26 de agosto de 2019

Dica de Leitura: A Menina Submersa

A Menina Submersa: Memórias Caitlín R. Kiernan Obsessões e assombrações à flor da pele Uma “obra-prima do terror e da fantasia dark” da nova geração A Menina Submersa: Memórias é um verdadeiro conto de fadas, uma história de fantasmas habitada por sereias e licantropos. Mas antes de tudo uma grande história de amor construída como um quebra-cabeça pós-moderno, uma viagem através do labirinto de uma crescente doença mental. Um romance repleto de camadas, mitos e mistério, beleza e horror, em um fluxo de arquétipos que desafiam a primazia do “real” sobre o “verdadeiro” e resultam em uma das mais poderosas fantasias dark dos últimos anos. Considerado uma “obra-prima do terror” da nova geração, o romance é repleto de elementos de realismo mágico e foi indicado a mais de cinco prêmios de literatura fantástica, e vencedor do importante Bram Stoker Awards 2013. O trabalho cuidadoso de Caitlín R. Kiernan é nos guiar pela mente de sua personagem India Morgan Phelps, ou Imp, uma menina que tem nos livros os grandes companheiros na luta contra seu histórico genético esquizofrênico e paranoico. Filha e neta de mulheres que buscaram o suicídio como única alternativa, Imp começa a escrever um livro de memórias para tentar reconstruir seus pensamentos e lutar contra o que seria “a maldição da família Phelps”, além de buscar suas lembranças sobre a inusitada Eva Canning, sua relação com a namorada e consigo mesma, que evoca em muitos momentos a atmosfera de filmes como Azul é a Cor mais Quente (Palma de Ouro em Cannes, 2013) e Almas Gêmeas (1994), de Peter Jackson. Não se assuste: é um livro dentro de um livro, e a incoerência uma isca para uma viagem mais profunda, onde a autora se aproxima de grandes nomes como Edgar Allan Poe e HP Lovecraft, que enxergaram o terror em um universo simples e trivial – na rua ao lado ou nas plácidas águas escuras do rio que passa perto de casa –, e sabem que o medo real nos habita. Caitlín dialoga ainda com o universo insólito de artistas como P.G. Wodehouse, David Lynch e Tim Burton, e o enigmático personagem Sandman, de Neil Gaiman, com quem aliás, trabalhou, escrevendo The Dreaming, spin-off derivado da obra-prima de Gaiman. A Menina Submersa evoca também as obras de Lewis Carrol, Emily Dickinson e a Ofélia, de Hamlet, clássica peça de Shakespeare, além de referências diretas a artistas mulheres que deram um fim trágico à sua existência, como a escritora Virginia Woolf. Com uma narração intrigante, não-linear e uma prosa magnífica, Caitlín vai moldando a sua obsessiva personagem. Imp é uma narradora não-confiável e que testa o leitor durante toda a viagem, interrompe a si mesma, insere contos que escreveu, pedaços de poesia, descrições de quadros e referências a artistas reais e imaginários durante a narrativa. Ao fazer isso, a autora consegue criar algo inteiramente novo dentro do mundo do horror, da fantasia e do thriller psicológico. A epígrafe do livro, retirada de uma música da banda Radiohead – “There There” –, diz muito sobre o que nos espera: “Sempre há um canto de sereia que te seduz para o naufrágio”. A Menina Submersa é como esse canto, que nos hipnotiza até que tenhamos virado a última página, e fica conosco para sempre ao lado de nossas melhores lembranças.

Obs: Esse é um daqueles livros lindos que a Darkside books trouxe com uma arte incrível, caprichado, tradução impecável; mas também é um daqueles livros que a gente para no meio porque simplesmente não te fisgou. 
O enredo se trata de fatos sobre a vida de Índia Morgan Phelps -vou confessar que amei o nome dela- que também chamam de Imp. A estória meio que parece um diario, ora meio que uma biografia (ela fala em memórias), e nesse quesito é interessante, no entanto Caitlin R. Kiernan não consegue manter a narrativa interessante do meio para o fim, alias se torna cansativa, lenta demais. 
É aquele tipo de livro que a gente termina pela força de querer mesmo, para que não fique inacabado. A vida de Imp tem seus pontos fortes como a relação dela com a mãe, ser esquizofrênica, suas memórias infantis, e o fato de não sabermos o que realmente aconteceu ou o que somente é fruto de sua imaginação. Porém como disse antes é uma leitura arrastada, lenta, e tem momentos que causam até mesmo irritação (deixei o livro de lado varias vezes). Se era essa a intenção dona Caitlin, conseguiu! Gostei, também odiei, mas não leria novamente. 
Estrelas 2/5⭐ Ano: 2012  Editora: Darkside Books 

