- Inca Garcilaso de la Vega: nasceu em Cusco, Peru, em 12 de abril de 1539. Seu pai era espanhol e sua mรฃe era prima-irmรฃ de Atahualpa, o รบltimo imperador inca. Em 1605, Inca Garcilaso de la Vega publicou, em Portugal, sua primeira obra: La Florida del inca. Historia del adelantado Hernando de Soto, gobernador y capitรกn general del reino de la Florida, y de otros heroicos caballeros espaรฑoles e indios. No entanto, sua obra mais conhecida รฉ Historia general del Perรบ. O escritor morreu em 23 de abril de 1616.
- Miguel de Cervantes Saavedra: nasceu na provรกvel data de 29 de setembro, em 1547, no municรญpio espanhol de Alcalรก de Henares. O soneto A la muerte de la reina doรฑa Isabel de Valois, publicado em 1569, supostamente, foi sua primeira obra poรฉtica. No entanto o sucesso sรณ veio em 1605, quando o escritor publicou El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha. Morreu em 23 de abril de 1616.
- William Shakespeare: nasceu no ano de 1564, em Stratford, na Inglaterra, supostamente em 23 de abril. Coincidentemente, em 1616, ele morreu, ao que se acredita, no mesmo dia do nascimento. Escreveu 38 peรงas, dois poemas narrativos e 154 sonetos. Suas peรงas de teatro sรฃo conhecidas mundialmente, como: Hamlet, Romeu e Julieta, Rei Lear e Otelo. Ele foi poeta, dramaturgo e ator.
Para comemorar o Dia Mundial do Livro, indicamos aqui 10 tรญtulos que vocรช nรฃo pode deixar de ler.
1. Fragmentos completos, de Safo
A poetisa Safo nasceu na ilha de Lesbos, na Grรฉcia antiga, paรญs em que viveu entre os sรฉculos VII a. C. e VI a. C. Sua obra chegou fragmentada atรฉ nossos dias, sendo que seu รบnico poema completo รฉ Ode a Afrodite. Assim, o livro Fragmentos completos traz a obra completa (e em pedaรงos) da autora.
O romance Dom Quixote, de Miguel de Cervantes (1547-1616), conta as aventuras de um fidalgo que, depois de ler inรบmeras novelas de cavalaria, comeรงa a confundir ficรงรฃo com realidade. O Cavaleiro da Triste Figura, Dom Quixote de la Mancha, consegue convencer o ingรชnuo Sancho Panรงa, que busca dinheiro e glรณria, a ser seu escudeiro. E para completar a realidade fantรกstica criada por sua loucura, ele encontra tambรฉm uma dama para amar, a idealizada Dulcineia, um amor de fantasia. A partir daรญ, vai viver vรกrias aventuras ao lado de seu escudeiro.
A histรณria de Dom Quixote jรก foi adaptada vรกrias vezes para o pรบblico infantil e juvenil. Quem nunca ouviu falar do louco Dom Quixote, que lutava contra moinhos de vento por pensar que eram gigantes, montado em seu cavalo Rocinante, apaixonado por Dulcineia e acompanhado pelo seu fiel escudeiro Sancho Panรงa? O romance original, na รญntegra, รฉ extenso e dividido em duas partes, ambas contam as aventuras do herรณi, em tom francamente irรดnico.
Considerado a maior obra da literatura espanhola e um clรกssico da literatura mundial, o livro รฉ uma sรกtira ร s novelas de cavalaria medievais. Assim, ironiza a figura do herรณi e da mulher idealizada, jรก que o protagonista nรฃo apresenta os dotes fรญsicos de um herรณi e nem a amada Dulcineia, na verdade uma lavradora, possui o refinamento de uma dama.
3. Frankenstein, de Mary Shelley
O romance de ficรงรฃo cientรญfica Frankenstein (ou o Prometeu moderno), da escritora britรขnica Mary Shelley (1797-1851), surgiu em um desafio proposto pelo poeta romรขntico Lord Byron (1788-1824): a escrita de uma histรณria de terror. Com essa inspiraรงรฃo, o livro de Shelley conta a histรณria do Dr. Victor Frankenstein e de sua criatura (um ser feito com partes de cadรกveres), que, abandonada pelo seu criador, precisa descobrir sozinha como sobreviver.
A trama adensa-se quando a criatura pede ao Dr. Frankenstein que crie para ela uma companheira. Quando o cientista decide nรฃo cometer o mesmo erro, ele se torna alvo da vinganรงa implacรกvel do monstro que criou — um Adรฃo sem Eva ou um Prometeu moderno (na mitologia grega, Prometeu rebela-se contra o deus dos deuses, Zeus).
O livro Frankenstein pode ser lido como um alerta sobre os perigos da interferรชncia do ser humano na natureza, o que leva ร discussรฃo รฉtica acerca dos limites da ciรชncia. Tambรฉm pode ser entendido como uma metรกfora para a prรณpria criaรงรฃo artรญstica: a relaรงรฃo conflituosa entre autor e obra.
Quincas Borba รฉ um romance que faz parte da fase realista do escritor brasileiro Machado de Assis (1839-1908). Ele conta a histรณria de Rubiรฃo, professor em Barbacena, que recebe uma heranรงa de seu amigo, o filรณsofo Quincas Borba, com a seguinte condiรงรฃo: cuidar do cachorro do filรณsofo, que tem o mesmo nome do dono. Assim, a ironia tรฃo caracterรญstica do autor jรก se apresenta no tรญtulo da obra, pois nรฃo se sabe se se refere ao cachorro, ao seu dono ou aos dois.
