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1 de fevereiro de 2024

𝕯𝖎𝖈𝖆 𝖉𝖊 𝕷𝖊𝖎𝖙𝖚𝖗𝖆: 𝕺 𝖖𝖚𝖊 𝖊́ 𝖔 𝖈𝖎𝖓𝖊𝖒𝖆?

Clássico dos clássicos entre os escritos sobre cinema, este livro é uma aula sobre a sétima arte e suas relações com fotografia, teatro e literatura, e, sobretudo, uma escola definitiva sobre o fazer crítico. A variedade de temas caros à história do cinema neste volume indica a versatilidade e a generosidade de André Bazin. 

Com um estilo claro e acessível, ele transita das escolas italiana e soviética ao universo do western e das pin-ups, o que fez com que, merecidamente, tenha se transformado num dos maiores críticos modernos. 

Considerado um dos maiores críticos do pós-guerra, Bazin produziu a maior parte dos textos reunidos aqui no contexto dos cineclubes parisienses, entre 1945 e 1958. Fundador da revista francesa Cahiers du Cinéma, o crítico esteve na linha de frente da produção cinematográfica do período, convivendo com cineastas como os jovens Jean-Luc Godard, Eric Rohmer e François Truffaut, seu filho adotivo. Mais tarde, os cineastas dessa geração tomariam Bazin como mentor da nouvelle vague. 

A presente edição reune 36 textos de André Bazin, bem como uma apresentação e um apêndice assinado pelo crítico e professor de cinema Ismail Xavier, que dá conta da influência bazaniana na teoria e crítica de cinema em nosso país, em especial, personificada na figura de Paulo Emílio Sales Gomes.
Editora: ‎ Ubu Editora
Edição: 1ª edição - 1 fevereiro 2018
Idioma: Português 
Capa comum: ‎448 páginas
Disponível:AMAZON

Sobre o Autor:
Bazin nasceu em Angers na França. Era de formação católica, com vagas tendências existencialistas e de esquerda. Sua tartamudez o impediu de ser professor. O que ele foi, de outra forma, através de comentários informais em cineclubes parisienses e sendo, de fato, o editor-chefe dos Cahiers du Cinéma durante quase uma década. 

Comenta-se que a melhor parte de sua crítica se perdeu, pois se deu nesse ambiente de discussões e comentários no contexto da projeção de filmes. Também, regularmente, deu palestras para os estudantes do Institut des hautes études cinématographiques (IDHEC), o Instituto de Estudos Superiores de Cinematografia, com sede em Paris. Morreu de leucemia. Tinha apenas 40 anos. Comenta-se que apreciava a companhia de animais, especialmente gatos. Foi o mentor da Nouvelle Vague francesa, sendo amigo pessoal de cineastas como Éric Rohmer e François Truffaut - de quem foi como um pai adotivo.

Bazin principiou a escrever sobre cinema em 1943 e foi co-fundador dos Cahiers du Cinéma em 1951, na companhia de Jacques Doniol-Valcroze e Lo Luca. Bazin foi uma força motriz nos estudos e crítica de cinema de após a Segunda Guerra Mundial. Além de editar os Cahiers até o fim da vida, uma coletânea de quatro volumes de seus textos foi publicada postumamente entre 1958 e 1962 sob o título de Qu'est-ce que le cinéma? (O que é o cinema?). 

Em tradução de Eloisa de Araújo Ribeiro e prefácio do crítico Ismail Xavier, alguns desses artigos e ensaios foram publicados no Brasil, em um só volume, pela Editora Brasiliense, sob o título de O Cinema - Ensaios. Bazin defendia filmes que versavam sobre o que ele chamava de "realidade objetiva" (tais como documentários e as produções do neo-realismo italiano) assim como diretores que se "auto-invisibilizavam" (a exemplo de Howard Hawks). 

Ele propunha o uso da profundidade de campo (Orson Welles), planos gerais (Jean Renoir) e o plano-sequência, além de dar preferência ao que ele denominava "verdadeira continuidade" diante de experimentos de montagem e efeitos visuais. Isto o pôs em contraposição às teorias do cinema dos anos 20 e 30 que enfatizavam o modo como o cinema podia manipular a realidade. 

A ênfase na realidade objetiva, profundidade de campo e ausência de montagem estão vinculadas à convicção de Bazin de que a interpretação de um filme ou cena deve ser deixada ao espectador. Sobre essa teoria da objetividade fotográfica em Bazin, nos diz Éric Rohmer: "o que importa a Bazin não é, portanto, a semelhança entre o cinema e a pintura, mas as suas diferenças. 

Como a fotografia o cinema é também filho da mecânica: 'pela primeira vez entre o objeto inicial e sua representação não se interpõe mais que um outro objeto. Pela primeira vez a imagem do mundo exterior se forma autonomamente, sem intervenção humana'". Bazin acreditava que um filme devia representar a visão pessoal de um cineasta, baseando-se para isso numa tendência espiritual chamada "personalismo". 

