Apesar disso, era nessa desolada mansão que eu tencionava passar algumas semanas. O proprietário, Roderick Usher, havia sido um de meus joviais amigos de infância, mas muitos anos tinham se passado desde o nosso último encontro. Uma carta, no entanto, que me chegara recentemente numa parte distante do país? uma carta dele? exigia pela insistência de seu teor resposta pessoal. A caligrafia revela agitação nervosa. O remetente falava de aguda doença física, de opressiva perturbação mental e do intenso desejo de me ver, como seu melhor e na verdade único amigo pessoal, com a intenção de lograr, pela alegria de minha companhia, algum alívio para sua doença. A maneira pela qual tudo isso e muito mais coisas foram ditas e o manifesto estado de espírito expresso no pedido impediram-me qualquer hesitação e por esse motivo obedeci na mesma hora ao que ainda considerava como um convite muito estranho.
Apesar
de, quando crianças, termos sido companheiros íntimos, eu na verdade, conhecia
pouco meu amigo. Sua reserva sempre tinha sido excessiva e habitual. Eu sabia,
no entanto, que sua família, muito antiga, distinguia-se havia muito tempo pela
peculiar sensibilidade de temperamento, demonstrada ao longo de muitos séculos
em notáveis obras de arte e que ultimamente se manifestava em repetidos atos de
generosa e discreta caridade e também na apaixonada devoção pela complexidade
da ciência musical, talvez ainda mais do que por suas belezas naturais e fáceis
de reconhecer. Fiquei sabendo também de um fato incrível: o tronco da linhagem
dos Usher, embora tão antiga, nunca tinha produzido qualquer ramo duradouro. Em
outras palavras, a família se perpetuara apenas em linha direta e assim
continuava, com variações bem poucos importantes e temporárias. Era essa
deficiência, pensava eu, enquanto repassava em pensamento a perfeita harmonia
entre o aspecto da propriedade e o caráter de seus moradores, imaginando a
possível influência que aquela podia ter exercido, ao longo dos séculos, sobre
estes ? era essa deficiência, talvez, de um ramo colateral e a conseqüente transmissão
direta, de pai para filho, do patrimônio e do nome da família que haviam ao
longo dos tempos identificado ambas de tal modo que fundiram o título original
da propriedade na estranha e equívoca designação de Casa de Usher ? designação
que, na mente dos camponeses que a utilizavam, parecia servir tanto para a
família quanto para a mansão da família.
Eu
disse que o único efeito da minha experiência um tanto infantil de olhar para o
fosso havia sido aprofundar aquela primeira impressão. Sem dúvida, quando tomei
consciência do rápido aumento de minha superstição (por que não usar esse
termo?), isso serviu principalmente para intensificar o próprio aumento. Tal é,
sei disso há muito tempo, a lei paradoxal de todos os sentimentos fundados no
terror. E pode ter sido por essa única razão que, ao levantar os olhos de sua
imagem no fosso para a própria mansão, surgiu-me na mente uma estranha visão?
tão estranha, de fato, que só a menciono para mostrar a intensa força das
sensações que me sufocavam. Minha imaginação mostrava-se tão excitada que
realmente acreditei que em volta da mansão e da propriedade pairava uma
atmosfera especial, própria do lugar e de seus arredores, atmosfera que não se
relacionava como o ar do céu, emanando antes das árvores apodrecidas, das
paredes cinzentas, do fosso silencioso? um vapor místico e pestilento, espesso,
entorpecido, sutil e lívido.
Observando
tudo isso, atravessei a cavalo o curto carreiro que levava até a casa. Um
cavalariço levou minha montaria, e avancei pelo arco gótico do vestíbulo. Um
criado de andar furtivo conduziu-me então, calado, por muitas passagens escuras
e tortuosas, até o gabinete de seu patrão. Muitas das coisas que vi pelo
caminho contribuíam, não sei como, para fortalecer os imprecisos sentimentos de
já falei. Os objetos à minha volta? os entalhes do forro, as sombrias
tapeçarias das paredes, o negrume de ébano do assoalho e as fantasmagóricas
armaduras que retiniam quando eu passava? eram coisas com que eu estava, ou
devia estar familiarizado desde a infância, mas, embora não hesitasse em
reconhecê-las como tais, ainda me espantava ao perceber como eram estranhas as
visões que essas imagens tão comuns produziam em mim. Numa das escadas, cruzei
com o médico da família. Julguei ver em sua fisionomia uma expressão desanimada
e perplexa. Cumprimentou-me agitado e afastou-se. O criado então abriu uma
porta e me levou até a presença de seu patrão.
Achei-me
numa sala muito ampla e alta. As janelas, compridas, estreitas e pontudas,
tinham peitoris tão afastados do assoalho de carvalho negro que era impossível
alcança-los. Fracos raios de luz avermelhada penetravam pelas vidraças
guarnecidas com rótulas, só conseguindo tornar visíveis os objetos próximos
mais volumosos. O Olhar, porém, lutava em vão para perceber os cantos mais
distantes da sala ou os recessos do forro em abóbada guarnecido com entalhes.
