19 de dezembro de 2019

Albert Camus

Albert Camus (1913-1960) foi um escritor, jornalista, romancista, dramaturgo e filรณsofo argelino. Recebeu o Prรชmio Nobre de Literatura em 1957 por sua importante produรงรฃo literรกria. Nasceu em Mondovi, na Argรฉlia, na รฉpoca da ocupaรงรฃo francesa, no dia 7 de novembro de 1913. Filho de camponeses ficou รณrfรฃo de pai em 1914. Com a morte do pai na batalha do Marne, durante a Primeira Guerra Mundial, passou por dificuldades financeiras junto com a famรญlia.
Mudou-se para Argel, onde faz seus primeiros estudos. Trabalhou como vendedor de acessรณrios de automรณvel, meteorologista, foi empregado no escritรณrio de corretagem marรญtima e na prefeitura. Com o apoio da famรญlia frequentou a escola e com o incentivo de alguns professores formou-se em filosofia e em seguida conclui o doutorado. Acometido de tuberculose ficou impossibilitado de prestar concurso para professor, que tanto desejava.
Carreira Literรกria: Em 1934, Camus entrou para o Partido Comunista Francรชs, e em seguida no Partido do Povo da Argรฉlia, passando a escrever para dois veรญculos socialistas, iniciando-se como jornalista. Fundou a companhia Thรฉรขntre du Travail onde trabalhou como diretor e ator. Montou peรงas que foram logo proibidas, entre elas, “Revolta das Astรบrias” (1936). Em uma viagem cultural visitou a Espanha, a Itรกlia e a Tchecoslovรกquia, paรญses que sรฃo citados em suas primeiras obras: “O Avesso e o Direito” (1937) e “Bodas” (1938).
Depois de romper com o Partido Comunista, em 1940, mudou-se para Paris, mas teve que fugir diante da invasรฃo alemรฃ. Pouco depois retornou ร  Franรงa e ingressou na Resistรชncia Francesa. Colaborou com o jornal clandestino “Combat”. Travou conhecimento com o filรณsofo Sartre, de quem se tornou amigo.
O Estrangeiro: Em 1942, em plena Guerra Mundial, Albert Camus publica seu mais importante romance, “O Estrangeiro”. O romance narra a histรณria de um homem vidente que comete um crime quase inconsciente e รฉ julgado por esse ato.
Meursault, que vivia sua liberdade de ir e vir sem ter consciรชncia dela, subitamente perde-a envolvido pelas circunstรขncias e acaba descobrindo sua liberdade maior e mais assustadora na prรณpria capacidade de se autodeterminar.
A obra รฉ uma reflexรฃo sobre a liberdade e a condiรงรฃo humana que deixou marcas profundas no pensamento ocidental. Em 1944 publica o ensaio “O Mito de Sรญsifo”, obra que tambรฉm tornaria cรฉlebre seu nome. Duas peรงas suas fizeram sucesso depois da libertaรงรฃo do regime nazista: “O Mal Entendido” (1944) e “Calรญgula” (1945). Em todas essas obras, Albert Camus apresenta uma visรฃo desesperanรงada e niilista da condiรงรฃo humana.
A Peste: Em 1947 Camus publica “A Peste”, uma narrativa simbรณlica da luta de um mรฉdico envolvido nos esforรงos para conter a epidemia. Camus destaca a mudanรงa na vida da cidade de Orรฃ, na Argรฉlia, depois que ela foi atingida pela peste transmitida pelos ratos, e que dizimou grande parte da populaรงรฃo: 
“O cantor, em meio ao terceiro ato de Orfeu e Eurรญdice, estirou-se contra os cenรกrios, morto. As pessoas da plateia levantaram-se, foram saindo lentamente de inรญcio, depois em debandada, espremendo-se umas contra as outras, fugindo da peste que nรฃo poupara nem o palco. Era como se toda a repulsa reprimida durante todo o tempo em que os ratos morriam ร s centenas nas ruas, nas escadas, nas frestas, no lixo, em todos os lugares, explodisse agora, junto com o peito do homem morto”.

Por traz dessa trama simples se percebe, no entanto, a sombra do nazismo e da ocupaรงรฃo alemรฃ, bem como um apelo ร  dignidade humana. Temรกtica muito semelhante aparece na obra “O Estado de Sรญtio” (1948). Em 1949 Albert Camus visita o Brasil e รฉ recebido pelo adido cultural francรชs e pelo mรฉdico e sanitarista Osvald de Andrade.

O Homem Revoltado: Como historiador e filรณsofo, escreveu “O Homem Revoltado” (1951), onde sua postura ideolรณgica aparece com nitidez. A obra รฉ um longo ensaio de carรกter metafรญsico no qual ele analisou a ideologia revolucionรกria e escreveu palavras reveladoras:
“O rebelde rechaรงa, portanto a divindade, para compartilhar as lutas e o destino comum” 
O ensaio nรฃo foi bem recebido pelos cรญrculos de esquerda, que viam nele um pensamento individualista e retรณrico. Albert Camus, que jamais quis aderir ao existencialismo, rompeu com Jean-Paul Sartre, o lรญder do movimento, atacando as ideias marxistas deste, que jรก havia criticado na obra dramรกtica “Os Justos” (1950).
Prรชmio Nobel de Literatura: Homem de opiniรฃo e de aรงรฃo, sempre se manifestou sobre os acontecimentos mundiais, suas obras sรฃo um testemunho das angรบstias, dos dilemas e da presenรงa constante da morte diante de diversos conflitos de sua รฉpoca.
Em 1957, รฉ premiado com o Nobel de Literatura, por sua importante produรงรฃo literรกria.
Seu discurso no banquete oficial e sua conferรชncia aos estudantes da Universidade de Upsala, na Suรฉcia, foram publicados sob o tรญtulo “Discours de Suรจde”.
Albert Camus falece em Villeblevin, Franรงa, no dia 04 de janeiro de 1960, em um acidente de carro, perto de Sens, na Franรงa.

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