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2 de fevereiro de 2025

𝕰𝖘𝖈𝖗𝖎𝖙𝖔𝖗𝖊𝖘 𝖓𝖆𝖘𝖈𝖎𝖉𝖔𝖘 𝖊𝖒 𝕱𝖊𝖛𝖊𝖗𝖊𝖎𝖗𝖔

James Joyce 
Irlanda 2 Fev 1882 // 13 Jan 1941
James Augustine Aloysius Joyce (Terenure, Irlanda, 2 de fevereiro de 1882 — Zurique, Suíça, 13 de janeiro de 1941) foi um romancista, contista e poeta da Irlanda que viveu boa parte de sua vida expatriado. É amplamente considerado um dos maiores escritores do século XX. Suas obras mais conhecidas são o volume de contos Dublinenses/Gente de Dublin (1914) e os romances Retrato do Artista Quando Jovem (1916), Ulisses (1922) e Finnegans Wake (1939) - o que se poderia considerar um "cânone joyceano". Também participou dos primórdios do modernismo poético em língua inglesa, sendo considerado por Ezra Pound um dos mais eminentes poetas do imagismo. 
Embora Joyce tenha vivido fora de sua ilha irlandesa natal pela maior parte da vida adulta, sua identidade irlandesa foi essencial para sua obra e fornecem-lhe toda a ambientação e muito da temática de sua obra. Seu universo ficcional enraíza-se fortemente em Dublin e reflete sua vida familiar e eventos, amizades e inimizades dos tempos de escola e faculdade. 
Desta forma, ele é ao mesmo tempo um dos mais cosmopolitas e um dos mais particularistas dos autores modernistas de língua inglesa. Após a publicação de Ulisses, ele elucidou essa preocupação, dizendo: "Ao meu ver, sempre escrevo sobre Dublin, porque se eu puder chegar ao coração de Dublin, posso chegar ao coração de todas as cidades do mundo. 
No particular está contido o universal". Seu estilo caracteriza-se por um domínio deslumbrante da linguagem e pela utilização de formas literárias inovadoras, associadas à criação de personagens que, como Leopold Bloom e Molly Bloom, constituem indivíduos de uma profunda humanidade.
Paul Auster 
Estados Unidos 3 Fev 1947 // 30 de abril de 2024
Paul Benjamin Auster (Newark, Nova Jérsei, Estados Unidos, 3 de fevereiro de 1947 – Nova Iorque, 30 de abril de 2024) foi um escritor norte-americano autor de vários best-sellers como Timbuktu, O Livro das Ilusões, A Noite do Oráculo e A Música do Acaso. 
Auster morreu em 30 de abril de 2024, na sua casa em Brooklyn, Nova York, aos 77 anos, de complicações relacionadas a um câncer de pulmão.
Marie Sévigné 
França 5 Fev 1626 // 17 Abr 1696
Maria de Rabutin-Chantal, marquesa de Sévigné (em francês: Marie de Rabutin-Chantal, marquise de Sévigné (Paris, 5 de fevereiro de 1626 — Grignan, 17 de abril de 1696) foi uma nobre marquesa e escritora francesa cujas cartas, muitas delas escritas para a sua filha a partir do Castelo dos Rochers-Sévigné, são modelo do gênero epistolar. 
Sévigné se correspondeu com a filha por quase trinta anos. Uma edição clandestina, contendo vinte e oito cartas ou partes de cartas, foi publicada em 1725, seguida por outras duas no ano seguinte. Pauline de Simiane, neta de Madame de Sévigné, decidiu publicar oficialmente a correspondência da avó. 
Trabalhando com o editor Denis-Marius Perrin de Aix-en-Provence, ela publicou 614 cartas em 1734-1737, depois 772 cartas em 1754. As cartas foram selecionadas de acordo com as instruções de Madame de Simiane: ela rejeitou aquelas que tratavam intimamente com a família assuntos, ou aqueles que pareciam mal escritos. As cartas restantes eram frequentemente reescritas de acordo com o estilo da época. Isso levanta uma questão sobre a autenticidade das cartas. 
Das 1 120 cartas conhecidas, apenas 15 por cento são assinadas, as outras foram destruídas logo após serem lidas. No entanto, em 1873, algumas das primeiras cópias manuscritas das cartas, baseadas diretamente nos originais de Madame de Sévigné, foram encontradas em um antiquário. Essas correspondiam a cerca de metade das cartas a Madame de Grignan. As cartas de Madame de Sévigné desempenham um papel importante no romance Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, onde figuram como a leitura favorita da avó do narrador e, após sua morte, de sua mãe.
Citação: "O tempo voa e leva-me contra a minha vontade; por mais que eu tente detê-lo, é ele que me arrasta; e esse pensamento dá-me muito medo: podeis imaginar porquê."
Charles Dickens 
Inglaterra 7 Fev 1812 // 9 Jun 1870
Charles John Huffam Dickens (Portsmouth, 7 de fevereiro de 1812 – Higham, 9 de junho de 1870) foi o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana. No início de sua atividade literária também adotou o apelido Boz. As suas obras gozaram de uma popularidade sem precedentes ainda durante a sua vida e, durante o século XX, críticos e académicos reconheceram-no como um génio literário. Os seus romances e contos são extensamente lidos ainda nos dias de hoje. 
Apesar de os seus romances não serem considerados, pelos parâmetros atuais, muito realistas, Dickens contribuiu em grande parte para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa. Nascido em Portsmouth, Dickens saiu da escola aos 12 anos para ir trabalhar numa fábrica de graxa para sapatos. Na altura, o seu pai encontrava-se preso numa prisão civil. 
Após três anos de trabalho, ele voltou a estudar, tendo depois iniciado uma carreira como jornalista. Dickens foi editor de um jornal semanal durante 20 anos, escreveu 15 romances, cinco livros curtos, centenas de contos e artigos de não-ficção, para além de ter dado seminários e feito leituras ao vivo. Dickens era ainda um escritor incansável de cartas e participou ativamente em campanhas em defesa dos direitos infantis, da educação e de outras reformas sociais. O sucesso literário de Dickens começou com a publicação em série de The Pickwick Papers em 1836. 
A série tornou-se num fenómeno, em grande parte graças à introdução da personagem de Sam Weller no quarto episódio, e gerou produtos relacionados com a mesma e séries derivadas. Alguns anos depois, Dickens tinha-se tornado numa celebridade literária internacional, famoso pelo seu sentido de humor, sátira e pelas observações sagazes sobre personagens e a sociedade. 
Os seus romances, a maioria dos quais foi publicada em série mensalmente ou semanalmente, foram pioneiros na publicação em série de ficção, que se tornou no modelo de publicação dominante durante a Era Vitoriana. Os finais em aberto mantinham os leitores em suspense. Este formato também permitia que Dickens avaliasse a reação do seu público e muitas vezes alterava a história e o desenvolvimento das personagens em função das suas opiniões. As suas histórias eram construídas cuidadosamente e muitas vezes Dickens incluía acontecimentos da atualidade nas suas narrativas.
Massas de pobres analfabetos tinham por hábito pagar um tostão para que alguém lhes lesse o episódio desse mês, o que inspirou uma nova classe de pessoas a aprender a ler. O seu conto de 1843, A Christmas Carol continua a ser bastante popular e a inspirar adaptações em todos os meios artísticos. Oliver Twist e Great Expectations também são adaptados com frequência e, à semelhança de muitos dos seus romances, evocam imagens da Era Vitoriana em Londres. 
O seu romance de 1859, A Tale of Two Cities (que tem lugar em Londres e Paris) é a sua obra de ficção histórica mais conhecida. Dickens foi uma das celebridades mais famosas da sua época e era bastante procurado pelo público. 
No final da sua carreira, Dickens fez várias digressões onde lia as suas obras em público. O term "Dickensian" é usado para descrever algo que faz lembrar Dickens e as suas obras, como é o caso de condições sociais e laborais precárias ou de personagens cómicas ou repugnantes.
Júlio Verne 
França 8 Fev 1828 // 24 Mar 1905
Jules Gabriel Verne, conhecido nos países de língua portuguesa como Júlio Verne (Nantes, 8 de fevereiro de 1828 – Amiens, 24 de março de 1905), foi um escritor francês considerado por críticos literários o inventor do gênero de ficção científica, tendo feito predições em seus livros sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, as máquinas voadoras e a viagem à Lua. 
Ele foi o primogênito dos cinco filhos de Pierre Verne, advogado, e Sophie Allote de la Fuÿe, esta de uma família burguesa de Nantes. Até hoje, Júlio Verne é um dos escritores cuja obra foi mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 100 livros.
Thomas Bernhard 
Austria 9 Fev 1931 // 12 Fev 1989
Niclaas Thomas Bernhard (Heerlen, Países Baixos, 9 de fevereiro de 1931 — Gmunden, Áustria, 12 de fevereiro de 1989) foi um escritor austríaco e é considerado um dos mais importantes escritores germanófonos da segunda metade do século XX. 
Deixou uma obra considerável que inclui dezanove novelas e dezassete obras teatrais, entre outros livros breves ou autobiográficos.
Henrique Maximiano Coelho Neto 
Brasil 21 Fev 1864 // 28 Nov 1934
Henrique Maximiano Coelho Netto (Caxias, 20 de fevereiro de 1864 — Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1934) foi um escritor (cronista, contista, folclorista, romancista, crítico e teatrólogo), político e professor brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras onde foi o fundador da Cadeira número 2. 
Foi considerado o "Príncipe dos Prosadores Brasileiros", numa votação realizada em 1928 pela revista O Malho. Apesar disto, foi consideravelmente combatido pelos modernistas, sendo pouco lido desde então, em verdadeiro ostracismo intelectual e literário.
Coelho Netto esteve ao lado de Lúcio de Mendonça, idealizador da Academia Brasileira, nas primeiras reuniões que trataram da criação desta entidade literária, e realizadas nos dois últimos meses de 1896. Foi eleito seu presidente no ano de 1926, sucedendo à primeira gestão de Afonso Celso, e foi seguido por Rodrigo Otávio. 
Em 1928, Coelho Neto, que havia sempre recebido hostilidades de Oswald de Andrade, emitiu um parecer em que confere ao escritor menção honrosa no julgamento do concurso de romance da ABL; apesar de participar do movimento modernista, publicamente antiacademicista, Andrade por duas vezes concorreu a uma vaga naquele sodalício.
Arthur Schopenhauer 
Alemanha 22 Fev 1788 // 21 Set 1860
Arthur Schopenhauer (Danzig, 22 de fevereiro de 1788 – Frankfurt, 21 de setembro de 1860) foi um filósofo alemão do século XIX.[1] Ele é mais conhecido pela sua obra principal "O Mundo como Vontade e Representação" (1819), em que ele caracteriza o mundo fenomenal como o produto de uma cega, insaciável e maligna vontade metafísica. 
A partir do idealismo transcendental de Immanuel Kant, Schopenhauer desenvolveu um sistema metafísico ateu e ético que tem sido descrito como uma manifestação exemplar de pessimismo filosófico. Schopenhauer foi o filósofo que introduziu o pensamento indiano e alguns dos conceitos budistas na metafísica alemã. Foi fortemente influenciado pela leitura dos Upanishads, que foram traduzidas pela primeira vez para o latim por Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron, no início do século XIX. Misantropo, pessimista, solitário, individualista e crítico ferrenho da sociedade, Schopenhauer considerava o amor apenas como vontade cega e irracional que todos os seres têm de se reproduzir, dando assim continuidade à vida e, por conseguinte, ao sofrimento. 
A sensação de felicidade que o amor traz é apenas o interrompimento temporário do querer, a fuga de uma dor imposta pela vontade. Para Schopenhauer, somente o sofrimento é positivo, pois se faz sentir com facilidade, enquanto aquilo ao qual chamamos felicidade é negativo, pois é a mera interrupção momentânea da dor ou tédio, sendo estes últimos a condição inerente à existência. 
Considerava esse impulso de reprodução, esse "gênio da espécie", tão forte como o medo da morte, daí que muitos amantes arriscam a vida e a perdem obedecendo a este desejo. 
Apesar de ser, nos tempos contemporâneos, mais conhecido pela sua obra magna (O Mundo como Vontade e Representação), foi apenas com a publicação de "Parerga e Paralipomena", no final de 1851, que ficou amplamente conhecido e famoso ainda em vida. Nesta obra o filósofo discorre sobre uma multitude de assuntos que vão desde temas relacionados ao ensino universitário, à escrita, à sociedade em que vive, revê conceitos que outrora defendia e providencia inúmeros conselhos aos leitores sobre como levar uma vida o mais isente de sofrimento possível.
Joaquim Pessoa 
Portugal 22 Fev 1948 // 17 de abril de 2023 
Joaquim Maria Pessoa (Barreiro, 22 de fevereiro de 1948 – 17 de abril de 2023), conhecido por Joaquim Pessoa, foi um poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica português. 
Com formação na área do "marketing" e da publicidade, foi diretor criativo e diretor-geral de várias agências de publicidade e autor ou coautor de diversos programas de televisão ("1000 Imagens", "Rua Sésamo", "45 Anos de Publicidade em Portugal", etc.). 
Foi diretor pedagógico e professor da cadeira de Publicidade no Instituto de Marketing e Publicidade, em Lisboa, e professor no Instituto Dom Afonso III, em Loulé. Desempenhou durante seis anos (1988-1994) o cargo de diretor da Sociedade Portuguesa de Autores. Em colaboração com Luís Machado, organizou em 1983 o I Encontro Peninsular de Poesia, que reuniu prestigiados nomes da poesia ibérica. Conta com mais de 600 recitais da sua poesia, realizados em Portugal e no estrangeiro.[carece de fontes] Foi diretor literário da Litexa Editora, diretor do jornal "Poetas & Trovadores", colaborador das revistas "Sílex" e "Vértice" e do jornal "A Bola". 
Foi um dos fundadores da cooperativa artística Toma Lá Disco, com Ary dos Santos, Fernando Tordo, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho e Luiz Villas-Boas, entre outros. Viu o seu nome ser atribuído a arruamentos na Baixa da Banheira (concelho da Moita) e no Poceirão (concelho de Palmela). Morreu a 17 de abril de 2023, aos 75 anos, depois de um internamento na sequência de doença prolongada.
Victor Hugo 
França 26 Fev 1802 // 22 Mai 1885
Victor-Marie Hugo (Besançon, 26 de fevereiro de 1802 – Paris, 22 de maio de 1885) foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.
Fonte: Wikipedia