Sombrias cortinas pendiam das paredes. O mobiliário era excessivo,
desconfortável, antigo e gasto. Os muitos livros e instrumentos musicais que
jaziam dispersos não conseguiam dar vitalidade alguma ao ambiente. Senti que
respirava uma atmosfera de tristeza. Um ar de severo, profundo e irrecuperável
desalento pairava sobre as coisas e impregnava a tudo.
Assim
que entrei, Usher levantou-se do sofá onde estava deitado ao comprido e
cumprimentou-me com calorosa vivacidade, na qual havia muito, de início
julguei, de cordialidade forçada, do esforço constrangido de um homem de
sociedade entediado. Mas, olhando seu rosto, convenci-me de sua perfeita
sinceridade. Sentamos e, por alguns momentos, como ele não falava nada, fiquei
olhando-o com um sentimento misto de piedade e espanto. Com toda a certeza,
nenhum homem jamais se transformara tão terrivelmente, em período tão curto,
quanto Roderick Usher! Só com muita dificuldade consegui admitir que o homem
doentio diante de mim era o mesmo companheiro de infância. No entanto, suas
feições sempre tinham sido notáveis: tez cadavérica; olhos grandes, líquidos e
luminosos, sem comparação; lábios um tanto finos e muito pálidos, mas de
conformação extremamente bela; o nariz, com delicado desenho hebraico, mas
exibindo narinas largas, incomuns nesse tipo; o queixo finamente delineado,
revelando, pela ausência de volume, carência de energia moral; cabelos mais
finos e macios que os fios de uma teia. Todos esses traços e mais o
extraordinário desenvolvimento da fronte combinavam-se num aspecto difícil de
esquecer. E agora, com o mero exagero desses traços e da expressão que
costumavam mostrar, havia tal mudança que cheguei a duvidar de que era com ele
que falava. A cadavérica palidez da pele e o brilho agora sobrenatural dos
olhos, acima de tudo, surpreendiam-me e até me aterravam. O cabelo sedoso
também tinha crescido descuidadamente e como, por causa da textura muito fina,
flutuasse em vez de cair nos lados do rosto, eu não conseguia, mesmo com
esforço, vincular sua expressão fantástica com qualquer ideia de simples
humanidade.
Fiquei
abalado ao perceber logo certa incoerência nas maneiras de meu amigo, certa
inconsistência, e logo descobri que isso se devia a uma série de fracos e
inúteis esforços para dominar tremor frequente, uma excessiva agitação nervosa.
Eu estava preparado para encontrar algo assim, não só por sua carta, mas também
pela lembrança de certos traços juvenis e pelas conclusões deduzidas de seu
estado físico e de seu temperamento. Suas atitudes alternavam da vivacidade ao
desânimo. A voz variava, rapidamente, passando da trêmula indecisão (quando seu
ardor parecia tornar-se profundamente entorpecido) para o tipo de energética
concisão, para a abrupta, pesada, lenta e oca articulação, para a fala
arrastada, controlada, gutural e perfeitamente modulada que se pode observar
nos bêbados costumazes e nos fumadores de ópio irrecuperáveis, durante os
períodos mais intensos de excitação.
Foi
assim que ele se referiu ao objetivo de minha visita, de seu grande desejo de
me ver e do alívio que esperava encontrar em minha companhia. Depois, falou por
algum tempo do que achava da natureza de sua doença. Segundo ele, era um mal de
família e de nascença, para o qual já tinha perdido a esperança de encontrar
remédio; mera perturbação nervosa, disse logo em seguida, que sem dúvida ia
passar logo. A doença se manifestava numa série de sensações antinaturais.
Algumas, enquanto as ia descrevendo, me deixaram interessado e confuso, apesar
talvez de que tenham influído os termos usados e a forma geral da descrição.
Ele sofria, e muito, de doentia exageração dos sentidos: só tolerava o mais insípido
alimento; não podia usar senão roupas de determinadas texturas; os perfumes de
todas as flores pareciam-lhe sufocantes; até a luz mais suave lhe torturava os
olhos e só os sons especiais dos instrumentos de cordas não lhe provocavam
horror.
Compreendi
que ele estava escravizado por uma espécie anormal de terror.
–
Vou morrer? disse ele? Devo morrer nesta loucura lamentável. Assim, assim e de
nenhuma outra forma é que vou me perder. Abomino os fatos do futuro, não em si
mesmos, mas por seus resultados. Estremeço diante da ideia de qualquer incidente,
até mesmo o mais trivial, que possa afetar essa intolerável agitação da alma.
Não tenho, na verdade, aversão pelo perigo, a não ser em seu efeito absoluto: o
terror. Neste deplorável estado de abatimento sinto que mais cedo ou mais tarde
chegará um momento em que vou ter de abandonar ao mesmo tempo a vida e a razão,
na luta com o fantasma sinistro do MEDO.