Sobre a autora:
Caitlín R. Kiernan (1964) é autora de livros de ficção científica, fantasia dark e paleontóloga. Escreveu dez romances, dezenas de histórias em quadrinhos e mais de 200 contos e novelas. Entre seus trabalhos, destacam-se os romances Silk (1998), Threshold (2001), ambos vencedores do International Horror Guild Award, e The Red Tree (2009); a série em quadrinhos The Dreaming, spin-off de Sandman, de Neil Gaiman, com quem também escreveu a novelização de Beowulf (2007); e a graphic novel Alabaster: Wolves (2013), em parceria com Steve Lieber e Rachelle Rosenberg, vencedora do Prêmio Bram Stoker. A Menina Submersa: Memórias conquistou os Prêmios Bram Stoker e James Tiptree, Jr.

17 de agosto de 2019

Dica de Leitura: A Estrada da Noite

Uma lenda do rock pesado, o cinqüentão Judas Coyne coleciona objetos macabros: um livro de receitas para canibais, uma confissão de uma bruxa de de 300 anos atrás, um laço usado num enforcamento, uma fita com cenas reais de assassinato. Por isso, quando fica sabendo de um estranho leilão na internet, ele não pensa duas vezes antes de fazer uma oferta.

"Vou 'vender' o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto..."

Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas – o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu –, Jude não tem medo de encarar mais um.

Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora.

O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente – verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude.

Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A estrada da noite – e nada é exatamente o que parece.

Ancorando o sobrenatural na realidade psicológica de personagens complexos e verossímeis, Joe Hill consegue um feito raro: em seu romance de estréia, já é considerado um novo mestre do suspense e do terror.
Obs:
Primeiro livro do Joe Hill, vulgo filho do Stephen King, sim, ele manda tão bem que não precisa ficar às sombras do pai. Esse romance é a história de um músico de heavy metal que sofre com a morte de seus companheiros de banda, culpando-se que ele decepcionou as pessoas e por isso desenvolveu uma auto-aversão. Com cinquenta e poucos anos e sendo o último homem em pé, Jude Coyne passa o tempo brigando com qualquer namorada gótica jovem que esteja morando com ele na época.

Um dia, um estranho e-mail é enviado a ele, oferecendo-lhe o terno de um homem morto sendo assombrado por seu fantasma. Pensando que seria bom para sua imagem pública, Jude compra e imediatamente se esquece disso. Isto é, até que o fantasma aparece em uma caixa preta em forma de coração é a visão de um homem velho com rabiscos negros em vez de olhos entra em sua casa. Infelizmente para Jude, o fantasma tem uma vingança pessoal: vê-lo sofrer pela morte de uma namorada suicida que ele abandonou anos antes.
Esse livro tem um enredo fácil, com um anti-herói complicado e alguns momentos genuinamente muito assustadores, o menor dos quais sendo um homem velho aparecendo em sua sala de estar com rabiscos pretos onde seus olhos deveriam estar...

Não sei se estranhamente mas é Marybeth, de 23 anos, que realmente intensifica a história. Você pode ter esperado que ela fugisse ou morresse bastante cedo, mas ela enfrenta a punição e realmente entra em si mesma, enquanto Jude leva muito mais tempo para enfrentar seus demônios passados. Fiquei impressionada com alguns plots e, embora chegue ao ponto em que ele começa a ser muito exagerado em termos, mas ele é rápido e tem algumas idéias interessantes. Não é um livro onde você está com medo do fantasma, mas é um livro onde você pode ter medo das coisas horríveis que as pessoas fazem umas às outras.
Estrelas: 4/5 ⭐⭐⭐⭐/ Editora: Editora Arqueiro (12 agosto 2013) / Idioma:Português / Número de páginas: 402 páginas