8 de agosto de 2024

𝕯𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝕷𝖊𝖎𝖙𝖚𝖗𝖆 - 𝕾𝖑𝖆𝖘𝖍 - 𝕬 𝕬𝖚𝖙𝖔𝖇𝖎𝖔𝖌𝖗𝖆𝖋𝖎𝖆

A HISTÓRIA DE UMA DAS MAIORES MÁQUINAS DE ROCK DA HISTÓRIA, SEMPRE À BEIRA DA AUTO-DESTRUIÇÃO.
Em uma conversa informal, Slash conta a própria história desde as peripécias de infância até os momentos mais sombrios. Pela primeira vez, o ex-guitarrista do Guns N’ Roses revela o que há por trás da lenda: como a banda surgiu, como escreveram músicas que definiram uma era, como sobreviveram a turnês infinitas e loucas, como aguentaram uns aos outros – e, por fim, como tudo acabou.
Esta obra é uma janela para o mundo de um guitarrista notoriamente reservado e um assento na primeira fileira da montanha-russa que foi a história de uma das maiores máquinas de rock, sempre à beira da autodestruição, mesmo em seu maior sucesso. Slash é tudo o que se pode esperar: engraçado, honesto, inteligente, inspirador, surpreendente… Em uma palavra: excessivo!
"Slash inaugura um novo tipo de biografia de rock: surpreendente em qualquer página."
New York Times

"O melhor livro sobre a formação, os anos iniciais e os bastidores do Guns."
Guitar World

"Um curso intensivo para aspirantes a deuses do rock."
Spin
"Maravilhosamente honesto."
Entertainment Weekly
Editora: Belas-Letras; Slash edição (31 agosto 2022) Idioma: ‎ Português Capa dura: ‎ 544 páginas
Sobre o Autor:
Slash é guitarrista, fundador e líder do Velvet Revolver, famoso mundialmente por ter integrado a formação clássica do Gun’s Roses. Anthony Bozza é autor de diversos best-sellers do New York Times, além de ter integrado a equipe da revista Rolling Stone por sete anos. Mora em Nova York.
Disponível: AMAZON

7 de julho de 2024

𝕯𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝕷𝖊𝖎𝖙𝖚𝖗𝖆: 𝕸𝖊𝖚 𝕬𝖕𝖊𝖙𝖎𝖙𝖊 𝖕𝖔𝖗 𝕯𝖊𝖘𝖙𝖗𝖚𝖎𝖈̧𝖆̃𝖔. 𝕾𝖊𝖝𝖔, 𝕯𝖗𝖔𝖌𝖆𝖘 𝖊 𝕲𝖚𝖓𝖘 𝕹' 𝕽𝖔𝖘𝖊𝖘