Descobri
também, aos poucos e através de pistas equívocas fragmentadas, outro traço
singular de seu estado mental. Ele estava acorrentado a certas impressões
supersticiosas quanto à casa em que morava e da qual, por longos anos, não se
aventurava a sair… a uma influência, cuja suposta força foi narrada em termos
vagos demais para reproduzir aqui… influência que alguns detalhes da matéria e
da forma da mansão familiar tinham, às custas de longo sofrimento, conseguindo
exercer sobre seu espírito… efeito físico que as paredes e torres cinzentas e o
sombrio fosso onde elas refletiam tinham acabado por exercer sobre o moral de
sua existência.
Ele
admitia, porém, embora com hesitação, que grande parte do desalento que sofria
talvez tivesse origem mais natural e bem mais palpável: na séria e prolongada
doença (na verdade, na morte evidentemente próxima) de uma irmã adorada, sua
única companheira por longos anos, sua única e última parenta nesta terra.
–
A morte dela? disse ele, com amargura que nunca esquecerei? tornará (a ele,
fraco e sem esperanças) o último representante da antiga raça dos Usher.
Enquanto
falava, Lady Madeline (pois era assim que se chamava) passou pela parte mais
distante do aposento e, sem notar minha presença, desapareceu. Olhei-a com
profunda surpresa e uma ponta de medo? e, no entanto, não encontrava explicação
para esses sentimentos. Uma sensação de estupor me sufocava, enquanto seguia
com os olhos seus passos. Quando uma porta, afinal, se fechou atrás dela, meu
olhar procurou instintiva e ansiosamente o irmão, mas este escondera o rosto
nas mãos, e só pude perceber que uma palidez maior que a normal tinha tomado
conta dos dedos magros, pelos quais escorriam muitas lágrimas emocionadas.
A
doença de Lady Madeline vinha desafiando, por muito tempo, a habilidade dos
médicos. Apatia permanente, progressivo enfraquecimento físico e crises frequentes,
mas passageiras, caráter parcialmente cataléptico eram o diagnóstico incomum.
Até então ela tinha resistido firmemente contra o avanço da doença,
recusando-se a cair de cama, mas no final da tarde de minha chegada ela
sucumbiu (como me contou o irmão, à noite, com indescritível agitação) ao poder
destruidor do mal. E compreendi que a visão de relance de seu vulto seria
provavelmente a última e que não veria mais a moça, pelo menos com vida.
No
decorrer dos dias seguintes, seu nome não foi mencionado por Usher ou por mim.
Durante esse período dediquei-me vivamente a aliviar a melancolia de meu amigo.
Pintávamos e líamos juntos; ou eu ouvia, como num sonho, as arrebatadas
improvisações que ele fazia em sua eloquente guitarra. E assim, à medida que
aumentava a intimidade que ia me revelando os recessos mais íntimos de seu
espírito, mais amargamente eu percebia quão inúteis seriam as tentativas de
alegrar aquela mente da qual a escuridão, como uma qualidade inerente e ativa,
vertia sobre todos os objetos do mundo físico e moral uma incessante radiação
de tristeza.
Ficarão
para sempre gravadas em minha memória as muitas horas solenes que passei a sós
como o chefe da Casa de Usher. Mas nunca conseguiria dar uma ideia do caráter
exato dos estudos ou das ocupações em que ele me envolvia ou me conduzia. Uma
idealidade excitada e altamente desequilibrada lançava um brilho sulfuroso
sobre todas as coisas. Suas longas cantigas fúnebres soarão para sempre em meus
ouvidos. Entre outras coisas, lembro-me dolorosamente de certa estranha
alteração e amplificação da romântica melodia da última valsa de Von Weber.
Quanto às pinturas em que extravasava sua elaborada fantasia e que se
metamorfoseavam, pincelada por pincelada, até atingir uma indefinição que me
causava estremecimentos ainda mais emocionantes, pois eu não sabia por que
estremecia? quanto a essas pinturas (tão vívidas que até hoje tenho suas
imagens diante dos olhos) em vão me esforçaria para retirar delas apenas uma
pequena parte, passível de ser traduzida por simples palavras escritas. Através
da extrema simplicidade e crueza do desenho, ele retinha e dominava a atenção.
Se algum mortal jamais pintou uma ideia, esse mortal foi Roderick Usher. Para
mim, pelo menos, na situação em que então em encontrava, dessas puras
abstrações que o hipocondríaco conseguia projetar nas suas telas surgia um
terror intenso e intolerável, assombro que nem de longe jamais senti nas
fantasias (sem dúvida brilhantes) de Fuseli, mas ainda assim concretas demais.