Essas ideias tiveram uma importância capital para o desenvolvimento da "teoria do autor", cujo manifesto foi o artigo de François Truffaut "Uma certa tendência do cinema francês" ("Une certaine tendence du cinéma français"), publicado nos Cahiers. Bazin é também conhecido como proponente de uma "crítica apreciativa", em que só os críticos que gostaram de um filme poderiam escrever a respeito dele, encorajando assim uma perspectiva construtiva.

28 de agosto de 2022

𝕰𝖉𝖌𝖆𝖗 𝕬𝖑𝖑𝖆𝖓 𝕻𝖔𝖊 𝖓𝖔 𝕮𝖎𝖓𝖊𝖒𝖆

Adaptações e inspirações no cinema sobre as histórias de Edgar Allan Poe...
Um dos nomes mais prestigiados da literatura de horror, Edgar Allan Poe é um mestre que merece ser reverenciado, devido ao prestígio que sua obra tem atualmente. Com contos espetaculares e uma carreira poética que não deve em nada à sua prosa, ele foi um dos responsáveis por fincar o Horror Gótico em nossas mentes.
Seja com fantasmas, assassinatos perfeitos e corvos espectrais, o autor merece ser celebrado, e para você que quer conhecê-lo um pouco mais antes de ler suas histórias, aqui vão algumas recomendações de filmes para mergulhar de vez na mente assustadora de um mestre fantasmagórico!
O Horror Gótico, ou a Literatura Gótica, de forma geral, é um subgênero literário que abarca alguns temas recorrentes, especialmente a Morte. Nos filmes, podemos ver (geralmente) uma ambientação de época e um romance atrelado às causas macabras. Para muitos, o gênero é uma "expansão" da Literatura Romântica. Para esta lista, estamos pegando filmes que se aproximam um pouco mais da temática do que era escrito por Edgar Allan Poe. O Horror Gótico é muito vasto, mas em vez de focarmos em vampiros e demônios, estamos dando mais espaço para assombrações, fantasmas e assassinatos. Vale notar que os seis primeiros filmes da lista são adaptações diretas dos contos de Poe.

A Orgia da Morte (The Masque of the Red Death, 1964) 
Começo esta lista já de prontidão, citando meu filme favorito inspirado na obra do mestre Poe. Trata-se de um clássico do Cinema B de Roger Corman, um produtor que ficou famoso por sua carreira dedicada a filmes de horror com baixo orçamento. Neste caso, A Orgia da Morte é mais um dos filmes a contar com a ilustre e sombria presença de Vincent Price. O filme tenta seguir à risca a história do conto A Máscara da Morte Rubra, onde um nobre lascivo sedia um baile, enquanto o mundo fora de seu palácio é vitimado por uma praga inexorável. Enquanto o relógio se aproxima das doze badaladas, um convidado soturno chega ao baile... trazendo consigo a Escuridão e a Decadência.

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O Poço e o Pêndulo (Pit and the Pendulum, 1961)

Ainda na listagem dos filmes associados à produção de Roger Corman, outro que precisa ser levado em consideração é O Poço e o Pêndulo, também baseado em uma das obras mais marcantes do autor norte-americano. Aqui, vemos um homem descendo à espiral da loucura enquanto sua própria morte se aproxima implacável.
Contudo, o filme toma uma série de liberdades criativas em torno do material original, e pode-se dizer que é um "filme independente", apesar de carregar o título do conto em que é "baseado". Entre o elenco de atores, temos novamente Vincent Price em destaque, além de Barbara Steele, em um papel original - mas que condiz com as donzelas mórbidas de Poe.

Extraordinary Tales (2013) 
Migrando rapidamente do live-action para a animação, vale citar um filme antológico muito interessante, lançado em 2015. Sem título oficial no Brasil. Extraordinary Tales - algo como "Contos Extraordinários" - usa diferentes estilos de animação para adaptar cinco entre os contos e poesias mais famosos do autor. Temos aqui A Queda da Casa de Usher, A Máscara da Morte Rubra, O Coração Delator, O Poço e o Pêndulo e O Estranho Caso do Sr. Waldemar. É importante citar que cada conto é narrado por um ator ou cineasta familiarizado com a obra de Poe: Roger Corman, Christopher Lee e Guillermo Del Toro, entre outros.
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A Queda da Casa de Usher (La Chute de la Maison Usher, 1928)
Vamos voltar um pouco aos primeiríssimos clássicos do cinema para resgatar um filme francês do prestigiado cineasta Jean Epstein. Roteirizado por Luis Buñuel, um dos percussores do surrealismo, o filme mudo adapta bem fielmente o popular conto de Poe, sobre um homem - aqui, ironicamente chamado Allan - que precisa se mudar para a Casa de Usher.