A autobiografia do baterista original do Guns N’ Roses é um conto repleto de sexo, drogas, excessos, laquê e uma intensa batalha de 20 anos contra o vício. O Guns N’ Roses é uma das bandas de rock mais bem-sucedidas do mundo, com aproximadamente 90 milhões de álbuns vendidos. Adler fez parte da formação original, que gravou o clássico álbum de estreia Appetite for Destruction. O baterista viveu intensamente o estilo de vida de um rock star, com um passado infame de sexo, drogas e rock’n’roll que resultou na sua expulsão da banda. E neste livro, pela primeira vez, Adler conta tudo! Em Meu Apetite por destruição ele revela – com sagacidade e franqueza – sua batalha pessoal contra o vício em drogas (20 anos de vício em heroína e crack), incluindo a ruína financeira que ele enfrentou depois de ter sido chutado da banda e os problemas de saúde que quase tiraram sua vida diversas vezes. Agora limpo e sóbrio, Steven faz o ajuste de contas com sua vida e sua época no Guns N’ Roses, durante a ascensão e queda de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.
Editora: ‎ Ideal; 1ª edição (10 junho 2015) Idioma: ‎ Português Capa comum: ‎ 304 páginas
Resenha Especializada:
“Adler deixa de lado seu próprio ego para contar uma história que é sarcástica e comovente em sua honestidade brutal.” – Examiner “A franqueza deste livro faz dele um tipo totalmente diferente de autobiografia de rock star.” – Examiner “Ótimo para os fãs de Guns N’ Roses… Este é um relato de advertência, do começo ao fim.” – Penthouse 
Sobre o Autor:
Steven Adler foi baterista do Guns N’ Roses de 1985 a 1990. Em 2003, criou a banda Adler’s Appetite, com a qual lançou dois EPs. Hoje toca no grupo Adler, que lançou seu primeiro disco (Back from the Dead) em 2012. Ele participou da segunda temporada do Celebrity Rehab with Dr. Drew, no VH1, e da primeira temporada de Sober House, série criada a partir do Celebrity Rehab focada em um ambiente de vida sóbria. 
Steven mora em Los Angeles com a esposa, Carolina Adler. Lawrence J. Spagnola tem atividades no cinema, na música e na literatura. Participou do livro The Billings Collection, um tributo a Lem Billings, amigo próximo do presidente Kennedy. 
Em 2010, recebeu o Christopher Award por The Courageous Heart of Irena Sendler (no Brasil, O Coração Corajoso de Irena Sendler), um filme sobre o Holocausto com Anna Paquin e Marcia Gay Harden.
Disponível: AMAZON

23 de junho de 2024

𝕯𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝕷𝖊𝖎𝖙𝖚𝖗𝖆: 𝕵𝖔𝖍𝖓 𝕷𝖊𝖓𝖓𝖔𝖓 - 𝕬 𝖛𝖎𝖉𝖆

Biografia definitiva de John Lennon - escrita com base em extensa pesquisa e em documentos e depoimentos inéditos de Yoko Ono, Sean Lennon e Paul McCartney - traz revelações surpreendentes sobre o ex-Beatle, desde a infância em Liverpool até seus anos finais em Nova York, onde Lennon foi morto a tiros em 8 de dezembro de 1980.

Entre as muitas revelações contidas nesta nova biografia de John Lennon, talvez a mais inocente seja a de que, ao contrário do que se acreditava até hoje, não foi a tia, Mimi, mas sua mãe, Julia, quem lhe deu a primeira guitarra. Bem menos inocente é a identificação correta da verdadeira musa de ""Norwegian Wood"", canção dos Beatles que relatava um evidente caso extraconjugal do líder da banda.
Mas nem uma coisa nem outra dá a tônica à cuidadosa pesquisa realizada por Philip Norman ao longo de três anos. Longe de contentar-se com curiosidades ou mexericos, John Lennon: a vida é o relato biográfico mais completo já escrito sobre uma das personalidades mais fascinantes da segunda metade do século XX: John Winston Lennon, nascido em 9 de outubro de 1940 e tragicamente morto a tiros em 8 de dezembro de 1980, na entrada do edifício Dakota, em Nova York.
Com acesso a documentos inéditos e testemunhos diretos de Yoko Ono, Sean Lennon e Paul McCartney, entre outros, Norman começa por descrever em detalhes infância e adolescência do ex-Beatle, e logo traz à tona episódios e personagens cruciais para o entendimento de uma figura tão unanimemente admirada quanto controvertida. O pai, Freddie Lennon, que o teria abandonado ainda pequeno, é uma delas, e seu lado da história ganha aqui, pela primeira vez, um relato pormenorizado. Não menos surpreendentes são os episódios jamais divulgados da vida do ex-Beatle, como a surra feroz e injustificada que, ainda em Hamburgo, Lennon teria dado em Stu Sutcliffe, mais tarde apontada como possível causa da morte prematura do amigo, em 1962.
Stu e Julia, Lennon admitiria mais tarde, foram as grandes perdas de uma existência marcada em igual medida pela genialidade e pela insegurança. Na outra ponta, Yoko Ono dá testemunho sincero e único dos quase quinze anos de vida a dois, e um comovente depoimento de Sean Lennon encerra o livro. Se, como mostra Philip Norman, John carregou por toda a vida a mágoa de não ter podido conviver mais tempo com a mãe, Julia, Sean não teve melhor sorte: tinha cinco anos quando o pai foi assassinado - uma das trágicas coincidências de uma biografia tão rica quanto conturbada, apresentada aqui num texto cristalino, que alia rigor de pesquisa a qualidade literária.

"A melhor biografia de Lennon." - The Observer

"O retrato definitivo de John Lennon, escrito com grande beleza e sagacidade." - The Independent

"Uma história conhecida, mas contada aqui de forma mais verdadeira do que nunca." - Rolling Stone 
Editora: Companhia das Letras; 2ª edição (13 maio 2022) Idioma: ‎ Português Capa comum: ‎ 856 páginas
Sobre o Autor 
Nascido em 1943 em Londres e criado na ilha de Wight, Philip Norman é jornalista, romancista premiado e biógrafo. Entre outras obras, é autor de uma respeitada história dos Beatles, Shout! The Beatles in Their Generation, publicada em 1981.
Disponível: AMAZON

2 de junho de 2024

𝕯𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝕷𝖊𝖎𝖙𝖚𝖗𝖆: 𝕷𝖊𝖉 𝖅𝖊𝖕𝖕𝖊𝖑𝖎𝖓 – 𝕼𝖚𝖆𝖓𝖉𝖔 𝖔𝖘 𝖌𝖎𝖌𝖆𝖓𝖙𝖊𝖘 𝖈𝖆𝖒𝖎𝖓𝖍𝖆𝖛𝖆𝖒 𝖘𝖔𝖇𝖗𝖊 𝖆 𝕿𝖊𝖗𝖗𝖆

“Todo o acesso que Mick Wall teve à banda e sua atenção aos detalhes tornam esta a biografia definitiva do Led Zeppelin. Um livro essencial para todos aqueles que querem conhecer — ou reviver — uma era em que os astros de rock dominavam o mundo.”
Publisher’s Weekly
“Nesta biografia, mais do que humanizar alguns dos maiores mitos da história do rock, Mick Wall lhe dá corpo e alma ao revelar seus segredos mais bem guardados.”
Classic Rock
“A melhor biografia já lançada de uma das maiores bandas de todos os tempos.”
Daily TelegraPhy
Nesta biografia considerada o relato definitivo da carreira meteórica de um dos fundadores da música pesada, o lendário jornalista de rock Mick Wall reúne entrevistas realizadas com os membros do Led Zeppelin ao longo de mais de quatro décadas, uma vasta pesquisa em jornais e revistas, consultas a profissionais e amigos que também fizeram a história da banda e suas próprias recordações de shows e turnês para compor um retrato vívido, muitas vezes polêmico, mas assustadoramente real dos gênios do rock’n’roll que até hoje influenciam gerações de músicos e fãs.

Acompanhando a trajetória de cada membro da banda desde a infância — o catártico Robert Plant, o sombrio Jimmy Page, o multifacetado Paul Jones e o incontrolável John Bonham — Wall resgata histórias de bastidores, desnudando como nunca a intimidade dos músicos muito além dos palcos e dos estúdios de gravação.

Wall revela com detalhes a verdadeira obsessão de Page pelo oculto, as tragédias que marcaram a vida de Plant, como a morte de um de seus filhos em um acidente de carro, as muitas brigas entre Jones e os demais membros do Led Zeppelin e o espírito destrutivo de Bonham que culminaram em sua morte prematura em 1980 e no fim de uma das maiores bandas de todos os tempos.

O livro investiga ainda temas polêmicos, como os muitos processos de plágio enfrentados pela banda, a rotina de sexo, drogas e rock’n’roll que cobrou um preço muito caro de cada um dos integrantes, os eternos rumores sobre um possível retorno e as maldições que, segundo alguns, ainda rondam o nome Led Zeppelin.
Mais do que uma biografia de uma banda de rock tão lendária quanto virtuosa, Quando os gigantes caminhavam sobre a Terra é a história de um tempo em que astros de rock eram deuses e tinham o mundo aos seus pés.
Editora: ‎ Globo; 2ª edição (9 janeiro 2016) Idioma: ‎ Português Capa comum: ‎ 568 páginas
Disponível: AMAZON

15 de julho de 2022

𝕮𝖑𝖆𝖗𝖎𝖈𝖊 𝕷𝖎𝖘𝖕𝖊𝖈𝖙𝖔𝖗 - 𝕻𝕯𝕱 𝕯𝕺𝖂𝕹𝕷𝕺𝕬𝕯


Nascida Chaya Pinkhasivna Lispector (ucraniano: Хая Пінкасiвна Ліспектор; Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920  Rio de Janeiro, 09 de dezembro de 1977), foi uma escritora e jornalista brasileira nascida na Ucrânia. Autora de romances, contos, e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX. Sua obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, reputando-se como uma de suas principais características a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano. Quanto às suas identidades nacional e regional, declarava-se brasileira e pernambucana.