Uma
das criações fantasmagóricas de meu amigo em que esse espírito abstrato não era
tão rígido pode ser descrita, ainda que pobremente, em palavras. Era um quadro
pequeno, representando o interior de uma câmara ou túnel imensamente longo e
retangular, com paredes baixas, lisas, brancas e sem qualquer interrupção ou
adornos. Certos detalhes do desenho conseguiam dar muito bem a ideia de que
essa escavação ficava a uma extrema profundidade, abaixo da superfície da
terra. Não se via qualquer abertura em toda a sua vasta extensão nem se
percebiam tochas ou qualquer outra fonte de luz artificial. No entanto, uma
torrente de intensos raios jorrava, tudo banhando num esplendor cadavérico e
antinatural.
Falei
há pouco do estado mórbido do nervo auditivo, que tornava intolerável qualquer
música para esse sofredor, com exceção de certos efeitos de instrumentos de
cordas. Foram, talvez, os estreitos limites a que ele se limitava na guitarra
que deram origem, em grande parte, ao caráter fantástico de suas execuções. Mas
a fervorosa facilidade de seus improvisos era inexplicável. Deviam ser e eram,
tanto nas notas quanto nas palavras de suas loucas fantasias (pois ele muitas
vezes acompanhava a música com improvisações verbais rimadas), resultado da
intensa e imperturbável concentração mental de que já falei antes, só
observáveis nos momentos de maior excitação artificial. Lembro-me facilmente
das palavras de uma dessas rapsódias. Fiquei, talvez, tão impressionado quando
ele as cantou, porque, na corrente subjacente ou mística de seu significado,
julguei perceber, pela primeira vez, que Usher tinha plena consciência da
instabilidade de sua mente altiva sobre seu trono. Os versos, intitulados “O
Palácio Assombrado”, eram quase exatamente assim:
I
No mais
verde de nossos vales,
Por bons
anjos habitado,
Outrora
um belo e rico palácio,
Radiante
palácio, se erguia.
Nos
domínios do rei Pensamento,
Lá estava
ele!
Nunca
serafim algum abriu as asas
Sobre tão
bela obra.
II
Bandeiras
amarelas, gloriosas, douradas,
Em seus
telhados flutuavam, ondulando
(Isso,
tudo isso, ocorreu nos velhos tempos
De
antigamente)
E toda
suave brisa que brincava,
Naqueles
doces dias,
Pelos
muros pálidos e engalanados,
Um
sublime perfume desprendia.
III
Quem
passava por esse vale feliz
Por duas
janelas luminosas via
Espíritos
deslizando, musicais,
Ao som de
alaúde bem afinado,
Em volta
de um tronco, onde sentava-se
(Porfirogênito
(!)
Na
grandeza de sua glória muito justa,
O senhor
desse reinado.
IV
Pela bela
porta do palácio
Brilhante
com pérolas e rubis,
Ia
passando, passando, passando,
E sempre
mais cintilando,
Uma tropa
de Ecos cujo doce dever
Era
apenas cantar
Com vozes
de insuperável beleza,
A viva
sabedoria do rei.
V
Mas
vultos maus, trajados de luto,
Atacaram
o alto reino do monarca;
(Ah,
choremos, pois nunca mais
O dia vai
nascer para ele, o desolado!)
E, em
volta do palácio, a glória
Que
brilhava e florescia
Não passa
agora de mal lembrada história
Dos
velhos tempos sepultados.
VI
E quem
passa agora pelo vale,
Pelas
janelas rubras vê
Enormes
formas que fantásticas se movem,
Ao som de
melodia discordante;
Enquanto
isso, como rio terrível,
Pela
pálida porta se precipita
Para
sempre uma hedionda multidão
Que gargalha, mas não mais sorri.
Lembro-me
bem de que as sugestões despertadas pela balada nos levaram a uma linha de
pensamento em que se tornou manifesta uma opinião de Usher, que menciono não
tanto por causa de sua novidade (pois outros homens (2) já pensaram desse
modo), mas devido à insistência com que ele a defendia. Essa opinião, em termo
gerais, afirmava que todos os vegetais têm sensibilidade. Mas, na imaginação
desordenada de Usher, essa ideia tinha assumido caráter ainda mais ousado e
chegava, sob certos aspectos, ao reino das coisa inorgânicas. Não encontro
palavras para expressar toda a extensão, ou melhor, a sincera espontaneidade de
sua convicção. Tal crença, no entanto, relacionava-se (como já insinuei antes)
com as pedras cinzentas da mansão e seus antepassados. As condições para essa
sensibilidade eram realizadas, imaginava ele, no método de colocação das pedras
e na ordem com que tinham sido organizadas, assim como na dos muitos fungos que
as cobriam e nas árvores agonizantes que existiam em volta, mas, acima de tudo,
na longa e imperturbável duração desse arranjo e na sua duplicação nas águas
paradas do fosso. A prova (a prova dessa sensibilidade) podia ser encontrada,
dizia ele (e me assustei ao ouvir tal coisa), na lenta, mas inegável
condensação de uma atmosfera que lhes era própria em torno das águas e das
paredes. O resultado podia ser percebido, acrescentou ele, na influência
silenciosa, mas perturbadora e terrível, que vinha moldando havia séculos o
destino de sua família e que fizera dele, como eu podia ver agora, aquilo que
ele era. Essas opiniões dispensam comentário e não farei nenhum.
