Clássico dos clássicos entre os escritos sobre cinema, este livro é uma aula sobre a sétima arte e suas relações com fotografia, teatro e literatura, e, sobretudo, uma escola definitiva sobre o fazer crítico. A variedade de temas caros à história do cinema neste volume indica a versatilidade e a generosidade de André Bazin.
Com um estilo claro e acessível, ele transita das escolas italiana e soviética ao universo do western e das pin-ups, o que fez com que, merecidamente, tenha se transformado num dos maiores críticos modernos.
Considerado um dos maiores críticos do pós-guerra, Bazin produziu a maior parte dos textos reunidos aqui no contexto dos cineclubes parisienses, entre 1945 e 1958. Fundador da revista francesa Cahiers du Cinéma, o crítico esteve na linha de frente da produção cinematográfica do período, convivendo com cineastas como os jovens Jean-Luc Godard, Eric Rohmer e François Truffaut, seu filho adotivo. Mais tarde, os cineastas dessa geração tomariam Bazin como mentor da nouvelle vague.
A presente edição reune 36 textos de André Bazin, bem como uma apresentação e um apêndice assinado pelo crítico e professor de cinema Ismail Xavier, que dá conta da influência bazaniana na teoria e crítica de cinema em nosso país, em especial, personificada na figura de Paulo Emílio Sales Gomes.
Editora: Ubu Editora
Edição: 1ª edição - 1 fevereiro 2018
Idioma: Português
Capa comum: 448 páginas
Sobre o Autor:
Bazin nasceu em Angers na França. Era de formação católica, com vagas tendências existencialistas e de esquerda. Sua tartamudez o impediu de ser professor. O que ele foi, de outra forma, através de comentários informais em cineclubes parisienses e sendo, de fato, o editor-chefe dos Cahiers du Cinéma durante quase uma década.
Comenta-se que a melhor parte de sua crítica se perdeu, pois se deu nesse ambiente de discussões e comentários no contexto da projeção de filmes. Também, regularmente, deu palestras para os estudantes do Institut des hautes études cinématographiques (IDHEC), o Instituto de Estudos Superiores de Cinematografia, com sede em Paris. Morreu de leucemia. Tinha apenas 40 anos. Comenta-se que apreciava a companhia de animais, especialmente gatos. Foi o mentor da Nouvelle Vague francesa, sendo amigo pessoal de cineastas como Éric Rohmer e François Truffaut - de quem foi como um pai adotivo.
Bazin principiou a escrever sobre cinema em 1943 e foi co-fundador dos Cahiers du Cinéma em 1951, na companhia de Jacques Doniol-Valcroze e Lo Luca. Bazin foi uma força motriz nos estudos e crítica de cinema de após a Segunda Guerra Mundial. Além de editar os Cahiers até o fim da vida, uma coletânea de quatro volumes de seus textos foi publicada postumamente entre 1958 e 1962 sob o título de Qu'est-ce que le cinéma? (O que é o cinema?).
Em tradução de Eloisa de Araújo Ribeiro e prefácio do crítico Ismail Xavier, alguns desses artigos e ensaios foram publicados no Brasil, em um só volume, pela Editora Brasiliense, sob o título de O Cinema - Ensaios. Bazin defendia filmes que versavam sobre o que ele chamava de "realidade objetiva" (tais como documentários e as produções do neo-realismo italiano) assim como diretores que se "auto-invisibilizavam" (a exemplo de Howard Hawks).
Ele propunha o uso da profundidade de campo (Orson Welles), planos gerais (Jean Renoir) e o plano-sequência, além de dar preferência ao que ele denominava "verdadeira continuidade" diante de experimentos de montagem e efeitos visuais. Isto o pôs em contraposição às teorias do cinema dos anos 20 e 30 que enfatizavam o modo como o cinema podia manipular a realidade.
A ênfase na realidade objetiva, profundidade de campo e ausência de montagem estão vinculadas à convicção de Bazin de que a interpretação de um filme ou cena deve ser deixada ao espectador. Sobre essa teoria da objetividade fotográfica em Bazin, nos diz Éric Rohmer: "o que importa a Bazin não é, portanto, a semelhança entre o cinema e a pintura, mas as suas diferenças.
Como a fotografia o cinema é também filho da mecânica: 'pela primeira vez entre o objeto inicial e sua representação não se interpõe mais que um outro objeto. Pela primeira vez a imagem do mundo exterior se forma autonomamente, sem intervenção humana'". Bazin acreditava que um filme devia representar a visão pessoal de um cineasta, baseando-se para isso numa tendência espiritual chamada "personalismo".
Essas ideias tiveram uma importância capital para o desenvolvimento da "teoria do autor", cujo manifesto foi o artigo de François Truffaut "Uma certa tendência do cinema francês" ("Une certaine tendence du cinéma français"), publicado nos Cahiers. Bazin é também conhecido como proponente de uma "crítica apreciativa", em que só os críticos que gostaram de um filme poderiam escrever a respeito dele, encorajando assim uma perspectiva construtiva.