Nasceu em uma família judaica russa que perdeu suas rendas com a Guerra Civil Russa e se viu obrigada a emigrar em decorrência da perseguição a judeus, à época, a qual resultou em diversos extermínios em massa. Especula-se que a mãe de Clarice teria sido violada por soldados russos durante a Primeira Guerra Mundial. A futura escritora chegou ao Brasil, ainda pequena, em 1922, com seus pais e duas irmãs. Clarice dizia não ter nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil. Inicialmente, a família passou um breve período em Maceió, até se mudar para o Recife, onde Clarice cresceu e onde, aos oito anos, perdeu a mãe. Aos quatorze anos de idade transferiu-se com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro, local em que a família se estabilizou e onde o seu pai viria a falecer, em 1940.

Estudou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, conhecida como Universidade do Brasil, apesar de, na época, ter demonstrado mais interesse pelo meio literário, no qual ingressou precocemente como tradutora, logo se consagrando como escritora, jornalista, filósofa, contista e ensaísta, tornando-se uma das figuras mais influentes da Literatura brasileira e do Modernismo, sendo considerada uma das principais influências da nova geração de escritores brasileiros. É incluída pela crítica especializada entre os principais autores brasileiros do século XX.

Suas principais obras marcam cada período de sua carreira. Perto do Coração Selvagem foi seu livro de estreia, publicado quando Clarice tinha 24 anos de idade; Laços de FamíliaA Paixão segundo G.H.A Hora da Estrela e Um Sopro de Vida são seus últimos livros publicados. Faleceu em 1977, um dia antes de completar 57 anos, em decorrência de um câncer de ovário. Deixou dois filhos e uma vasta obra literária composta de romances, novelas, contos, crônicas, literatura infantil e entrevistas.

Biografia

Nascimento

Ruínas da sinagoga de Chechelnyk, aldeia onde Clarice nasceu.

Registrada como Chaya Pinkhasivna Lispector (em ucraniano Хая Пінкасівна Ліспектор), Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 na aldeia de Chechelnyk, região da Podólia, então parte da República Popular da Ucrânia e hoje parte da moderna Ucrânia. Filha dos judeus russos Pinkhas Lispector e Mania Lispector (nascida Krimgold), seu nascimento se deu em meio aos preparativos da família para a fuga do país, em razão do antissemitismo resultante da Guerra Civil Russa no século XX (1918-1920). Pinkhas Lispector era um comerciante, filho do religioso Shmuel Lispector e da burguesa Heived. Pinkhas e Mania se casaram no ano novo de 1889 por determinação dos pais. Do casamento nasceriam três filhas: Leah, em 1911; Tania, em 1915; e Chaya (ou Haia), em 1920.

A fuga foi cogitada primeiramente por Mania Lispector e sua família, que já havia emigrado em sua maior parte para a América do Sul a fim trabalhar em organizações judaicas. No entanto, Pinkhas concordou com a emigração somente em razão do avanço dos pogroms, no fim da década de 1910. Por volta de 1918, a pobreza fez com que a família se mudasse para a cidade de Haisyn, também na Podólia (no atual Oblast de Vinnitsa), onde ocorreram alguns pogroms. Durante um deles, por volta de 1919, especula-se que Mania teria sido estuprada por um grupo de soldados, que lhe teriam transmitido sífilis, informação não confirmada por nenhum parente ou amigo próximo da escritora.

A proibição da emigração de judeus fez com que os Lispector buscassem meios ilegais em uma primeira tentativa, que falhou e que fez com que eles se mudassem para uma aldeia mais próxima das fronteiras, Chechelnyk. No inverno de 1921, conseguiram deixar a Ucrânia após alcançarem o rio Dniestre, através do qual foram levados à cidade de Soroco, então pertencente à Romênia e atualmente à República da Moldávia. Lá viveram em um albergue e Mania foi internada em um hospital de caridade. Planejaram a fuga da Europa, com o intento de emigrar para o Brasil ou para os Estados Unidos, opção esta que acabou por ser inviável devido à aprovação do Emergency Quota Act, que dificultava a emigração do Leste Europeu.

Em 27 de janeiro de 1922, o consulado russo em Bucareste concede à família passaportes válidos para a emigração ao Brasil, que foi feita em uma viagem que passou por Budapeste, Praga e Hamburgo. Nesta última cidade, embarcaram no navio brasileiro Cuyabá, que os levou em condições precárias, a Maceió, onde a irmã de Mania, Zicela, e seu marido, Joseph (ou José) Rabin os esperavam. No Brasil, os nomes russos foram substituídos por nomes da onomástica da língua portuguesa, com exceção de Tania: Pinkhas passou a ser Pedro; Mania transformou-se em Marieta; Leah virou Elisa; Chaya virou Clarice.

Infância

Casa onde viveu Clarice Lispector (indicada pela seta vermelha), no bairro da Boa Vista, Recife.

Em Maceió, a família continuou a viver em condições precárias e enfrentou alguns conflitos decorrentes das dificuldades econômicas e culturais. Para sustentar a família, Pedro tornou-se um pequeno mascate, comprando roupas velhas e usadas em áreas carentes para revendê-las aos comerciantes da cidade, e também deu algumas aulas particulares de língua hebraica para os filhos de alguns vizinhos, além de vender cortes de linho. A situação melhorou somente quando Pedro, ao lado de José, passou a fabricar sabão, como fez na Ucrânia.

Em 1924, aos quatro anos de idade, Clarice ingressou no jardim de infância. Em 1925, após três anos morando em Maceió, mudou-se, pouco depois de seu pai, para Recife com sua mãe e irmãs, possivelmente em consequência dos conflitos familiares e do desejo de Pedro de melhorar as condições da família mudando-se para um centro econômico que apresentava também uma população judaica mais coesa. Viveram no bairro Boa Vista. O pai trabalhava como mercador ambulante, vendendo roupas a prestação pelos bairros mais afastados da cidade.

Em 1928, aos sete anos, aprendeu a ler e a escrever. Em 1930, pouco depois, escreveu, inspirada por uma peça que havia visto, sua primeira peça teatral, Pobre menina rica, de três atos e cujas páginas foram perdidas. Em 1931, enviou contos para a página infantil do Diário de Pernambuco, mas o jornal não publicou seus textos porque “os outros diziam assim: ‘Era uma vez, e isso e aquilo...’. E os meus eram sensações. ... Eram contos sem fadas, sem piratas. Então ninguém queria publicar”. Após completar o jardim de infância, ingressou no ensino primário, na Escola João Barbalho, mostrando bastante interesse por Matemática e passando a dar aulas dessa disciplina aos filhos dos vizinhos.

Por volta dessa época, mudaram-se para a rua Imperatriz Teresa Cristina. Em 1930, na terceira série, Clarice ingressou no Colégio Hebreu-Iídiche-Brasileiro, onde aprendeu hebraico e iídiche. O estado de Mania agravou-se e Clarice escreveu, para tentar agradá-la, contos e peças, mas em 21 de setembro de 1930, aos quarenta e dois anos, Mania Lispector morreu e foi sepultada no Cemitério Israelita do Barro. Em homenagem à mãe, Clarice compôs sua primeira peça para piano. Em 15 de dezembro, seu pai deu início ao processo de nacionalização, solicitando um documento inicial. Em 17 de junho de 1931, encaminhou um pedido de naturalização.

Adolescência

Ginásio Pernambucano, onde Clarice ingressou após concluir o curso primário.

Em 1932, Clarice, aos doze anos, foi aprovada, ao lado da irmã Tania e da prima Bertha, no Ginásio Pernambucano. Em 1933, decidiu tornar-se escritora quando “[tomou] posse da vontade de escrever ... [viu-se] de repente num vácuo. E nesse vácuo não havia quem pudesse [ajudá-la]”. Em sua última entrevista em vida, disse a respeito de sua formação literária: “Misturei tudo. Eu lia romance para mocinhas, livro cor-de-rosa, misturado com Dostoiévski. Eu escolhia os livros pelos títulos e não pelos autores. Misturei tudo. Fui ler, aos treze anos, Hermann Hesse, O Lobo da Estepe, e foi um choque. Aí comecei a escrever um conto que não acabava nunca mais. Terminei rasgando e jogando fora”. A família mudou-se para uma casa própria na avenida Conde da Boa Vista.