Nossos
livros? os livros que durante anos constituíram grande parte da existência
mental do doente? estavam, como se pode supor, em harmonia absoluta com esse
caráter fantasmagórico. Lemos juntos, atentamente, obras como Vert Vert e a
epístola La Chartreuse, de Gresset; Belphegor, de Maquiavel; Céu e inferno, de
Swendenborg; Viagem subterrânea de Nils Klimm, de Holberg; Quiromancia, de
Robert Flud, de Jean D`Indaginé e de De la Chambre; Jornada às distâncias
azuis, de Tieck; e Cidade do sol, de Campanella. Um dos volumes preferidos era
uma pequena edição in-oitavo do Directorium Inquisitorum, do padre dominicano
Eymerico de Gerona; e havia passagens de Pomponius Mela (3), sobre os velhos
sátiros africanos e mitológicos, sobre os quais Usher era capaz de sonhar durante
horas. Seu maior prazer, no entanto, era a leitura de um raro e curioso livro
em gótico in-quarto, o manual de uma igreja esquecida, as Vigiliae Mortuorum
secundum Chorum Ecclesiae Maguntinae.
Eu
não podia deixar de pensar no estranho ritual descrito nesse livro e na sua
provável influência sobre o hipocondríaco quando, uma noite, depois de me
informar repentinamente que Lady Madeline havia morrido, ele disse que tinha
intenção de manter o corpo por quinze dias (antes do enterro definitivo) em uma
das muitas câmaras subterrâneas existentes no interior da mansão. A razão
profana para essa estranha atitude, no entanto, era tal que não me sentia à
vontade para discutir. Como irmão, tinha sido levado a essa resolução (assim me
contou ele) por causa da natureza incomum da doença da falecida, de certas
perguntas inconvenientes e ansiosas feitas pelos médicos e por causa da
localização distante e exposta do jazigo da família. Não posso negar que, ao
lembrar do rosto sinistro da pessoa que encontrei na escada no dia em que
cheguei àquela casa, não senti nenhum impulso para me opor a uma preocupação
que me parecia inofensiva e de forma alguma antinatural.
A
pedido de Usher, ajudei-o nos preparativos do sepultamento provisório. Depois
de colocar o corpo no caixão, nós dois, sozinhos, o levamos até o lugar de
descanso. A câmara em que o deixamos (e que estivera fechada por tanto tempo
que nossas tochas, quase apagadas pela atmosfera abafada, não nos permitiram
examinar) era pequena, úmida, sem nenhuma entrada para a luz e situada a grande
profundidade, exatamente debaixo da parte da mansão onde estava o meu quarto de
dormir. Aparentemente, tinha sido usada em remotos tempos feudais para as
piores finalidades de cárcere privado e, mais recentemente, como depósito de pólvora
ou de alguma outra substância altamente inflamável, pois parte do chão e todo o
interior da longa arcada que percorremos para chegar até ali estavam
cuidadosamente revestidos de cobre. A porta, de ferro maciço, tinha sido
igualmente protegida. Quando girava as dobradiças, seu imenso peso fazia um som
incrivelmente agudo e áspero.
Após
depositar nossa triste carga sobre cavaletes nesse horrendo lugar, abrimos
parcialmente a tampa do caixão, ainda não parafusada, e olhamos o rosto da
morta. A incrível semelhança entre irmão e irmã me chamou a atenção, e Usher,
adivinhando talvez meus pensamentos, explicou-me num murmúrio que ele e a
falecida eram gêmeos e que afinidades de natureza quase incompreensível sempre
existiram entre eles. Mas nossos olhares não se demoraram muito tempo sobre a
morta, pois era impossível fitá-la sem se perturbar. A enfermidade que assim
levara ao túmulo a jovem senhora tinha deixado, como é normal em todas as
doenças de natureza estritamente cataléptica, um arremedo de coloração no seio
e no rosto e uma sombra de sorriso nos lábios, que é tão terrível na morte.
Recolocamos e parafusamos a tampa do caixão e, fechando a porta de ferro,
voltamos abatidos para os cômodos pouco menos sinistros dos andares superiores
da mansão.
Então,
passados alguns dias de amarga tristeza, ocorreu uma nítida mudança nos
sintomas da perturbação mental de meu amigo. Seu modo de ser habitual
desapareceu. Suas ocupações diárias eram negligenciadas ou esquecidas. Ele
vagava a esmo de sala em sala, com passos apressados e irregulares. A palidez
de seu rosto assumiu, se isso é possível, um tom ainda mais cadavérico, mas a
luminosidade de seus olhos dissipou-se completamente. Não se ouvia mais o tom
áspero de sua voz, como às vezes sucedia antes, e um trêmulo balbucio, como se
estivesse tomado de horror extremo, passou a caracterizar o seu modo de falar.