Rubiรฃo muda-se para a corte, o Rio de Janeiro, onde vive o casal Sofia e Cristiano Palha. Ela, com a conivรชncia do marido, seduz o ingรชnuo Rubiรฃo a fim de conseguir dinheiro para os negรณcios daquele. Alรฉm desse casal, Rubiรฃo รฉ explorado por todos os “amigos” que o cercam. O livro, portanto, mostra, no jogo de interesses, a corrupรงรฃo humana. Fato รฉ que a riqueza sobe ร cabeรงa do antigo professor, que comeรงa a sofrer um processo gradual de enlouquecimento.
5. Morte em Veneza, de Thomas Mann
Morte em Veneza, livro do escritor alemรฃo e Nobel de Literatura Thomas Mann (1875-1955), mostra a paixรฃo de um velho escritor, Gustav von Aschenbach, pelo adolescente Tadzio, em franco diรกlogo com a chamada “pederastia grega”|3| da Antiguidade. Assim, o artista tem pelo jovem um amor idealizado, รฉ fascinado pela sua beleza e juventude.
Tadzio รฉ, portanto, uma metรกfora para a arte, a beleza que o artista buscou por toda a vida (que estava em seu fim) e que encontrou personificada em um adolescente. Nessa perspectiva, o culto ร beleza ideal, tรฃo caracterรญstico da arte grega antiga, รฉ retomado com base na idolatria de Gustav von Aschenbach pelo belo Tadzio.
Ulysses, obra-prima do escritor irlandรชs James Joyce (1882-1941), รฉ uma obra monumental dado o seu tamanho e carรกter experimental. Uma obra repleta de neologismos, com fluxos de consciรชncia (processo de pensamento do personagem), que relata, em mais de mil pรกginas (a depender da ediรงรฃo), um dia na vida dos habitantes de Dublin (capital da Irlanda), tendo como personagem principal Leopold Bloom, um homem extremamente comum, que pode ser entendido como o herรณi (Ulisses ou Odisseu) moderno. O livro, portanto, dialoga com a obra Odisseia, do escritor grego Homero.
O livro Admirรกvel mundo novo, do escritor inglรชs Aldous Huxley (1894-1963), foi publicado, pela primeira vez, em 1932. A obra revela um mundo distรณpico (isto รฉ, nรฃo utรณpico, imperfeito), uma realidade futura vivenciada pela ausรชncia de dor e conflitos, com pessoas adaptadas ร s regras de uma sociedade opressora totalmente controlada pela ciรชncia.
Nesse mundo, as pessoas vivem alheias ร realidade, com direito a receberem uma cota de “soma”, uma droga alienante. No entanto, existe um lugar chamado Malpaรญs, onde vivem os nรฃo civilizados. Lรก, o personagem Bernard conhece o selvagem John. Ao conhecer o “admirรกvel mundo novo”, John, o elemento conflitante da obra, passa a questionar aquela realidade supostamente perfeita.
8. 1984, de George Orwell
O romance 1984, do inglรชs George Orwell (1903-1950), publicado pela primeira vez em 1949, รฉ mais uma obra distรณpica que apresenta uma realidade futura. Assim, no ano de 1984, o pensamento de todos รฉ controlado pelo Grande Irmรฃo (Big Brother). Nesse contexto, as pessoas sรฃo vigiadas o tempo inteiro e a histรณria oficial รฉ manipulada e reescrita diariamente.
Nessa perspectiva, um dos instrumentos de controle do pensamento utilizado pelo Partido รฉ a “novilรญngua” — uma nova lรญngua, derivada do inglรชs, em que se observam a recriaรงรฃo de palavras, de forma a alterar seus sentidos, e a eliminaรงรฃo de tantas outras que pudessem representar uma ameaรงa ao regime totalitarista vigente na histรณria.
Assim, quando Winston Smith, o protagonista, passa a questionar a “verdade” disseminada oficialmente, ele se torna uma ameaรงa a ser eliminada pela Polรญcia do Pensamento. Portanto, na realidade distรณpica criada por Orwell, pensar e questionar รฉ uma atitude criminosa passรญvel de pena de morte e a liberdade inexiste, pois atรฉ o seu conceito รฉ eliminado.
A paixรฃo segundo G.H. รฉ uma das obras mais hermรฉticas (difรญceis de compreender) da escritora brasileira Clarice Lispector (1920-1977). Basicamente, conta a histรณria de uma dona de casa de classe mรฉdia que demite sua empregada. Ela estรก sozinha em casa, vai atรฉ o quartinho da empregada, olha o armรกrio vazio, vรช e mata uma barata. A partir daรญ, G.H. inicia um fluxo de consciรชncia epifรขnico (pensamentos reveladores), pois ela passa a refletir sobre a prรณpria existรชncia humana.
10. Morangos mofados, de Caio Fernando Abreu
O livro de contos Morangos mofados, do escritor brasileiro Caio Fernando Abreu (1948-1996), traz o desencanto em relaรงรฃo ao movimento de contracultura, que teve seu auge nos anos 1960. Publicados, pela primeira vez, em 1982, esses contos tornaram-se representantes de um sonho que nรฃo se realizou ou que simplesmente acabou, um “fracasso” metaforizado pela expressรฃo “morangos mofados”.
Nesse livro, estรฃo tambรฉm os famosos contos “Sargento Garcia” e “Aqueles dois”, cuja temรกtica homoerรณtica, recorrente na obra do autor, transita entre o erotismo explรญcito, no primeiro, e a denรบncia de intolerรขncia e discriminaรงรฃo, no segundo.
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