Em 7 de janeiro de 1935, com 14 anos, viajando no navio inglês Highland Monarch, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde seu pai esperava dar prosseguimento aos avanços de seu negócio e conseguir bons maridos para suas filhas nos círculos judaicos cariocas. Elisa, entretanto, ficou ainda alguns meses no Recife trabalhando, indo para o Rio de Janeiro um pouco mais tarde e prestando concurso para o Ministério do Trabalho. Apesar de ter conquistado as melhores notas, não havia vagas; ela ingressou no cargo graças à amizade da família com o político Agamenon Magalhães, então ministro do Trabalho e anteriormente professor de Geografia de Clarice e Tania. Em 1938, Tania também tornou-se funcionária pública.

Passam a primeira semana no Rio de Janeiro na residência de um casal judaico no bairro do Flamengo e depois moram em uma casa antiga perto do Campo de São Cristóvão. Estabilizam-se na cidade logo em seguida, ocupando parte da casa 341 da rua Mariz e Barros, no bairro da Tijuca. Clarice então cursava o quarto ano do ginásio no Colégio Sílvio Leite, na mesma rua de sua casa.

Em 1936, terminou o ginásio e ingressou, em 2 de março de 1937, em uma escola preparatória, a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, então chamada de Universidade do Brasil. A decisão causou estranhamento na época, tanto por Clarice ser mulher quanto por não pertencer à elite carioca, mas era justificada por seus desejos de mudanças sociais: “o que eu via [no Recife] me fazia como me prometer que não deixaria aquilo continuar”.

De acordo com ela, “como eu não tinha orientação de nenhuma espécie sobre o que estudar, fui estudar advocacia”. Apesar da relutância do pai, que temia mudanças estressantes na filha, ela seguiu com seus planos e tinha um objetivo: “Minha ideia ... era estudar advocacia para reformar as penitenciárias”.

Em 1938, mudou de escola preparatória, passando para o Colégio Andrews, na Praia de Botafogo, onde se declarou nascida em Pernambuco. Por essa ocasião, voltou a dar aulas, desta vez visando ajudar a aumentar a renda familiar através de aulas particulares de Matemática e Português, além de aprender datilografia e Língua inglesa.

No Rio de Janeiro, os negócios de Pedro não obtiveram grande avanço, apesar de ele ter conseguido, com dificuldade, um emprego de representante comercial. Seu desejo de casar as filhas, entretanto, logrou êxito através de Tania, que se casou no início de 1938 com William Kaufmann, um judeu comerciante de móveis e decorador.

Por essa época ocorreu no Brasil o advento do Estado Novo, liderado por Getúlio Vargas, bem como o avanço da Segunda Guerra Mundial e a intensificação informal das relações do Brasil com a Alemanha nazista e outros regimes ditatoriais, que fizeram com que o antissemitismo penetrasse no Brasil e novamente interferisse na vida da família Lispector, cujo pai, sionista, inclusive arrecadava fundos para os judeus na Palestina, apesar dos riscos.

Universidade do Brasil

Direito

Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro atualmente, onde se formou.

Em 1939, morando na rua Lúcio de Mendonça, no bairro do Maracanã, ela ingressou no curso superior na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que trabalhava como secretária em um escritório de advocacia e em um laboratório, além de já estar fazendo traduções de textos científicos para revistas.

Em 1940, aos dezenove anos, seu interesse por Direito havia diminuído ao passo que aumentara sua atenção à Literatura, de modo que ela publicou, em 25 de maio, seu primeiro conto conhecido, Triunfo, na revista Pan, no qual descreve os pensamentos de uma mulher abandonada por seu companheiro. A posição política da revista de apoio aos regimes ditatoriais, que era semelhante às de outras revistas desse período, todas censuradas, não foi levada em conta por Clarice ao publicar o conto.

Em agosto, seu pai passou mal e foi levado a um médico, o qual lhe informou que sua vesícula biliar precisaria ser retirada através de uma cirurgia considerada simples, que foi marcada para 23 de agosto. Após voltar da clínica com uma forte dor, Pinkhas Lispector morreu três dias depois, em 26 de agosto de 1940, aos 55 anos.

Tania, por já estar casada e ter uma residência, foi quem a partir de então tomou conta das duas irmãs, insistindo para que elas fossem morar com ela e seu marido no apartamento nos arredores dos jardins do Palácio do Catete (mais precisamente na rua Silveira Martins). Devido ao pequeno tamanho do imóvel, Elisa teve que dormir na sala e Clarice no quarto de empregada, lugar onde passava o tempo estudando e escrevendo.

Nessa época, insatisfeita com o trabalho de escritório, ela buscou entrar na área do jornalismo, apesar das dificuldades levantadas às mulheres. De acordo com o que diria anos mais tarde em uma entrevista, passou a andar pelas redações de revistas oferecendo seus contos, até que provavelmente um dia chegou à redação da revista Vamos Ler!, direcionada ao público masculino de classe alta.

A imprensa na época era estritamente censurada pelo governo de Getúlio Vargas e estava sob o jugo do órgão recém-criado do Departamento de Imprensa e Propaganda, que permitia a circulação de determinados periódicos, como a Vamos Ler!, em cuja redação Clarice mostrou seus textos ao jornalista Raimundo Magalhães Júnior, secretário do ministro de Propaganda, Lourival Fontes.

Eu sou tímida e ousada ao mesmo tempo. Chegava lá nas revistas e dizia: “Eu tenho um conto, você não quer publicar?”. Aí me lembro que uma vez foi o Raymundo Magalhães Jr. que olhou, leu um pedaço, olhou para mim e disse: “Você copiou isto de quem?”. Eu disse: “De ninguém, é meu”. Ele disse: “Então vou publicar”.

Jornalismo

Museu Imperial, em Petrópolis, em cuja inauguração conheceu o presidente Getúlio Vargas.

O primeiro texto publicado na revista foi provavelmente Eu e Jimmy, em 10 de outubro de 1940, um conto com temática feminista centrado na relação amorosa entre um homem e uma mulher. Depois disso, de acordo com Tania, Clarice procurou contactar Fontes para conseguir entrar definitivamente na imprensa.

Apesar das dificuldades para entrar na área, na qual, de acordo com Tania, “você não fazia nada se não tivesse relações”, Clarice buscou entrar em contato com Fontes, o qual “gostou dela e a contratou” para trabalhar como tradutora na Agência Nacional, uma agência de notícias do governo. Como não havia vaga para tradutor, foi designada como editora e repórter, a única mulher ali que ocupava tal cargo.

Na equipe da Agência Nacional, conheceu Lúcio Cardoso, um escritor e jornalista mineiro então com 26 anos, já respeitado no meio literário. Desenvolveu uma forte amizade por ele, que compartilhava dos mesmo gostos literários que ela, e chegou a desenvolver uma paixão não-correspondida, pois Cardoso era homossexual. A amizade com Cardoso e com o restante da equipe abriu-lhe novas possibilidades profissionais e literárias, que fizeram com que ela passasse então a escrever e publicar prolificamente.

Em 1941, o trabalho como repórter fez com que ela fosse enviada para diversas localidades, como, por exemplo, à inauguração privada do Museu Imperial em Petrópolis, em 1º de maio, onde conheceu Getúlio Vargas; e a Belo Horizonte, em julho. Durante as viagens, publicou textos em periódicos de diversos lugares.

Em 19 de janeiro, publicou o artigo Onde se ensinará a ser feliz no periódico paulista Diário do Povo, sobre um evento presidido pela primeira-dama Darcy Vargas. Em 9 de agosto, o conto Trecho sai pela Vamos Ler!, sobre a espera de uma mulher por seu companheiro em um bar; no dia 30, Cartas a Hermengardo, na verdade uma trilogia de textos, sai no semanário Dom Casmurro, destinado ao público jovem da classe alta, versando sobre uma mulher que aconselha um homem a ouvir seus instintos.

No mesmo ano também escreveu outros contos que seriam publicados somente na coletânea póstuma A Bela e a Fera (1979): em setembro, Gertrudes pede um conselho; em outubro, seu conto de juventude mais longo, Obsessão, cujo protagonista, Daniel, reaparecerá em seu segundo romance, O Lustre (1946), anos mais tarde. O personagem era baseado em Cardoso, um homem pelo qual a narradora apaixona-se e que a guia; e em dezembro, Mais dois bêbados.

Também dá partida a novos projetos na universidade, ainda objetivando o sistema penitenciário, através da colaboração com a revista universitária A Época, onde publicou os ensaios Observações sobre o fundamento do direito de punir, em agosto, e Deve a mulher trabalhar?, em setembro.

O primeiro ensaio chamou a atenção de estudiosos posteriores por dizer que “O homem é punido pelo seu crime porque o Estado é mais forte que ele, a Guerra ... não é punida porque se acima dum homem há os homens acima dos homens nada mais há”, o que foi interpretado tanto como uma justificativa filosófica e maquiavélica para a ditadura e o nazismo quanto um eco de um ateísmo incipiente de Clarice. Depois desse afastamento, no entanto, na mesma ela época passou a aproximar-se novamente da religião através de leituras de Franz Kafka, também judeu, e do filósofo Baruch de Espinoza, de quem foi encontrada, na biblioteca de Clarice, uma antologia francesa datada de 14 de fevereiro de 1941 e que inspirou a escrita de seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem (1942).