Houve momentos, na verdade, em que pensei que sua mente sempre agitada estava
em luta com algum segredo opressivo, empenhando-se em reunir coragem para contá-lo.
Outras vezes era eu levado a atribuir tudo aquilo à inexplicável confusão da
loucura, pois o via fitar o vazio durante horas, numa atitude da mais profunda
atenção, como se estivesse ouvindo algum som imaginário. Não era de admirar que
seu estado me causasse terror e me contaminasse. Senti-me aos poucos,
inexoravelmente, invadido pela estranha influência de suas fantásticas, mas
impressionantes superstições.
Foi
especialmente ao me deitar, já tarde da noite, sete ou oito dias depois de
colocarmos o corpo de Lady Madeline na câmara, que percebi toda a força de tais
sentimentos. O sono não se aproximava de minha cama e as horas ecoavam-se
lentamente. Lutei para controlar o nervosismo que me dominava. Esforcei-me por
acreditar que muito, senão tudo o que estava sentindo, se devia à perturbadora
influência da soturna mobília do aposento, das tapeçarias escuras e
esfarrapadas que, movidas pelo sopro de uma tempestade que se formava,
oscilavam de modo irregular nas paredes e roçavam inquietas pelos adornos do leito.
Mas meus esforços foram inúteis. Um tremor incontrolável aos poucos tomou conta
de meu corpo e, afinal, instalou-se sobre meu próprio coração o íncubo de uma
comoção inteiramente infundada. Sacudindo essa sensação com um arquejo e um
sobressalto, ergui-me dos travesseiros e, sondando com o olhar a escuridão do
aposento, prestei atenção e ouvi? não sei por quê, talvez por um instinto que
me aguçou o espírito? ruídos baixos e indefinidos que nas pausas da tempestade,
a longos intervalos, vinham não sabia de onde. Dominado por forte sentimento de
horror, inexplicável e por isso mesmo impossível de suportar, vesti-me
rapidamente (pois senti que seria impossível dormir naquela noite) e tentei
livrar-me, caminhando de um lado para outro pelo aposento, do estado penoso em
que me achava.
Logo
depois de iniciar as idas e vindas, um leve ruído de passos numa escada próxima
me chamou a atenção. Logo reconheci que era Usher. No instante seguinte, ele
bateu de leve em minha porta e entrou, trazendo um lampião. Seu rosto estava,
como sempre cadavérico, mas além disso havia uma espécie de riso louco em seus
olhos, e, e, seu modo de proceder, uma histeria evidentemente contida. Seu
aspecto me aterrou, mas qualquer coisa era preferível à solidão por mim
suportada durante tanto tempo e acolhi sua presença com grande alívio.
–
E você não o viu? perguntou ele de repente, depois de olhar em volta por alguns
momentos, sem silêncio? Não o viu? Mas espere! Você vai ver.
Assim
dizendo? e enquanto protegia cuidadosamente o lampião? correu para uma das
janelas e a escancarou para a tempestade.
A
impetuosa fúria das rajadas de vento quase nos levantou do chão. Era na verdade
uma noite tempestuosa, mas ainda assim bela e espantosamente singular no seu
terror e perfeição. Aparentemente, um redemoinho juntara todas as suas forças
ao nosso redor pois ocorriam frequentes e violentas mudanças na direção do
vento, e a extrema densidade das nuvens (tão baixas que pareciam pesar sobre os
torrões da mansão) não nos impedia de observar a viva velocidade com que
deslizavam de todos os pontos, chocando-se umas contra as outras, sem
desaparecer ao longe. Digo que nem mesmo a sua extrema densidade nos
impossibilitava de perceber isto, embora não pudéssemos vislumbrar a lua ou as
estrelas, nem havia ali qualquer clarão de relâmpagos. Mas tanto a superfície
inferior das imensas massas de vapor agitando como todos os objetos terrenos
das proximidades brilhavam, por efeito de uma luz antinatural que provinha de
uma exalação gasosa ligeiramente luminosa e perfeitamente visível que envolvia
toda a mansão como uma mortalha.
–
Você não deve… não pode ficar olhando para isso!? eu disse, estremecendo, a
Usher, enquanto o afastava com leve violência da janela e o fazia sentar? Essas
manifestações que tanto perturbam vocês são meros fenômenos elétricos, nada
incomuns, ou talvez tenham origem nas exalações malcheirosas do fosso. Vamos
fechar esta janela. O ar está gelado e é perigoso para sua saúde. Eis aqui um
de seus romances favoritos. Vou ler para você, e assim passaremos juntos esta
noite terrível.