Em sua nova morada, ele passa a cuidar de um velho amigo, que mora recluso com sua irmã. O conto homônimo no qual o filme se baseia é uma excelente porta de entrada para o universo soturno do Horror Gótico. Temos a presença de uma donzela entregue aos braços da Morte, um clima familiar taciturno e uma assombração presente.

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O Gato Preto (The Black Cat, 1934)
Na década de 30, tivemos o surgimento popular do cinema de horror através de produções que se popularizariam muitos anos depois. Foi nessa época, por exemplo, que surgiram os Monstros da Universal. E, foi assim que dois nomes se popularizaram no mercado fílmico: Bela Lugosi e Boris Karloff, os eternos Drácula e Frankenstein do cinema.

Aqui, os dois astros (considerados "rivais" na época) foram reunidos em um filme que é considerado um dos mais importantes para o gênero do horror. Apesar do título, o longa não adapta fielmente o conto de Poe, mas adiciona elementos interessantes no meio, que incluem a presença de um culto satanista, por exemplo.

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O Corvo (The Raven, 1935)
Ainda protagonizado pela dupla Karloff e Lugosi, temos aqui o que aparenta ser uma adaptação da obra mais famosa de Edgar Allan Poe: o poema O Corvo. Contudo, o que temos aqui é uma história que não adapta exclusivamente o conto, mas se inspira em toda a obra literária do autor, assim como aspectos de sua própria - e misteriosa - vida pessoal.

Extremamente controverso na época de seu lançamento, devido aos temas sombrios e ao uso sem precedentes de violência e horror gráfico, o filme ainda assim consegue passar toda a atmosfera etérea do autor, trazendo a tona elementos que tornaram sua obra tão popular após sua morte. Para muitos, assim como o próprio Poe, o filme surgiu muito à frente de seu tempo.

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O Corvo (The Crow, 1994)
Antes de qualquer coisa, preciso já deixar algo bem claro: Este filme NÃO é uma adaptação do conto de Edgar Allan Poe. Na verdade, ele sequer tem alguma ligação direta com a obra do autor, exceto pelo animal sombrio que protagoniza seu título. Em vez disso, temos aqui uma obra baseada no aclamado quadrinho de James O'Barr.

Ainda assim, há elementos aqui que remetem à obra do autor, e que servem para mostrar um pouco de sua influência na cultura pop, até mesmo em meio aos super-heróis. O filme - que vocês já devem conhecer por seus bastidores trágicos - conta a história de um homem que volta à vida para se vingar do brutal crime que vitimou a ele e sua amante.

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A Colina Escarlate (Crimson Peak, 2015)
Guillermo Del Toro sempre foi um profundo admirador da obra de Edgar Allan Poe, usando muitos dos elementos da literatura do autor para compor suas histórias de fantasma. E, ainda assim, nenhum consegue fazer uma ponte tão direta quanto A Colina Escarlate, ainda que o filme não tenha sido tão bem-recebido pelos críticos e fãs.

O longa é um romance gótico focado em Edith, uma escritora que se muda para um casarão isolado para viver com seu marido, um barão misterioso. O filme tem elementos fantasmagóricos impressionantes, e capricha na construção dessas assombrações. Além disso, em seu elenco, reluzem nomes como Tom Hiddleson e Jessica Chastain.

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Os Outros (The Others, 2001)
Por falar em histórias de fantasmas, não podemos deixar de citar Os Outros, um dos filmes de horror mais surpreendentes da década passada. Aqui, temos o que parece ser a típica história clichê, de uma família vivendo em uma casa aparentemente assombrada por fantasmas e espíritos do além.

Contudo, há muito mais a ser descoberto e desenvolvido aqui. O filme trabalha com muitos aspectos do Horror Gótico, desde o romance transcendental à noção de que fantasmas são mais próximos de nós do que esperamos. O grande destaque aqui fica por conta de Nicole Kidman, que dá uma das melhores atuações de sua carreira.

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Os Inocentes (The Innocents, 1961): 
Finalizando, volto a faltar de outro dos meus filmes favoritos. Desta vez, trata-se de Os Inocentes, a adaptação cinematográfica de A Outra Volta do Parafuso, escrito por Henry James. O livro, apesar de não ter tantas referências a Edgar Allan Poe, é uma obra consciente do gênero literário que se propõe a explorar: o Horror Gótico. O filme, por sua vez, complementa as sensações do livro, e consegue entregar uma experiência ainda mais completa. Aqui, acompanhamos uma dama - interpretada por Deborah Kerr - que se torna governanta de uma mansão, e nutre uma relação amigável com as crianças que habitam nela... mas que acaba se tornando sinistra.
Créditos: Legião dos Herois