Perto do Coração Selvagem

Manchete do jornal A Noite, em cuja redação trabalhou como redatora.

Por intermédio de Cardoso, passou a frequentar o grupo de amigos que se encontrava no bar Recreio, na Cinelândia, e era composto por literatos como Vinicius de Moraes, Cornélio Pena, Rachel de Queiroz e Otávio de Faria. Através da Agência Nacional também conheceu o poeta Augusto Frederico Schmidt, que foi entrevistado por ela a propósito de fibras industriais, mas que, frente à admiração que Clarice expressou por sua poesia, deu início a uma amizade com ela que duraria o resto de sua vida.

Os textos escritos para a Agência Nacional nessa época seguem a linha editorial feita para agradar a censura do regime de Vargas, resumindo-se a entrevistas com coronéis e generais estrangeiros de passagem pelo Brasil e de coberturas de inaugurações de locais ligados ao governo.

Com o primeiro salário de jornalista comprou o livro Felicidade, de Katherine Mansfield, que a influenciaria ao longo da vida e sobre o qual comentou, em sua primeira leitura: "Este livro sou eu!"

Ao final do ano, com a paixão por Cardoso superada, iniciou um relacionamento amoroso com Maury Gurgel Valente, futuro marido e então colega universitário de direito. Maury, nascido em 1921 no Rio de Janeiro. Ele iniciou o curso em 1938, um ano antes dela, e mudou-se de países quase tanto quanto Clarice na infância.

Em 1942, passou as duas semanas das férias de janeiro na fazenda Vila Rica, em Avelar, no Rio de Janeiro, de onde manteve correspondência com Maury. Os dois ansiavam por se casar, mas ele havia sido aprovado em agosto de 1940 no exame para o serviço estrangeiro, transformando-se em diplomata brasileiro e proibido, portanto, pela legislação da época, de se casar com uma estrangeira, no caso Clarice, ainda não naturalizada brasileira.

A naturalização só poderia ser requerida após o aniversário de 21 anos, em 10 de dezembro de 1941, e o pedido foi organizado logo depois por Samuel Malamud, advogado da Podólia e amigo da família. Em suas tentativas de apressar o processo, chegou a escrever a Getúlio Vargas, pois ele havia perguntado o motivo de ainda não estar naturalizada, mas o processo seguiu o tempo normal.

Em fevereiro, transferiu-se para a redação do jornal A Noite, cuja redação era dividida com a Vamos Ler! e, assim como esta, era uma extensão do órgão governamental para o qual a Agência Nacional também trabalhava. Em 2 de março, ganhou seu primeiro registro profissional, trabalhando oficialmente como redatora sob salário de 600 mil réis.

Teve o primeiro contato com textos de escritores modernistas como Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, através de leituras feitas com o amigo Francisco de Assis Barbosa. Este último aconselhou-a no processo de escrita de seu primeiro romance.

Em março, começou a planejar seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, concluído em novembro e constituído basicamente de rascunhos e escritos separados, unidos em um livro por sugestão de Lúcio Cardoso, que também sugeriu um título, "Perto do Coração Selvagem", retirado de uma passagem do livro Retrato do Artista Quando Jovem, de James Joyce, cujas técnicas, para Cardoso, remetiam às de Clarice. O crítico Álvaro Lins classificou Perto do Coração Selvagem como "[o primeiro romance brasileiro] dentro do espírito e da técnica de Joyce e Virginia Woolf".

Também em março deu início ao seu segundo romance, O Lustre.

Casamento e diplomacia

Calçada do Largo da Pólvora, para onde se mudou em missão diplomata de seu marido.

Em 12 de janeiro de 1943, obteve a naturalização e, em 23 de janeiro, em cerimônia civil, casou-se com Maury Gurgel Valente. Os dois mudam-se temporariamente para a casa dos sogros, Mozart e Maria José Gurgel Valente, no bairro da Glória, e depois para a rua São Clemente, em Botafogo.

Em 3 de maio, recebeu a carteira profissional do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em 17 de dezembro, ela e seu marido formam-se em Direito. Eles não compareceram à cerimônia de colação de grau.

Perto do Coração Selvagem foi encaminhado para os dirigentes do jornal A Noite, que também contava com uma editora, através da qual foi publicado em dezembro de 1943, com impressão de mil exemplares. A pressão dos jornalistas fez com que o livro fosse publicado, dando à autora cem exemplares em troca dos direitos de venda e lucros posteriores, os quais foram enviados por ela a críticos.

A publicação foi recebida com furor no meio literário, causando principalmente elogios da crítica especializada e comparações com escritores europeus como Virginia Woolf, James Joyce, Jean-Paul Sartre e Marcel Proust, o que irritou Clarice, que anos mais tarde negaria a influência e afirmaria na época não ter lido nenhum livro desses autores. Também então começou-se um processo de mitificação da autora através do início dos boatos de que Lispector era um pseudônimo de um escritor famoso. A principal crítica negativa, de Álvaro Lins, sugeria que “temperamentos femininos” enfraqueciam a obra.

Em 11 de janeiro de 1944, adotou o nome de casada na carteira de trabalho, Clarice Gurgel Valente. No dia 19, mudou-se, sob licença do A Noite, para Belém com o marido devido a suas funções como vice-cônsul. Por essa época, sem ocupações profissionais, dedicou-se à leitura de escritores que desconhecia, como Jean-Paul Sartre, Rainer Maria Rilke, Marcel Proust, Rosamond Lehmann e Virginia Woolf.

Em maio, mostrou algumas partes de seu segundo livro, O Lustre, para Cardoso. Em 5 de julho, um mês após o fim da Segunda Guerra Mundial, recebeu a notícia de que seu marido seria transferido para o consulado brasileiro na comuna italiana de Nápoles.

Em 19 de julho, o casal, após alguns dias no Rio de Janeiro, começou a viagem, parando em uma base norte-americana em Parnamirim, Natal, onde esperariam transporte, que chegaria primeiro a Maury e mais tarde a seus dependentes, no caso Clarice, seguindo as ordens enviadas pelo governo.

Em 30 de julho, embarcou, e no dia seguinte chegou à Libéria, em uma base da força aérea dos Estados Unidos em Fisherman’s Lake. Em 1 de agosto, parou em Bolama, na Guiné portuguesa, e foi para Dakar, no Senegal, onde ingressou em um avião particular que a levou a Lisboa, Portugal.

Em Lisboa, atendeu a um jantar dado pelo poeta e diplomata brasileiro Ribeiro Couto, no qual compareceram o biógrafo João Gaspar Simões, a romancista Maria Archer e a poeta Natércia Freire, com a qual estabeleceria uma longa amizade.

Depois de uma semana e meia, seguiu para Casablanca, Marrocos, e depois para Argel, Argélia, onde se hospedou na casa de seu sogro, Mozart Gurgel Valente. Em 24 de agosto, acompanhada de Mozart e do amigo da família Vasco Leitão da Cunha, chegou a Nápoles na Itália, onde morou na rua Gianbattista Pergoless.

Requisitou às autoridades militares permissão para poder fazer trabalho comunitário em ajuda às enfermeiras em um hospital norte-americano em Nápoles, para onde os casos de guerra mais graves eram enviados. Visitou diariamente o hospital, escrevendo e lendo cartas para os soldados e fazendo o que eles necessitassem.

O Lustre

Esfinge de Gizé, que conheceu na viagem de volta do Rio de Janeiro a Nápoles, em 1946.

Em outubro, Perto do Coração Selvagem ganhou o Prêmio Graça Aranha de melhor romance do ano. Em novembro, O Lustre foi concluído, escrito de forma linear, ao contrário do anterior. Esperou que, com o sucesso de seu primeiro livro, pudesse escolher entre editoras e publicar na José Olympio, mas enganou-se e teve que publicá-lo na editora católica Agir, com ajuda de Cardoso.

Em 1945 intensificou a correspondência com os amigos brasileiros, recebendo cartas e livros de, entre outros, Manuel Bandeira, de quem recebeu Poesias completas e Poemas traduzidos. Também passou a reler escritores como Proust, Kafka e a poesia de Emily Brontë, traduzida por Cardoso.

Em 8 de maio, no fim da Segunda Guerra Mundial, em Roma, por sugestão de um amigo em comum, conheceu o pintor surrealista Giorgio de Chirico, que pintou seu retrato, o qual, tanto quanto o artista, não a agradou muito.

Fez viagens pela Itália por Florença, Veneza e novamente Roma, visitando também Córdoba, na Espanha. Conheceu também o poeta e professor italiano Giuseppe Ungaretti. Adotou um cão vira-lata que encontrou em Nápoles, chamado de Dilermando e que inspiraria alguns textos.

