9 de marรงo de 2018

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ร‰ um tipo de pintura decorativa aplicada ร sletras capitulares dos cรณdices de pergaminho medievais. O termo se aplica igualmente ao conjunto de elementos decorativos e representaรงรตes imagรฉticas executadas nos manuscritos produzidos principalmente nos conventos e abadias da Idade Mรฉdia. A sua elaboraรงรฃo era um ofรญcio refinado e bastante importante no contexto da arte do Medievo.
A palavra 'iluminura' รฉ frequentemente associada a miniatura, termo italiano derivado do latino miniare, que significa pintar com mรญnio, um pigmento de cor vermelha (podendo corresponder ao cinรกbrio, isto รฉ, ao sulfeto natural de mercรบrio, ou, segundo outras fontes, ao รณxido de chumbo. Uma miniatura designa, em sentido amplo, a representaรงรฃo de uma cena ou de um personagem em um espaรงo independente da letra inicial (capitular) do manuscrito. 
O termo sofreu influรชncia semรขntica da noรงรฃo de 'pequena dimensรฃo', expressa em latim por minor, รณris, minus ("menor") e minรฌmum,i ("pequena quantidade"). A arte dos povos bรกrbaros, que conquistaram o Ocidente e se converteram ao cristianismo, era portรกtil, baseada em objetos pequenos. Assim, segundo Houaiss, o termo se difundiu atravรฉs do francรชs e do inglรชs, no sรฉculo XVI, com predominรขncia do significado "representaรงรฃo em pequenas dimensรตes".
No sรฉculo XIII, "iluminura" referia-se sobretudo ao uso de douraรงรฃo. Portanto, um manuscrito iluminado seria, no sentido estrito, aquele decorado com ouro (ou prata). Supรตe-se que o termo 'iluminura' seja derivado de 'iluminar' (do verbo latino illuminare), por alusรฃo ร s cores luminosas e vibrantes dos elementos decorativos, que se destacavam na pรกgina escrita. ร‰ possรญvel tambรฉm que a palavra derive de alume, especificamente em alusรฃo ao alume de potรกssio (sulfato duplo de alumรญnio e potรกssio dodecaidratado, chamado de "lume" no Medievo), que era misturado a corantes vegetais, obtendo-se, assim a laca aluminada, frequentemente usada nas iluminuras.

4 de marรงo de 2018

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"- Tinha desejado durante toda a minha vida que admirรกsseis minha resistรชncia ร  fome - disse o jejuador.
- E a admiramos - retrucou-lhe o inspetor.
- Mas nรฃo devรญeis admirรก-la - disse o jejuador.
- Bem, pois entรฃo nรฃo a admiraremos - retrucou o inspetor -; mas por que nรฃo devemos admirar-te?
- Porque sou forรงado a jejuar, nรฃo posso evitรก-lo - disse o jejuador.
- Isso jรก se vรช - disse o inspetor - , mas por que nรฃo podes evitรก-lo?
- Porque - disse o artista da fome levantando um pouco a cabeรงa e falando na prรณpria orelha do inspetor para que suas palavras nรฃo se perdessem, com lรกbios alargados como se fosse dar um beijo - , porque nรฃo pude encontrar comida que me agradasse.  Se eu o tivesse encontrado, pode acreditar, nรฃo teria feito nenhum alarde e me empanturrado como vocรช e todo mundo.

Estas foram suas รบltimas palavras, mas nos seus olhos embaciados persistia a convicรงรฃo firme, embora nรฃo mais orgulhosa, de que continuava jejuando.
— Limpem isso aqui! — disse o inspetor, e enterraram o artista da fome junto com a palha.
Mas na jaula puseram uma jovem pantera. Era um alรญvio sensรญvel atรฉ para o sentido mais embotado ver aquela fera dando voltas na jaula tanto tempo vazia. Nada lhe faltava. O alimento de que gostava, os vigilantes traziam sem pensar muito; nem da liberdade ela parecia sentir falta: aquele corpo nobre, provido atรฉ estourar de tudo o que era necessรกrio, dava a impressรฃo de carregar consigo a prรณpria liberdade; ela parecia estar escondida em algum lugar das suas mandรญbulas. E a alegria de viver brotava da sua garganta com tamanha intensidade que para os espectadores nรฃo era fรกcil suportรก-la. Mas eles se dominavam, apinhavam-se em torno da jaula e nรฃo queriam de modo algum sair dali.

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Canto para Minha Morte
 Raul Seixas e Paulo Coelho
Eu sei que determinada rua que eu jรก passei
Nรฃo tornarรก a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo hรก muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeรงo de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela รบltima vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu nรฃo sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virรก?
Serรก que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou serรก que ela vai me pegar no meio do copo de uรญsque?
Na mรบsica que eu deixei para compor amanhรฃ?
Serรก que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virรก antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,E que estรก em algum lugar me esperando
Embora eu ainda nรฃo a conheรงa?Vou te encontrar vestida de cetim,Pois em qualquer lugar esperas sรณ por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e nรฃo desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual serรก a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu nรฃo escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coraรงรฃo que se recusa a bater no prรณximo minuto,
A anestesia mal aplicada,A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor jรก envelhecida
O cรขncer jรก espalhado e ainda escondido, ou atรฉ, quem sabe,
Um escorregรฃo idiota, num dia de sol, a cabeรงa no meio-fio...
Oh morte, tu que รฉs tรฃo forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguรฉm que nรฃo gostava
E atรฉ no uรญsque que eu nรฃo terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas sรณ por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e nรฃo desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida.