Londres, 1890. Entre médicos e monstros, assassinatos e mistérios, uma história sobre imortalidade, beleza e criminalidade é criada por uma das mentes mais indomáveis da história da literatura.
O Retrato de Dorian Gray, a história da pintura maldita que se degrada com a passagem das décadas, deixando o seu modelo intocado pelo tempo, único romance de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray combina o apuro literário e estético de seu autor com uma trama sombria, pontuada por paixões, crimes e a brilhante e sarcástica verve wildeana.
Publicado em 1890 na revista norte-americana Lippincott’s, o romance foi relançado em livro um ano depois em uma edição que censurou diversos trechos da obra. Dorian Gray primeiramente ofendeu uma geração vitoriana que encontrou na relação entre os amigos Dorian, o jovem retratado, Basil, o pintor apaixonado, e Henry, o lorde cínico, “o amor que não ousava dizer o seu nome”. Depois, fascinou leitores, críticos e artistas, que viram no enredo que remete ao mito de Fausto o Evangelho de um decadentismo que acredita em uma vida de arte, prazer e fascínio sensorial.
Tudo isso em meio a um fim de século no qual a convenção e a moralidade corroíam qualquer prazer que a existência humana poderia desfrutar.
A edição traz ainda o dossiê “Retratos de Oscar Wilde”, com registros fotográficos do autor, as duras resenhas que o romance recebeu, o apimentado debate entre os críticos e o próprio Wilde e um texto de Gasparelli sobre os julgamentos que levaram Wilde à prisão em 1895.
A edição inclui ainda seu ensaio “Caneta, Tinta e Veneno” e uma seleção de poemas compilada e traduzida por Tavares, além das ilustrações originais do pintor e impressor Henry Keen, produzidas em 1925 para a edição norte-americana deste clássico.
O Retrato de Dorian Gray é um romance sobre a destruição da vida através da perfeição da arte, dos preços que pagamos pelos crimes deixados em segredo, das paixões nominadas e inomináveis que transformam quem somos naquilo que deveríamos ser, não pelos outros e sim por nós mesmos.
Com seu romance, Oscar Wilde pede que reinventemos a nós mesmos pela arte, a beleza e a paixão, justamente o que a sociedade e a moralidade desaconselham. Assim como Dorian, você também colocaria a arte, o prazer e o desejo acima de todas as coisas?
Detalhes do produto Editora : Darkside; 1ª edição (15 outubro 2021) Idioma : Português Capa dura : 320 páginas
Sobre o Autor:
Oscar Wilde nasceu em 1854, formou-se na Trinity College de Dublin, sua cidade natal, depois na Universidade de Oxford, onde começou a se sobressair tanto pela personalidade marcante quanto pelo talento. Em 1878, mudou-se para Londres, onde solidificou a carreira de escritor e conferencista, publicando a primeira coletânea de poemas em 1881.
Em 1883, casou-se com Constance Lloyd. Publicou nos anos seguintes uma série de textos curtos, assumiu a edição da revista feminina The Woman’s World, além de passar a manter relações homoafetivas. Em 1890, a pedido do editor da revista literária Lippincott’s, publicou a primeira versão de O Retrato de Dorian Gray, romance que lhe renderia fama, resenhas acusatórias e o relacionamento com Alfred Douglas, jovem que seria seu principal amante. Estreou com grande sucesso as peças O Leque de Lady Windermere (1892), Uma Mulher sem Importância (1893), A Importância de ser Prudente (1894) e Um Marido Ideal (1895), produziu o poema longo A Esfinge (1894), ilustrado por Charles Ricketts e a peça composta em francês Salomé (1893), com escandalosas ilustrações de Aubrey Beardsley.
Essas obras e sua persona privada renderam a Wilde a fama de homossexual ― o que era crime na Inglaterra ― como também a de defensor do decadentismo, movimento estético criticado pelos ingleses como dissoluto, imoral e degradante. Fofocas, preconceitos e desafetos levaram Wilde ao banco dos réus em 1895, após processar o pai de Douglas por difamação. Alfred, ao invés de evitar o conflito, o fomenta, resultando na condenação de Wilde a dois anos de trabalhos forçados na Prisão de Reading. Lá, Wilde escreveu uma longa carta a Douglas, posteriormente publicada sob o título De Profundis, um tratado estético no qual avalia sua derrocada e narra sua relação com o amante. Wilde deixa a prisão em 1897 e se reconcilia com Douglas, o que levou ao divórcio de Constance e ao desprezo de amigos. Nesse período, produziu sua última obra de relevo, “A Balada da Prisão de Reading”, se mudou para Paris, onde viveu em condições deploráveis, com o auxílio de amigos e apoiadores. Em 1900, Wilde faleceu em decorrência da meningite e foi enterrado numa vala comum no cemitério de Bagneux.
Cinquenta anos depois, seus ossos foram transferidos para o cemitério parisiense Père-Lachaise, onde o profeta e mártir do esteticismo descansa ao lado de célebres artistas, um reconhecimento que infelizmente não marcou seus últimos anos de vida.