Em 23 de novembro, Manuel Bandeira enviou uma carta pedindo o segundo romance e alguns poemas para publicação em antologia. Em resposta à leitura desses poemas, Bandeira enviou uma carta criticando fortemente a poesia de Clarice, o que fez com que ela queimasse todos os poemas que havia escrito. Mais tarde, Bandeira lamentaria ter feito aquele comentário, dizendo: “Você é poeta, Clarice querida. Até hoje tenho remorso do que disse a respeito dos versos que você me mostrou. Você interpretou mal as minhas palavras [...] Faça versos, Clarice, e se lembre de mim”.

Por essa época, em suas cartas, Clarice passa a demonstrar saudades do Brasil e inquietação quanto à vida diplomática. Em dezembro, Maury é promovido a cônsul de segunda classe.

No início de 1946, O Lustre é publicado. Clarice é enviada como correio diplomático do Ministério das Relações Exteriores ao Rio de Janeiro entre janeiro e março, em uma rápida visita, durante a qual conheceu novos amigos que marcariam sua vida. Entre outras pessoas, conheceu Bluma Chafir Wainer, esposa do jornalista Samuel Wainer, Rubem Braga, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos, com quem Clarice teria um romance, após separar-se do marido.

Em 8 de março, é noticiada a transferência de Maury para Berna, Suíça. No dia 21, Clarice volta à Itália através do Egito, onde conheceu a esfinge de Gizé. Ao chegar a Napóles, a mudança já estava preparada e, devido a um rumor falso de que os hotéis suíços não aceitavam cães, teve que abandonar Dilermando.

Em Berna, mudou-se primeiro para o hotel Bellevue-Palace e depois para a rua Ostring. Enfrenta novas dificuldades de adaptação e passa a frequentar os cinemas quase diariamente. Também começa novas leituras de autores como Henrik Ibsen, Theodore Dreiser, Jean Cocteau e Simone de Beauvoir.

Continua escrevendo e publica alguns contos no jornal carioca A manhã, no suplemento Letras e ArtesO crime, em 25 de agosto, inspirado no abandono de seu cão e que mais tarde seria reescrito como O crime do professor de Matemática, seria o primeiro conto do livro Laços de FamíliaO jantar é publicado em 13 de outubro.

Nesta época a escritora, mais uma vez, nega conhecer Sartre, quando, na verdade, o conhecia suficientemente até para dele se diferenciar, pelo menos desde o seu segundo livro, O Lustre, conforme ela mesma afirmou mais tarde: "Acontece que só vim a saber da existência de Sartre no meu segundo livro." (Cf. BORELLI, 1981, p. 66). De acordo com Nádia Gotlib, inclusive, "uma das possíveis razões de o livro ter sido bem recebido na França pode ter sido mesmo a idéia de que teria tido ele influência do existencialismo" (GOTLIB, 1995, p. 340). Muitos dos trabalhos críticos sobre a obra da autora confirmam a relação daquela com a filosofia existencialista de Sartre.

Clarice Lispector, 1972. Arquivo Nacional

Um adendo: além de O Lustre, a obra de Clarice A Maçã no Escuro é também entendida como influenciada pelo pensamento filosófico de Sartre. Guimarães compara A Maçã no Escuro ao romance de Sartre A náusea e nota traços de esquizofrenia em Martim, por este apresentar pensamento fragmentado, com ausência de elos. Segundo Guimarães, a consciência tanto de Martim quanto de Roquentin (protagonista do romance de Sartre), "opera por contiguidade, adesão, coexistência em relação aos circunstantes e não por identificação, à maneira psicanalítica". No mais, muitos críticos literários discutiram a influência do existencialismo de Sartre e da discussão e papéis femininos/masculinos de Simone de Beauvoir nas narrativas de Clarice Lispector. Isso pode ser encontrado, por exemplo, nos seguintes textos: BRASIL, Assis. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Simões, 1969; NUNES, Benedito. O mundo de Clarice Lispector; op. cit.; HERMAN, op. cit., p. 69-74; PONTIERO, Giovanni. The drama of existence in Laços de Família. Studies in Short Fiction, n. 8, 1971 e ANDERSON, Robert K. Myth and existencialism in Clarice Lispector's, 1985.

Neste contexto, e feitas estas considerações pertinentes, é possível pensar uma influência da filosofia formulada por Sartre, Simone de Beauvoir e outros na obra de Clarice, embora fosse temerário considerar a autora como adepta do existencialismo. A verdade é que a filosofia existencialista de Sartre marcou profundamente a geração de intelectuais contemporâneos de Clarice Lispector. No fim do ano de 1946, frequenta o terapeuta Ulysses Girsoler. Ela e Maury passam o réveillon na França, com o casal Wainer, a convite de Bluma.

Maturidade e morte

Clarice e Tom Jobim, sem data. Arquivo Nacional

Em 10 de agosto de 1948, nasce em Berna, Suíça, o seu primeiro filho, Pedro Lispector Valente. Em 10 de fevereiro de 1953, nasce Paulo Gurgel Valente, o segundo filho de Clarice e Maury, em Washington, D.C., nos Estados Unidos.

Quando criança, seu filho mais velho, Pedro, se destacava por sua facilidade de aprendizado e bom comportamento, porém, na adolescência, sua falta de atenção nos estudos e extrema ansiedade acompanhada de agitação consigo mesmo e com a família, foram diagnosticadas como esquizofrenia. Clarice se sentia culpada, sem saber o porquê, pela doença mental do filho, e teve dificuldades para lidar com a situação, recorrendo a psicólogos, psiquiatras e internações, pois o menino era muito agressivo.

Em 1959, Clarice separa-se do marido, devido ao fato de ele estar sempre viajando a trabalho, exigindo que ela o acompanhasse todo o tempo. Não querendo abrir mão de sua carreira e querendo cuidar do filho esquizofrênico em um local fixo, sem as constantes viagens, que deixavam o menino mais nervoso, sem as constantes mudanças de escola do outro filho, que não estava fazendo amizades, e cansada das desconfianças e ciúmes do marido, Clarice deu um fim na relação. O ex-marido fica na Europa, e ela volta a viver permanentemente no Rio de Janeiro com seus filhos, indo morar com eles em um apartamento no Leme. No mesmo ano assina a coluna Correio feminino - Feira de Utilidades, no jornal carioca Correio da Manhã, sob o pseudônimo de Helen Palmer. No ano seguinte, assume a coluna Só para mulheres, do Diário da Noite, como ghost-writer da atriz Ilka Soares.

Em 14 de setembro de 1966, provoca, involuntariamente, um incêndio ao dormir deixando seu cigarro aceso. O quarto fica destruído e a escritora é hospitalizada, ficando entre a vida e a morte por três dias. Sua mão direita é quase amputada devido aos ferimentos. Mesmo depois de passado o risco de morte, fica hospitalizada por dois meses. Clarice começara a fumar e beber ainda na adolescência, enquanto compunha seus poemas.

Estátua da escritora e seu cão Ulisses, no Leme, inaugurada em 14 de maio de 2016 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Em 1975, Clarice participou do I Congresso Mundial de Bruxaria, em Bogotá, na Colômbia. No congresso, Clarice fez uma pequena apresentação do seu conto O ovo e a galinha, que havia traduzido ao inglês e que, a seu pedido, foi lido por outra pessoa. O conto fez sucesso entre os participantes. Ao voltar ao Brasil, a viagem de Clarice ganha ares mitológicos, com jornalistas descrevendo (falsas) aparições da autora vestida de preto e coberta de amuletos. Essa imagem se consolida e Clarice é referida como "a grande bruxa da literatura brasileira". Sobre sua obra, o amigo Otto Lara Resende declara: "não se trata de literatura, mas de bruxaria." Pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela, Clarice é hospitalizada, com um câncer de ovário detectado tarde demais e inoperável. A doença se espalhara por todo o seu organismo. Clarice faleceu em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para sua melhor amiga, Olga Borelli, que sempre estivera ao lado da amiga em seus últimos anos.

Durante toda a sua vida, Clarice foi amiga de grandes escritores, como Fernando Sabino, Lúcio Cardoso, Rubem Braga, San Tiago Dantas entre outros.

Obra

O crítico Alfredo Bosi apresenta três características do estilo narrativo de Clarice Lispector: o uso intensivo da metáfora insólita, a entrega ao fluxo de consciência e a ruptura com o enredo factual. Bosi afirma que, na gênese das histórias da autora, há uma exacerbação tal do momento interior que a própria subjetividade entra em crise, fazendo com que o espírito procure um novo equilíbrio, trazido pela "recuperação do objeto", "não mais [no nível psicológico], mas na esfera da sua própria e irredutível realidade." Para Bosi, "trata-se de um salto do psicológico para o metafísico". Bosi vê também, na escrita da autora, exemplos de três crises literárias: a crise da personagem-ego ("cujas contradições já não se resolvem no casulo intimista, mas na procura consciente do supra-individual"); a crise da fala narrativa ("afetada agora por um estilo ensaístico, indagador") e a crise da velha fundação documental da prosa de romances.

