta. Cambaleante, me debrucei sobre o beiral, fiz uma forรงa sobre-humana, saรญ da fonte e caminhei pela passagem, cheguei atรฉ as portas abertas e entrei.
25 de outubro de 2020
Padaria Lopes - Contos
O movimento se mantรฉm durante todo o dia, todos os produtos expostos nos balcรตes sรฃo vendidos, entรฃo durante a noite รฉ preciso fazer mais, รฉ aรญ que o padeiro aparece.
Para findar o preparo, falta apenas o fermento, o padeiro tem o cabelo tรฃo longo que se espalha pela cozinha, ele os puxa pela raiz e os engole, com o รกcido de seu estรดmago, transforma o cabelo em uma pasta, depois vomita aquele que รฉ o melhor fermento usado na cidade, nenhum outro faz o pรฃo crescer tanto. Enquanto as massas descansam, o corpo despedaรงado do padeiro se regenera, afinal ele trabalha a noite inteira e sempre vai precisar de mais.
Mesmo sem os membros inferiores, o padeiro nรฃo fica lento, ele usa os longos braรงos para se locomover, pega os pรฃes jรก descansados e os coloca para assar, a noite vai passando e o padeiro continua a trabalhar, usa suas garras para abrir sua barriga e retira seus รณrgรฃos, vai atรฉ o fogรฃo e os coloca na panela para cozinhar, vรฃo se desfazendo, se transformando em geleia para rechear os melhores sonhos aรงucarados.