O
volume antigo que peguei era o Mad Trist (Assembleia dos loucos) de Sir
Launcelot Canning. Disse que era um dos favoritos de Usher mais como triste
gracejo do que a sério, pois, na verdade, sua prolixidade vulgar e estéril
muito pouco continha que pudesse interessar à idealidade elevada e espiritual
de meu amigo. Era, porém, o único livro à mão? e nutri a vaga esperança de que
a excitação que então agitava o hipocondríaco talvez encontrasse algum alívio
(pois a história das perturbações mentais está cheia de anomalias desse tipo),
até mesmo nos excessos de imaginação que eu ia ler. A julgar pelo ar de intensa
vivacidade como que ouvia, ou parecia ouvir a leitura, podia congratular-me
pelo êxito de minha tentativa.
E
Ethereld, que tinha por natureza coração audaz e agora se sentia muito forte,
graças ao vigor do vinho que havia bebido, não gastou mais tempo em discutir
com o eremita, que em verdade tinha caráter obstinado e malicioso. Sentindo a
chuva nos ombros e temendo que caísse a tempestade, levantou a maça e, com
vários golpes, logo abriu espaço nas tábuas da porta, para passar a mão com
luva de ferro; brandindo-a com firmeza, quebrou e lascou e despedaçou de tal
foram a madeira que o eco desse ruído seco e oco alarmou toda a floresta.
Ao
terminar esta frase, assustei-me e parei por um momento, pois em parecia
(embora logo concluísse que estava sendo iludido por minha excitada
imaginação), me parecia que, de algum ponto remoto da mansão, chegava
indistintamente a meus ouvidos algo que, por sua exata semelhança, podia ser o
eco (apesar de baixo e abafado) do ranger e estalar que Sir Launcelot descrevia
tão detalhadamente. Era, sem dúvida, apenas a coincidência que me chamava a
atenção, pois que, em meio do bater dos caixilhos das janelas e dos ruídos da
tempestade crescente, o som nada tinha, por certo, que pudesse me interessar ou
perturbar. E continuei com a história:
Mas
o bom paladino Ethelred, entrando agora pela porta, ficou dolorosamente
enraivecido e surpreendido por não encontrar nem sinal do malicioso eremita,
mas sim, em seu lugar, um dragão coberto de escamas, de aparência prodigiosa e
com língua de fogo, que guardava um palácio de ouro com chão de prata. E sobre
a muralha pendia um escudo de bronze reluzente onde estava escrita a legenda:
E
Ethelred levantou a maça e golpeou a cabeça do dragão, que caiu a seus pés,
exalando o pestilento suspiro com um guincho tão horrível, áspero e penetrante
que Ethelred teve de tapar os ouvidos com as mãos para suportar aquele terrível
som, como jamais tinha ouvido antes.
Aqui,
outra vez parei abruptamente, agora com a sensação de tremenda surpresa, pois
não podia haver qualquer dúvida de que, desta vez, ouvi realmente (embora fosse
impossível dizer de onde provinha) um grito ou rangido baixo, aparentemente
distante, mas áspero, prolongado, singularmente agudo e dissonante, a exata
reprodução daquilo que minha fantasia imaginava como o guincho do dragão
descrito pelo romancista.
Oprimido,
como eu naturalmente estava, diante dessa Segunda e tão extraordinária
coincidência, por mil sensações conflitantes, nas quais predominavam a
perplexidade e o extremo terror, consegui ainda manter suficiente presença de
espírito para não aguçar, com qualquer observação, a sensibilidade nervosa de
meu companheiro. Não tinha certeza de que ele houvesse percebido os ruídos em
questão, embora, sem dúvida, uma estranha alteração tenha ocorrido nos últimos
minutos em seu rosto. Sentado diante de mim, fez girar pouco a pouco a cadeira
até ficar de frente para a porta do aposento, de forma que eu só podia ver
parcialmente seu rosto, apesar de perceber que seus lábios tremiam, como se
estivesse murmurando baixinho. Pendeu a cabeça, mas eu sabia que não estava
adormecido, porque o olho que via de perfil se mantinha muito aberto e fixo. O
movimento de seu corpo também desmentia essa ideia, pois oscilava de um lado
para o outro com um balanço suave, embora constante e uniforme. Tendo notado
rapidamente tudo isso, voltei para a narrativa de Sir Launcelot, que continuava
assim:
E
agora o paladino, tendo escapado à terrível fúria do dragão e lembrando-se do
escudo de bronze e da quebra do encantamento que sobre ele pesava, afastou a
carcaça do caminho e valorosamente avançou pelo chão de prata do castelo na
direção da parede em que pendia o escudo, o qual, na verdade, não esperou que
ele chegasse até perto, caindo-lhe aos pés sobre o chão prateado, com horrendo
e retumbante estrondo.