Como tradutora

Jorge Luis Borges, escritor cujo conto foi sua única tradução do espanhol.

Sabe-se que Clarice Lispector dominava pelo menos sete idiomas: português, inglês, francês e espanhol, fluentemente; hebraico e iídiche, com alguma fluência; e russo, com pouca fluência levada da infância. Como tradutora para o português, entretanto, utilizou somente o inglês, o francês e o espanhol.

Além de contos e artigos, traduziu ao todo 35 livros de diversos gêneros e escritores: 13 do inglês; 10 do francês; e 2 provavelmente do inglês ou do francês e talvez do espanhol ou do grego. Contando-se contos, foram mais de 40 traduções.

Em 1941, antes de dar início à sua carreira literária, quando começou a trabalhar na revista Vamos Ler! como repórter, também contribuía com traduções, sendo a sua rimeira o conto Le missionaire, de Claude Farrère.

Em 1963, após um hiato de mais de vinte anos, voltou à ativa com a tradução do inglês do romance The winthrop Woman, de Anya Selton, pela editora Ypiranga. Pelos próximos seis anos, lançou mais duas traduções do inglês pela Ypiranga, uma de Agatha Christie e outra de Alistair MacLean.

Publicou, em 1968, na Revista Jóia, a crônica Traduzir procurando não trair, em que comentou suas preocupações no processo de tradução para manter a fidelidade e outras reflexões sobre o ofício.

Em 1969, publicou sua primeira e única tradução do espanhol, do conto Historia de los dos que soñaron, de Jorge Luis Borges, no Jornal do Brasil. Em 1973, sua primeira tradução do francês, Lumière allumées, de Bella Chagal, pela editora Nova Fronteira.

No restante de sua vida, publicou diversas traduções, tanto em periódicos quanto em editoras. A última tradução publicada em vida foi a do francês do romance Le bluff du futur, de Georges Elgozy, em 1976, pela editora Artenova. Duas traduções, entretanto, ainda seriam publicadas postumamente, do francês: L’homme au magnétophone, de Jean-Jaques Abrahams, em 1978, pela Imago Editora; e da tradução francesa Curtain, de Agatha Christie, em 1987, pela Editora Record.

As editoras em que mais publicou foram a Artenova, em um total de 11, a Nova Fronteira, 6, e a Ypiranga, 4. Os anos mais prolíficos foram 1975, com 8, 1976, com 4, e 1974, com 4.

Na sua última década de vida, em 1970, pouco depois de quando começou a escrever textos infantis, também fez três traduções adaptadas direcionadas para o público infantojuvenil, todas pela editora Abril Cultural: publicada em 1973, do inglês, Gulliver’s travels, de Jonathan Swift; The history of Tom Jones, a foundling, de Henry Filding; e postumamente em 1980, do francês, L’Ïle Mystérieuse, de Júlio Verne.

Em 1970, publicou uma tradução baseada em O talismã, de Walter Scott, pela Ediouro. Também publicou contos reescritos a partir de traduções de Edgar Allan Poe em 1974 e 1975, que aparentemente foram escritos em um mesmo período e posteriormente reunidos em Histórias Extraordinárias de Allan Poe, pela Ediouro, de data não informada.

Traduções no exterior

A Paixão Segundo G.H (1964), traduzido para 22 línguas.

No total, a obra de Clarice Lispector recebeu mais de 200 traduções para mais de 10 idiomas, sendo mais de 179 traduções integrais de livros e 25 de contos publicados em periódicos. Seus livros mais traduzidos são principalmente romances: A Hora da Estrela, com 22 traduções; A Paixão segundo G. H., também com 22; Perto do Coração Selvagem, com 18; Laços de Família, com 16; e Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, com 15.

As traduções foram iniciadas logo depois do início de sua carreira literária e receberam uma boa acolhida da crítica especializada, sendo os idiomas com mais tradução o espanhol, o inglês e o francês.

Em 1954, seu primeiro livro a ser traduzido foi lançado na França: Perto do Coração Selvagem, em tradução de Denise-Teresa Moutonnier pela editora Plon. A tradução desagradou Clarice, que enviou reclamações sobre erros ao editor, Pierre de Lescure, mas acabou por preferir fingir que a tradução nunca existiu.

Em 1955, veio a primeira tradução para o espanhol: Água viva, por Haydeé Yofre para a Sudamericana. Em 1961, a primeira para o inglês: A Maçã no Escuro, por Gregory Rabassa para a editora da Universidade do Texas.

Em 1963, teve sua primeira tradução para o alemão como a primeira de um de seus livros de contos: Laços de Família, por Marianne Eyre, Margareta Ahlberg e Arne Lundgren, para a Norstedts. Em 1964, também para o alemão: A Maçã no Escuro, por Curt Meyer-Clason para a Classen. Em 1966, duas de suas obras são traduzidas para o alemão: Onde estivestes de noite por Sarita Brandt para a Suhrkamp; e o conto A imitação da rosa por Curt Meyer-Clason para a Claassen.

Em 1969, A Paixão segundo G. H., para o espanhol, por Juan García Gayo para a Monte Avila. Em 1973, a primeira para o tcheco: Perto do Coração Selvagem, por Přeložila Pavla Lidmilová para a Odeon; e também o primeiro livro de contos traduzido para o espanhol, Laços de Família, por Haydeé Yofre Barroso para a Sudamericana.

Em 1974, duas traduções para o espanhol: A Maçã no Escuro, por Juan García Gayo para a Sudamericana; e o conto infantil O mistério do coelho pensante, por Mario Trejo para a De La Flor.

Em 1975, outras duas para o espanhol: Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, por Juan García Gayo para a Sudamericana; e A Via Crucis do Corpo, por Haydeé Yofre Barroso para a Santiago Rueda.

Em 1977, ano de sua morte, tem três obras traduzidas: A Paixão segundo G. H. para o inglês, por Jack H. Tomlins para a Knopf; Perto do Coração Selvagem para espanhol, por Basilio Losada para a Alfaguara; e o conto Uma esperança, de Felicidade clandestina, para o espanhol, sob o título de La araña, por Haydeé Yofre Barroso para a Corregidor.

Depois de sua morte, sua obra popularizou-se cada vez mais, alcançando um ápice na década de 1980, com quase duas traduções por ano, depois da qual recebeu nova tradução em praticamente todo ano.

Depois de traduções por diversos tradutores para diversas editoras, editoras específicas começaram um processo de edição criterioso de suas obras, com tradução e projeto gráficos padronizados, dando um novo ápice de tradução da obra de Clarice Lispector, iniciado na década de 2000 e que ainda continua.

Das novas traduções destaca-se a série liderada por Bejamin Moser para a editora britânica Penguin Books na década de 2010,que foi iniciada com a publicação da biografia Why this world, em 2011, e tinha como intuito traduções mais fiéis que as anteriores. O objetivo da série, de acordo com Moser, que convidou outros quatro tradutores para a tarefa, é disponibilizar ao público anglófono traduções mais fieis do que as anteriores, que teriam tentado corrigir certas características da escrita da autora.

A série faz parte de uma outra maior dedicada à difusão da Literatura latina e foi publicada em 2014, contando com quatro traduções: Perto do Coração Selvagem, pela tradutora australiana Alison Entrekigua viva, pelo editor Stefan Tobler; A Paixão segundo G. H., pela poeta e acadêmica Idra Novey; Um Sopro de Vida, pelo professor universitário brasileiro Johnny Lorenz; e A Hora da Estrela, por Moser.

Encontra-se colaboração da sua autoria na revista luso-brasileira Atlântico.

Lista de obras
Estátua da escritora na Praça Maciel Pinheiro, no bairro de Boa Vista, área central de Recife, Pernambuco

Romance

  • Perto do Coração Selvagem (1943)
  • O Lustre (1946)
  • A Cidade Sitiada (1949)
  • A Maçã no Escuro (1961)
  • A Paixão segundo G.H. (1964)
  • Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
  • Água Viva (1973)
  • A Hora da Estrela (1977)
  • Um Sopro de Vida (1978)

Contos

  • Alguns contos (1952)
  • Laços de Família (1960)
  • A Legião Estrangeira (1964)
  • Felicidade Clandestina (1971)
  • Imitação da Rosa (1973)
  • Onde Estivestes de Noite (1974)
  • A Via Crucis do Corpo (1974)
  • O Ovo e a Galinha (1977)
  • A Bela e a Fera (1979)

Literatura infantil

  • O Mistério do Coelho Pensante (1967)
  • A Mulher que Matou os Peixes (1968)
  • A Vida Íntima de Laura (1974)
  • Quase de Verdade (1978)
  • Como Nasceram as Estrelas (1987)

Crônicas

  • Para Não Esquecer (1978)
  • A Descoberta do Mundo (1984)

Correspondências

  • Correspondências (2002)
  • Minhas Queridas (2007)

Entrevistas

  • Entrevistas (2007)

Artigos de jornais

  • Outros Escritos (2005)
  • Correio Feminino (2006)
  • Só para Mulheres (2006)