Nem
bem essas palavras me passaram pelos lábios, ouvi distintamente como se um
pesado escudo de bronze de fato tivesse caído, naquele momento, sobre um chão
de prata? uma reverberação nítida, surda, metálica e poderosa, apesar de
aparentemente abafada. Inteiramente nervoso, fiquei em pé de um salto, mas o
movimento regular de balanço de Usher não se alterou. Corri para a cadeira
diante de si e todo o seu rosto apresentava rigidez de pedra. Mas, assim que
lhe toquei o ombro com a mão, forte estremecimento sacudiu todo o seu corpo, um
sorriso doentio brincou em seus lábios como se não tivesse consciência de minha
presença. Inclinando-me sobre ele, pude afinal compreender o sentido terrível
de suas palavras.
–
Não ouve, agora?… Sim, estou ouvindo e já ouvi antes. Há muitos, muitos,
muitos, muitos minutos, muitas horas, muitos dias, venho ouvindo… e, no entanto,
não tive a coragem…
Oh,
pobre de mim, miserável infeliz!… não tive coragem… não tive coragem de falar!
Nós a enterramos viva! Eu não disse que meus sentidos eram aguçados? Agora lhe
digo que ouvi os primeiros movimentos dela no caixão. Ouvi-os… há muitos,
muitos dias… mas não tive coragem… não tive coragem de falar! E agora… esta
noite… Ethelred… ha! há!… o rompimento da porta do eremita e o grito de morte
do dragão e clangor do escudo!… Seria melhor dizer o destroçar do caixão e o
ranger das dobradiças de ferro de sua prisão e sua luta lá dentro das arcadas
de cobre da cripta! Oh, para onde é que vou fugir? Pois ela não vai chegar
agora mesmo? Não está vindo apressadamente para censurar minha sofreguidão? Não
são seus passos que ouço na escada? Não é a batida pesada e horrível de seu
coração que estou ouvindo? Louco!? e aqui levantou-se, de um salto, furioso, e
berrou cada sílaba, como se estivesse entregando a própria alma nesse esforço?
Louco! Digo-lhe que ela está agora, atrás da porta!
Como
se a energia sobre-humana de suas palavras produzisse a força de um
encantamento, a imensa e antiga porta para a qual apontava foi abrindo
lentamente, nesse instante, suas mandíbulas negras e pesadas. Havia sido obra
do vento furioso? mas além da porta estava de fato a figura alta e amortalhada
de Lady Madeline de Usher. Havia sangue em suas vestes brancas e sinais de
violenta luta por todo o seu corpo emagrecido. Por um momento ela permaneceu
trêmula e vacilante no umbral. Depois, com um gemido baixo e queixoso, caiu
pesadamente sobre o irmão, e em sua violenta e agora final agonia. Arrastou-o
consigo para o chão, já morto, vítima dos terrores que tinha previsto.
Fugi
aterrorizado daquele quarto e daquela mansão. A tempestade ainda soprava com
toda a fúria lá fora, quando atravessei o carreiro. De repente fulgurou sobre o
caminho uma luz fantástica, e me virei para ver de onde podia provir
luminosidade tão estranha, pois atrás de mim só havia a vasta casa e suas
sombras. A irradiação vinha da lua cheia e cor de sangue, já baixa no
horizonte, e brilhava agora vivamente através daquela fenda antes quase
invisível, à qual já me referi, que descia em ziguezague do teto até a base do
edifício. Enquanto eu a olhava, a fenda foi se alargando rapidamente… soprou
uma feroz rajada de vento… O círculo inteiro do satélite tornou-se visível aos
meus olhos… Meu cérebro vacilou quando vi aquelas sólidas paredes desmoronarem…
ouviu-se um longo e desordenado estrondo, como o retumbar de mil cataratas… e o
fosso fétido e profundo, a meus pés, fechou-se, tétrica e silenciosamente,
sobre os restos da Casa de Usher.
Edgar Allan Poe
(2) Watson,
Dr. Percival, Spallanzani e especialmente o Bispo de Llandaff. Ver Chemical
essays, v.V. Richard Watson (1737 - 1816), químico inglês e bispo de Llandaff.
James Gates Percival (1795? 1856), erudito norte-americano. Lazzaro Spallanzani
(1729 - 1799), naturalista Italiano.
(3) Jean
Baptiste Louis Gresset (1709 - 1777), poeta e dramaturgo francês; Niccolò
Maquiavel (1469 - 1527), político e escritor italiano; Emanuel Swedenborg (1688 - 1772), cientista e filósofo sueco; Ludvig Holberg (1684 - 1754), escritor
dinamarquês; Robert Flud (1574 - 1637), médico inglês; Jean D`Indaginé é a
grafia francesa para Joannes Indagine, pseudônimo de Johann von Hagen (séc
XVI), escritor alemão; Marin Cureau De la Chambre (1596 - 1669) médico francês;
Ludwig Tieck (1773 - 1853), escritor alemão; Tommanso Campanella (1568 - 1639),
filósofo italiano; Nicolás Eymerico (1320 - 1399), teólogo espanhol; Pomponius
Mela (séc. I d.C.), geógrafo Latino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário